Meirelles: 'Questão é qual Lula terá lugar na economia se vencer' – UOL Economia

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Do UOL, em São Paulo
19/10/2022 09h31Atualizada em 19/10/2022 13h38
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, avaliou a uma consultoria de risco político internacional que ainda é incerto qual modelo econômico um eventual novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seguiria — se mais próximo ao do 1º e 2º mandato ou com traços da gestão de Dilma Rousseff (PT) —, mas ponderou também que, neste momento, Jair Bolsonaro (PL) ainda tem chances consideráveis de ganhar.
A análise de Meirelles foi feita em entrevista a um dos representantes da Eurasia no Brasil no dia 10 de outubro, confirmou o UOL. O documento foi divulgado pelo portal Poder360 ontem.

“Nós vimos três governos Lula diferentes. O primeiro com responsabilidade fiscal. O segundo com algum alívio no lado fiscal e mais aberto às exigências políticas. O terceiro, não sendo presidente, mas com o apoio vindo de Lula, terminou em recessão. A questão principal agora é qual Lula terá lugar se ele de fato vencer”, disse Meirelles.
O economista declarou voto em Lula ainda antes do 1º turno e teve conversas com o objetivo de reduzir a resistência do setor financeiro ao petista, mas com a ressalva que só decidirá embarcar num eventual novo mandato após o resultado das eleições.
Ele também criticou recentemente gastos do governo Bolsonaro, chamando-os de “eleitoreiros” com disfarce de sociais.
“Não faço parte do grupo que eu chamo de grupo think tank da esquerda brasileira, mas pela primeira vez agora há alguns sinais de que pode haver uma reunião conjunta entre os economistas liberais e grupos de esquerda para discutir abertamente propostas políticas diferentes. Porém, isso ainda não foi decidido”, declarou na entrevista.
Meirelles avaliou que as chances de Lula estão maiores, mas que ainda acredita que Bolsonaro “tenha chances reais de vencer”.
Mesmo com essas condições, o ex-ministro disse que Lula não irá divulgar nomes ou planos econômicos antes do resultado final, a despeito do desejo de setores do mercado, por acreditar que isso não ajuda a ganhar as eleições — podendo, inclusive, atrapalhar perante outros grupos.
Valor do Auxílio Brasil: Henrique Meirelles avaliou que o próximo presidente não poderá recuar dos atuais R$ 600 pagos no programa social, mesmo que o Orçamento não tenha garantido o valor para além de dezembro. “As pessoas estão contando com a continuidade dessa quantia”, disse.
“A coisa mais provável e plausível a acontecer é manter os pagamentos de R$ 600 gerando um déficit orçamentário (ou gastos fora do teto) de R$ 10 bilhões, aproximadamente”, afirmou.
Questionado sobre a situação fiscal do Brasil, Meirelles pontuou que o risco é a perda de confiança se não existir uma âncora fiscal. “Estamos nesse cenário agora”, disse. O economista também defendeu reformas, especialmente a administrativa e a tributária, para possibilitar a sustentabilidade das políticas sociais.
“É impossível fazer tudo a tempo de manter os pagamentos do Auxilio Brasil no início do próximo ano, por exemplo. Nesse caso, o mais provável é que seja necessário solicitar uma dispensa de gastos no Congresso e tentar aprovar essas medidas já no próximo ano”, afirmou.
Hoje, no Twitter, Meirelles afirmou que “nas conversas com investidores repito que, na minha opinião, um eventual governo Lula vai priorizar as responsabilidades fiscal e social dentre as alternativas propostas pelos diferentes grupos de economista. Outras interpretações das minhas falas são puro ruído”.

Nas conversas com investidores repito que, na minha opinião, um eventual governo Lula vai priorizar as responsabilidades fiscal e social dentre as alternativas propostas pelos diferentes grupos de economistas. Outras interpretações das minhas falas são puro ruído.
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José Paulo Kupfer
Marcio Loréga
PagBank Investimentos

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