PL de Bolsonaro projeta futuro como o maior partido de direita do país – Gazeta do Povo

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O Partido Liberal (PL), do presidente Jair Bolsonaro, comemora o resultado das eleições deste ano. Dirigentes e lideranças afirmam que a abertura das urnas no último domingo (2) consolidou a legenda como o maior e principal partido de direita no Brasil.
A sigla elegeu um governador, oito senadores e 99 deputados federais. E ainda vai para o segundo turno com chances de reeleger Bolsonaro e eleger quatro governadores. O resultado mostra um crescimento do PL em relação a 2018, quando ainda se chamava Partido da República (PR).
Há quatro anos, o partido elegeu um senador, Jorginho Mello (SC), 33 deputados federais, 50 deputados estaduais, e nenhum governador. O desempenho nas eleições deste ano também superou a melhor marca, registrada em 2010, quando elegeu 41 deputados federais.
O resultado do PL nas urnas é fruto da candidatura de Bolsonaro pelo partido, que estimulou aliados a se filiarem à sigla e concorrerem às eleições, admitem dirigentes que já eram do partido antes da chegada do presidente da República.
Antes mesmo do primeiro turno, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, se mostrou entusiasmado com o apoio dos eleitores a candidatos do partido e o engajamento que seus candidatos demonstraram junto à população. O desempenho em 2022 o deixou ainda mais animado a avançar seu projeto interno de crescimento.
Diferentemente da “onda” política que elegeu Bolsonaro, governadores, senadores e deputados federais em 2018 pelo extinto PSL, principalmente, Valdemar Costa Neto não quer o PL como uma legenda de “barriga de aluguel” para acomodar quadros políticos da direita conservadora. O grande objetivo é ter a sigla como vitrine partidária da direita no país.
O PL tem sinalizado sua disposição de liderar a direita política no país. A auditoria sobre a segurança do sistema de votação, apuração e totalização dos votos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por exemplo, é apontada por aliados próximos de Costa Neto como um gesto importante a uma parcela do eleitorado e da base política mais conservadora.
Outro sinal de Costa Neto à direita é a disposição em investir até mesmo na formação de lideranças políticas conservadoras. Com seminários e palestras, por exemplo, ele quer implantar na legenda os valores conservadores em diferentes pautas, desde família e costumes até a agenda de meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
A ideia de investir na “base” partiu de sugestões apresentadas por aliados conservadores do governo federal, que apresentaram propostas que possam tornar o PL um partido estruturado. Alguns influenciadores e mesmo lideranças do entorno mais “raiz” de Bolsonaro defendem a construção de uma direita orgânica e coesa a médio e longo prazo.
A meta da cúpula partidária e de influentes conservadores é evitar migrações excessivas entre partidos políticos. O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), vice-líder do partido na Câmara, elogia a postura da cúpula da legenda. “As sinalizações são positivas, e eu senti essa disposição nele [Coisa Neto]. Eu estou achando muito bom. O Valdemar é uma pessoa de bom senso, respeitado por todos no partido, é um excelente presidente”, avalia.
O parlamentar entende que o resultado das eleições deste ano podem ser um divisor de águas para o partido se estruturar definitivamente como uma legenda mais integrada à direita conservadora. “O PL depois da eleição vai ser bem diferente do que era antes”, prevê Bibo.
O resultado do PL nas eleições é significativo para o projeto de se consolidar como o principal partido da direita. Principalmente pelo resultado obtido na Câmara dos Deputados. Não apenas por se tratar da Casa legislativa onde Valdemar Costa Neto se consolidou como uma liderança política nacional, mas também pelo peso que bancadas de deputados federais têm sobre o cálculo de distribuição de recursos dos fundos eleitoral e partidário.
O fundo partidário prevê que 5% dos recursos são distribuídos igualmente entre todas as legendas legalmente registrados. Os 95% restantes são divididos proporcionalmente de acordo com os votos recebidas por cada partido para a Câmara dos Deputados. Ou seja, a sigla que elege mais deputados é potencialmente mais beneficiada.
Já o fundo eleitoral também é distribuído de uma forma que privilegia o número de deputados federais eleitos: 35% são divididos entre aqueles que tenham pelo menos um representante na Câmara, na proporção do percentual de votos obtidos na eleição; 48% são divididos entre as siglas, na proporção do número de representantes na Câmara, consideradas as legendas dos titulares.
Ou seja, o desempenho do PL nas eleições vai ajudar a legenda na manutenção partidária e no financiamento de campanhas pelos próximos quatro anos, incluindo para as eleições municipais de 2024, que, por sua vez, podem ser importantes para ampliar a capilaridade do partido pelo país para as eleições de 2026.
O deputado federal Wellington Roberto (PL-PB), presidente do diretório paraibano, vê como natural a possibilidade de crescimento na esteira da eleição de uma bancada numerosa na Câmara. “O partido sai fortalecido demais”, diz.
Ele acredita ser possível a consolidação da sigla como a maior da direita no país. “É claro que a gente tem que seguir na linha preservando essa condição da própria direita, seguindo os princípios que, na verdade, o presidente Bolsonaro defende e determina, como a defesa da família”, diz. “Sem sombra de dúvidas podemos, sim, nos consolidar como um partido de direita para poder coordenar daqui para frente essa situação”, complementa.
O professor Thales Castro, coordenador do curso de Ciência Política da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), concorda que é possível o PL se tornar o maior partido da direita, mas não acredita em uma força hegemônica no espectro político.
“Existem muitas direitas. O PSC, por exemplo, é da direita conservadora. Você tem muitos bastiões da direita que disputariam o manto protetivo e da guarida de um ator político como o presidente da República. A direita cristã e mais evangélica, como o Republicanos, é uma que disputaria esse tipo de bênção também”, analisa. Ele também aponta para o DEM, agora União Brasil, e para o Novo, como representantes de uma centro-direita.
A possibilidade de reeleição de Bolsonaro tornaria o PL mais robusto, mas mesmo na hipótese de ele não superar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, Castro acredita que o partido possa manter sua força no campo da direita.
“A política é uma guerra onde a sobrevivência é quase que uma meta diária, e Valdemar Costa Neto enxerga isso de maneira proativa independentemente do resultado do pleito. Em Bolsonaro sendo reeleito, o PL vai estar surfando em uma onda muito favorável. E não sendo, o PL de qualquer maneira já atingiu a meta de ser um partido de grande representatividade”, avalia.
O cientista político reforça que manter Bolsonaro e seus aliados mais conservadores esteja no cálculo político de Costa Neto para manter o PL forte pelos próximos anos, até por considerar que o presidente da República vai manter sua força eleitoral, independentemente do resultado. “Bolsonaro por hoje encabeçar o mais expressivo movimento conservador de direita populista do Brasil tem a capacidade de ser uma máquina de votos”, analisa.
“O PL sabe que ter o presidente como grande cabo eleitoral vai ter acesso a cargos e recursos financeiros. Estaria realmente em momento primoroso para que ele considere uma oportunidade para a vida, sobretudo diante das máculas do passado e a busca em trazer a limpo um novo momento com o presidente que conclama e enfatiza, de maneira enfática, não ter denúncia de corrupção”, acrescenta Castro.
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