Revista "Nature" considera novo mandato de Bolsonaro "ameaça"; entenda – Revista Galileu

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Por Redação Galileu
26/10/2022 17h29 Atualizado 26/10/2022
A poucos dias do segundo turno das eleições de 2022 no Brasil, a Nature, umas das revistas científicas mais influentes do mundo, publicou nesta terça-feira (25) um editorial se posicionando contra o governo de Jair Bolsonaro. Segundo a revista, "só há uma escolha" para o Brasil e o mundo.
Desde 2018, quando o atual presidente iniciou seu mandato, a publicação científica expressa seu descontentamento acerca das políticas defendidas pelo presidente que prejudicaram a ciência, o meio ambiente e a economia. Quatro anos depois, a revista aponta que permitir mais um mandato para Bolsonaro trará ainda mais regressos ao país.
O artigo de cunho opinativo relembra a trajetória do governante e destaca que, desde que assumiu o cargo, ele negou a ciência, ameaçou os direitos dos povos indígenas e promoveu armas como solução para preocupações de segurança. Numa avaliação geral, a revista classifica o governo de Bolsonaro como "desastroso".
Veículo britânico diz que governo de Bolsonaro foi desastroso — Foto: Reprodução/Nature
“O histórico de Bolsonaro é de arregalar os olhos. Sob sua liderança, o meio ambiente foi devastado. Somente na Amazônia, o desmatamento quase dobrou desde 2018, com mais um aumento esperado quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil divulgar seus últimos dados de desmatamento nas próximas semanas”, escreveu o veículo.

Ameaça à ciência

No texto, a Nature compara Bolsonaro a Trump, principalmente na condução da pandemia de Covid-19, quando ambos ignoraram alertas de autoridades de saúde e negaram os perigos da doença. Nesse período, o governo brasileiro, segundo a revista, decaiu ainda mais: Bolsonaro também minou os programas de vacinas, questionando a eficácia e segurança dos imunizantes.
Isso resultou no trágico número de mais de 685 mil mortos, além de uma crise econômica que atingiu o país fortemente. A revista ainda lembra que tanto Trump quanto Bolsonaro tentaram "minar o estado de direito e reduzir a atuação dos poderes dos reguladores".
“O financiamento para ciência e inovação que já estava diminuindo quando Bolsonaro assumiu o cargo continuou sob sua liderança. Hoje, muitas universidades federais estão lutando para manter as luzes acesas e os prédios abertos”, completa.

Anos anteriores

Em contrapartida, o artigo traça os méritos alcançados nessas mesmas áreas no período em que Luiz Inácio Lula da Silva, líder do PT e oponente de Bolsonaro nessas eleições, estava no comando. Dentre as conquistas, a revista aborda os investimentos na ciência, em leis de proteção ambiental e na criação do Bolsa Família para pessoas de baixa renda.
“Ao contrário de Bolsonaro, Lula não procurou lutar contra os pesquisadores. Ele prometeu alcançar o desmatamento 'zero líquido' e proteger as terras indígenas se eleito”, pontua.
A publicação destaca que, entre 2004 e 2012, o desmatamento na Amazônia caiu cerca de 80%. “Por um tempo, o Brasil rompeu o vínculo entre o desmatamento e a produção de commodities como carne bovina e soja, e parecia que o país poderia ser pioneiro em sua própria marca de desenvolvimento sustentável. Hoje muito desse progresso já foi desfeito”, lamenta.
A Nature não deixa de citar, porém, o episódio da condenação de Lula devido a uma investigação de corrupção e sua liberdade em 2019, após a Suprema Corte brasileira determinar que ele havia sido preso indevidamente.
“Nenhum líder político chega perto da perfeição. Mas os últimos quatro anos do Brasil são um lembrete do que acontece quando elegemos pessoas que desmantelam ativamente as instituições destinadas a reduzir a pobreza, proteger a saúde pública, impulsionar a ciência, proteger o meio ambiente e defender a justiça e a integridade das evidências”, destaca o texto.
O editorial finaliza dizendo que, caso Bolsonaro governe por mais quatro anos, "o dano poderia ser irreparável".
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