Simone: a estrela política emergente – Folha de Pernambuco
Há uns versos de Lulu Santos, que estão assim colocados em composição: “não haveria luz, se não fosse a escuridão”. Relação de causalidade à parte, por mais que a polarização política tenha sido fortemente exercida numa escuridão de ideias, o fato é que não se poderá omitir o papel de Simone Tebet como uma luz inspiradora. Não vale apenas a menção de que ela tenha saído maior dessas eleições. O importante mesmo é extrair desse êxito todos atributos pessoais, técnicos e políticos que sua presença marcante foi capaz de evidenciar. Enfim, fez do saldo emergente do seu protagonismo nessa disputa eleitoral, a consagração de uma estrela política que sobe – e muito – no seu ofício público E com todas as características de quem pode ainda ser reconhecida numa visão de estadista, algo de baixíssima percepção no quadro político vigente. Não lhe faltam atributos para isso.
Particularmente, tive um discreto conhecimento do desempenho parlamentar de Simone, quando estive como secretário nacional no então MinC e ela como senadora do MS. Aos elogios que ouvi àquela época, adiciono aqui a sua irretocável atuação na CPI da Covid, exemplos que só fortaleceram minha intuição de que algo novo na política estava por vir. E ainda mais robustecido com o fato de ser uma mulher de coragem, cujos valores meritórios nem sempre são validados como deveriam, por conta de uma sociedade machista (e até misógina) que discrimina o papel, minimiza a força e ignora a atuação, quando a ginocracia é uma realidade em ebulição.
Para alguém como eu, que bem absorveu uma forte genealogia feminina, vertical e horizontalmente, não houve sequer uma mínima intenção que me levasse à incompreensão do papel de Simone, justo nesse momento político tão delicado, que o país atravessa. Apostei e torci muito pela sua luta de, em primeiro lugar, assegurar seu espaço como candidata. Sei o quanto foi brava para superar resistências ao seu nome, o que implicou numa perda de energia tal, que se fosse posta no esforço favorável, talvez lhe desse mais envergadura. Vencida essa etapa, uma outra luta árdua, justo aquela pautada pela polarização fratricida.
Para mim, realço como injustificável o baixo entendimento entre os pares, do quanto teria sido importante o fortalecimento de uma mulher com todas qualidades já destacadas. Certamente, ficaram depois com uma certa decepção no ar, quando perceberam a capacidade que Simone teve para avançar na disputa e quem sabe unir o país em torno de um novo plano de desenvolvimento. Isso era possível.
A oportunidade que tive nesse processo, de participar do seu time técnico e contribuir para a difusão de ideias, permitiu-me renovar a crença de que não só o país urge por soluções, além dos temas estéreis que fizeram das eleições um plebiscito descabido. Existe luz no fim do túnel, de sorte que Simone esteve aí na cena para provar isso. Ademais, não poderia ser diferente que ela ousasse e mantivesse sua coragem de, neste segundo turno, marchar em favor da democracia e da Constituição.
Os frutos desses seus compromissos hão de ser colhidos em breve. Sua estrela tem brilho próprio.
Economista e colunista da
Folha de Pernambuco
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