Damares força Bolsonaro a se manifestar sobre atrocidades contra crianças – UOL Confere

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na “Folha de S.Paulo” (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro “A História Real” (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de “Os Papéis Secretos do Exército”.
Colunista do UOL
11/10/2022 11h06
Ainda não se sabe se a pastora Damares Alves ajudará Bolsonaro a realizar o sonho da reeleição. Mas madame acaba de realizar um pesadelo do ex-chefe. Arrastou o presidente para dentro de um enredo em que se misturam o tráfico internacional de menores, a exploração sexual de crianças e um imenso mistério sobre a ação ou omissão do governo diante das atrocidades.
Pregando para irmãos num culto da Assembleia de Deus, em Goiânia, Damares disse ter descoberto que a Ilha do Marajó tornara-se uma espécie de polo exportador de crianças brasileiras de até quatro anos. Seus “dentinhos” eram arrancados para evitar que mordessem durante o sexo oral. Ingeriam alimentação pastosa, para facilitar o sexo anal. “Nós temos imagens”, trombeteou Damares.

Segundo a ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Bolsonaro sabe de tudo. Por isso, “está fazendo o maior programa de desenvolvimento regional na Ilha do Marajó”. Damares chegou mesmo reproduzir um comentário que atribuiu ao presidente sobre as crianças traficadas: “Nós vamos atrás de todas elas.” Eis que, de repente, nas palavras da pastora aos fieis, “o inferno se levantou contra esse homem”.
O caso é tão escabroso que é imperioso raciocinar com todas as hipóteses. No cenário ruim, Damares mente para criar uma atmosfera de comoção na antessala da eleição. No pior cenário, a ex-ministra tomou mesmo conhecimento de crimes hediondos, dispondo de provas visuais irrefutáveis.
Abrem-se no horizonte novas hipóteses. Na melhor das hipóteses, a então ministra Damares comunicou o caso a Bolsonaro, que encomendou investigações sigilosas à Polícia Federal. Na pior das hipóteses, Bolsonaro ordenará à ex-subordinada que divulgue um desmentido. Na hipótese inaceitável, Damares e Bolsonaro deram de ombros para monstruosidades, cometendo o crime de prevaricação.
O Ministério Público Federal já requisitou informações à pasta que Damares chefiou. O grupo de advogados “Prerrogativas” ingressou com queixa-crime junto ao Supremo Tribunal Federal. Deseja-se que a ex-ministra e o presidente sejam chamados a se explicar.
Na política, o problema começa com as explicações. Mas Bolsonaro faria um bem a si mesmo e à sua campanha se convocasse os jornalistas para dizer meia dúzia de palavras sobre o horripilante enredo borrifado por Damares na conjuntura eleitoral.
Numa campanha, o tipo mais perigoso é aquele que se credencia como salvador do candidato em apuros. Pessoas assim podem soltar leviandades capazes de alterar o curso dos acontecimentos.
Um comentário borrifado entre irmãos num culto religioso pode parecer coisa pequena. Mas a miudeza se torna crítica se consegue influenciar o rumo da campanha antes que seja desarmada.
Uma coisa é certa: o rosto que sobressai no enredo da exploração sexual de criancinhas é o de Bolsonaro, não o de Damares.
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Josias de Souza
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