Moçambique: "Corrupção" e "nepotismo" travam acesso dos jovens ao emprego – DW África
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Jovens são quem mais sofre com a falta de emprego na província de Tete, centro de Moçambique. À DW, apontam a corrupção, o nepotismo e a exigência de anos de experiência como fortes entraves à entrada no mercado laboral.
Sílvio Campanje, formado na área de mineração há quatro anos, nunca teve um trabalho seguro. “Hoje em dia, para conseguires um bom emprego, tens de ter uma influência. Sem isso, as oportunidades escasseiam”, lamenta.
Outro jovem, Faduco Semente, tem um experiência semelhante. Formado em serralharia mecânica e gestão ambiental há uma década, Faduco só conseguiu trabalhar durante dois anos. Atualmente, está desempregado como milhares de outros jovens em Moçambique. Porquê? “Por causa da corrupção”, indica.
“Tu vais para lá, concorres com alguém de igual para igual, voltas para casa, tens qualidade e experiência, mas acabam por não te recrutar, porque não te conhecem.”
Segundo dados do Instituto Nacional de Emprego (INEP) em Tete, a província pretende criar cerca de 89 mil empregos até ao final de 2025, sendo que até ao momento já foram apresentadas 43 mil ofertas.
Apesar do aumento do número de jovens formados em Tete, escasseiam oportunidades de emprego à altura das suas qualificações
Este plano, porém, não consegue acompanhar o número crescente de jovens formados e de estabelecimentos de ensino, que tem aumentado em diversas áreas de estudo, com destaque para a formação técnico-profissional. O problema também afeta outras províncias.
Em setembro, na primeira feira de emprego de Tete, onde estiveram presentes 30 instituições públicas e privadas, foram expostas apenas 80 vagas de trabalho para os mais de 1.000 jovens que procuravam uma oportunidade no mercado laboral, o que deixa poucas alternativas para centenas de pessoas qualificadas.
A jovem Carlota Sopia ainda está em formação, mas já teme os problemas do mercado de trabalho. “Eles querem pessoas com experiência profissional e nós, sem experiência profissional, acabamos prejudicados”, comenta.
Segundo o ativista social Júlio Calengo, é preciso capacitar os jovens para que saibam transformar o seu conhecimento científico em negócios de sucesso.
“Os meus irmãos precisam de ser capacitados. Tudo isso passa necessariamente por uma capacitação em negócios e gestão, e por capacitação na identificação dos problemas e oportunidades”, sugere.
Falta de emprego entre os jovens é um problema transversal a várias províncias de Moçambique
Dados fornecidos pelo INEP, referentes ao primeiro semestre deste ano, indicam que os setores do comércio e mecânica são os que mais empregaram na província de Tete.
Paulo Matapa, representante da instituição nesta província, diz ser uma “preocupação” do Estado ocupar todos os jovens profissionalmente. O responsável reconhece as dificuldades, mas refere que há vários programas em curso para tentar mitigar o problema.
“A feira de emprego é uma das medidas… Temos alguns programas como o ‘Meu kit, meu emprego’, estágios pré-profissionais e alguns programas da secretaria de Estado da Juventude e Emprego como o ‘Mais emprega’. Temos ainda o Fundo de Apoio a Iniciativas Juvenis (FAIJ) e outros programas com a finalidade de dar oportunidades aos jovens”, conclui.
Na província de Inhambane, sul de Moçambique, os jovens dizem que lhes são exigidos o equivalente entre 100 e 500 euros para conseguirem um emprego. Agastados, exigem que o Governo intervenha para acabar com a extorsão.
Jovens provenientes de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, estão a ser formados em várias áreas do empreendedorismo. Após a formação, poderão regressar às suas zonas de origem com kits de negócios.
Sejam agentes públicos ou privados, a regra parece clara na província de Inhambane: Quem quer um emprego tem de pagar. Num mercado de trabalho restrito, a extorsão em troca de vagas gera situações dramáticas.
Os cabeças de lista dos três principais partidos políticos moçambicanos ao cargo de governador provincial prometem satisfazer os pedidos dos jovens, mas antes pedem os seus votos.
O Brasil elege este domingo (02.10) o seu próximo Presidente, numa das eleições mais polarizadas da sua história. Africanos no país pedem um Governo que olhe para o continente e dê mais representatividade aos migrantes.
Jovens de Inhambane, no sul de Moçambique, sentem que não têm muitos motivos para celebrar o Dia Internacional da Juventude neste 12 de agosto. Por falta de emprego e perspetivas futuras aumenta o consumo de drogas.
Jovens angolanos estão preocupados com o alto índice de desemprego e temem que a vitória do MPLA nas eleições, anunciada pela CNE, não resolva a situação. O partido conseguirá resolver o problema, se não o fez até agora?
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