Candidatos se rendem à política na disputa pelo governo de Minas – O Tempo

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Os discursos antipolítica e antissistema que foram forças motrizes de eleições anteriores de Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil (PSD) deixaram de dar as caras na eleição de 2022. Depois de provarem o sabor de ter uma máquina pública nas mãos para chamarem de suas – com Zema no governo de Minas e Kalil na Prefeitura de Belo Horizonte –, ambos chegam ao dia das eleições deste ano abraçados com o establishment político, ainda que em intensidades diferentes. Os mais de 16,2 milhões de eleitores de Minas vão às urnas com candidatos muito diferentes do que conheceram em eleições anteriores, mas expostos à mesma polarização que marca a eleição nacional, apesar da presença de outros oito candidatos na disputa para comandar a Cidade Administrativa pelos próximos quatro anos. 
O empresário desconhecido na maior parte do Estado em 2018 teve de se adequar à política para se equilibrar entre o discurso empresarial defendido pelo seu partido e a necessidade de formar coalizões para aprovar projetos. Diante disso, Zema trouxe para seu governo parte do PSDB, costurou apoios com Avante, Podemos, Solidariedade e outras legendas, mas ainda lhe faltou fôlego para aprovar projetos de interesse do governo na Assembleia Legislativa.
Amparado em decisões do Supremo Tribunal Federal de suspensão do pagamento da dívida com União, no acordo bilionário com a Vale e no recebimento de recursos federais durante o pico da pandemia, o governador do Novo pode criar seus grandes trunfos para disputa pela reeleição: voltar a pagar salários em dia aos mais de 600 mil servidores públicos, regularizar repasses atrasados a prefeitos e ainda ter recursos para propor obras como a do Rodoanel Metropolitano. 
Alexandre Kalil experimentou a roda-gigante da opinião pública ao ser reeleito para prefeitura da capital, em 2020, com mais de 63% dos votos, mas sofreu com CPIs na Câmara Municipal que fizeram sangrar sua imagem na pré-campanha.
Sem grandes apoios partidários, conhecido por um perfil de “poucos amigos” e diante de uma aprovação expressiva de Zema, Kalil foi obrigado a abraçar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a militância do PT, outrora repelida por ele dizendo que “jamais colocaria estrela do PT no peito”. 
Carlos Viana (PL), que conquistou uma cadeira no Senado na onda da vitória de Jair Bolsonaro de 2018, corre por fora depois de ser convocado, no apagar das luzes da janela partidária, para ser o palanque da reeleição do presidente em Minas. Ele mais buscou do que recebeu apoio de Bolsonaro ao longo da campanha e chega à reta final em busca de capitalizar algo da popularidade do integrante do PL. 
Qualquer que seja o eleito, ele terá como desafio principal encontrar um caminho para pagar dívidas de mais de R$ 156 bilhões de Minas com a União. Desde 2018, parcelas e juros desse débito não são pagos por uma liminar do Supremo. Ainda precisa apresentar uma solução para o aumento exponencial da dívida pública com aposentadorias de militares e demais servidores da folha de pagamento do Estado. 
O combate à fome também é urgente. São quase 3,5 milhões de pessoas abaixo da linha da extrema pobreza, segundo dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. Desde o início da série histórica do CadÚnico em 2012, nunca houve tanta gente na condição atual, uma alta de 30% em relação a 2019.
Com discussões sobre auxílio emergencial no plano nacional, o caminho pode estar aberto para que o tema ganhe força em Minas, um Estado síntese da desigualdade brasileira.
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