Eleições do primeiro turno confirmaram mudanças na vida política do País – University of São Paulo

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Álvaro Moisés diz que a disputa, nos últimos 30 anos concentrada sob o espectro do centro-direita e do centro-esquerda, passou agora a um confronto entre forças da direita e extrema-direita e uma esquerda ainda em recuperação dos seus últimos reveses

O professor e cientista político José Álvaro Moisés, em sua coluna desta semana, faz uma análise do primeiro turno das eleições do último domingo (2). De acordo com ele, as eleições deste ano confirmaram uma importante mudança na vida política do País. “A disputa, que por quase 30 anos colocou em confronto o centro-direita, representado pelo PSDB, com o centro-esquerda, representado pelo PT […], foi substituída por um confronto que agora contrapõe novas forças de direita e de extrema-direita, representadas pelo bolsonarismo e pelo chamado centrão, a uma esquerda não inteiramente recuperada dos reveses do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e da derrota de 2018, representada pelo retorno do ex-presidente Lula e do PT ao cenário político.” São essas, sublinha ele, as forças que estarão em disputa no segundo turno das eleições.
O colunista coloca alguns problemas a serem enfrentados para um aprimoramento na qualidade da democracia. Em primeiro lugar, a limitação e o controle da máquina administrativa pelo governo que disputa a reeleição. “Bolsonaro ultrapassou todos os limites previstos nas leis eleitorais ao fazer benesses aos eleitores.” Em segundo lugar, a disputa ficou marcada pela ausência quase completa da apresentação de planos de governo por ambos os candidatos. “Bolsonaro e Lula preferiram se concentrar na desconstrução do seu oponente ao invés de detalhar os seus planos para retomar o crescimento econômico, enfrentar as desigualdades sociais e preservar o meio ambiente.” Por último, faltou a defesa explícita da democracia e do enfrentamento de suas atuais crises. “Bolsonaro reiterou suas ameaças às instituições como o STF e Lula, embora tenha se apresentado como defensor do regime, não fez referência a como pretende tratar a crise de representação política, o esvaziamento dos partidos e as contraditórias relações do Executivo com o Legislativo, muito agravadas recentemente pela institucionalização do chamado orçamento secreto.”
Todas essas causas estarão em disputa no segundo turno das eleições deste ano e, na visão de Álvaro Moisés, os dois candidatos terão de se manifestar com mais clareza sobre elas.
Qualidade da Democracia
A coluna A Qualidade da Democracia, com o professor José Álvaro Moisés, vai ao ar toda terça-feria às 8h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.
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Por Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP, e Maria Arminda do Nascimento Arruda, vice-reitora da Universidade
Por Valéria de Marcos, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e outros autores*
Por Paulo Bedaque, pesquisador da Faculdade de Educação (FE) da USP, Ana Paula Ulian de Araújo, vice-diretora do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, e Osvaldo Novais de Oliveira Junior, diretor do IFSC da USP

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