Fórmula 1 já pensa em 2026 | Opinião – Poder360

Porsche busca uma equipe para entregar seus motores e Michael Andretti uma vaga no clube da competição, escreve Mario Andrada
A Fórmula 1 se apresenta no México neste final de semana com mais movimento no mercado de pilotos e equipes para 2026 do que para 2023. Lewis Hamilton avisou numa entrevista exclusiva com a revista inglesa Autosport que vai renovar o seu contrato com a equipe Mercedes. Com isso as 3 principais equipes do mundial –Red Bull, Ferrari e Mercedes– seguem com a mesma formação por mais uma temporada.
Ainda existem duas vagas disponíveis no mercado de pilotos para o próximo mundial, uma na Williams, no lugar de Nicolas Lattifi, e outra na Haas, para o carro de Mick Schumacher. Na equipe inglesa o favorito é o novato Logan Sargeant, que ainda precisa conseguir mais pontos para ter a superlicença –habilitação obrigatória para quem corre na F-1. A Haas espera ofertas e vem discutindo com mais de 8 pilotos ao mesmo tempo.
Com quase tudo resolvido para 2023, a F-1 projeta o futuro. Na última 3ª feira (25.out.2022) a Audi confirmou a aquisição de 50% das ações da Sauber. A equipe suíça correrá mais 1 ou 2 anos como Alfa Romeo e só assumirá o nome Audi em 2026. Falta agora resolver o tema da Porsche, lembrando que as duas montadoras alemãs do grupo Volkswagen já concluíram as negociações necessárias e já pagaram a taxa de US$ 500 milhões para ter um lugar cativo na categoria máxima do automobilismo.
O plano inicial da F-1 e da VW era que a Porsche deveria entrar como fornecedora de motores da equipe Red Bull. Ocorre que a Red Bull não está disposta a vender parte da sua operação como a Porsche queria. O casamento das duas marcas não vai rolar. A alegação formal é que as empresas têm culturas muito diferentes e amplamente incompatíveis. É engraçado notar que a Red Bull e a Honda também tinham culturas diferentes e incompatíveis e nem por isso deixaram de trabalhar juntas e ganhar uma coleção de corridas.
A mídia inglesa especula que a Porsche vai acabar comprando 50% da equipe Williams e fará a sua entrada na F-1 por lá. Fora da Inglaterra, porém, circulam notícias em outras direções. Há quem diga que a Porsche vai acabar no colo da Haas e há poucos dias surgiu um boato forte sobre a união dos alemães com Michael Andretti que vem batendo na porta da F-1 há pelo menos 2 anos e por pouco não comprou a Sauber em 2021.
Michael é filho do campeão mundial Mario Andretti, tem a equipe mais poderosa dos Estados Unidos e conhece a F-1 por dentro depois de passar uma temporada como companheiro de equipe de Ayrton Senna na McLaren. Ele tem o apoio de um grupo de investidores norte-americanos, mas não consegue superar a resistência da Mercedes e da Red Bull que insistem em barrá-lo no baile da F-1. Em um dos poucos temas que os diretores da Red Bull e da Mercedes concordam, ambos alegam que a categoria não precisa de uma nova equipe. Afirmação que esconde a realidade, pois Andretti está sendo vetado porque as equipes mais poderosas não querem dividir o bolo de patrocínio e receitas com mais um time. Aceitaram a Audi e a Porsche porque são montadoras com conexões poderosas.
Andretti aproveitou o último GP dos Estados Unidos para anunciar que apesar das negativas ele segue trabalhando para entrar na F-1. Seu maior aliado é Zack Brown, principal executivo da McLaren. Mario Andretti tem feito lobby com a Ferrari, de quem foi parceiro muitos anos. Numa entrevista recente contou que o filho está montando a equipe, procurando sede na Europa, contratando engenheiros e conversando com patrocinadores mesmo sem ter o sinal verde da F-1. “Queremos mostrar que estamos prontos e que não vamos desistir da F-1, por isso Michael está tocando o projeto como se já estivesse tudo resolvido”.
A F-1 já tem uma dívida moral com Andretti e está fazendo força para acumular mais uma. Em 93 ele competiu em 13 GPs pela McLaren. O carro era muito ruim e mesmo assim ele conquistou o respeito de Senna e de vários colegas. Depois começou a ser boicotado por Ron Dennis, principal executivo da McLaren na época, justamente o homem que o contratara. Ron achava o casal Andretti muito caipira para o ambiente da F-1. Chegou a pedir que Michael não levasse a sua mulher nas corridas. Disse que ela não era bem-vinda nos boxes da equipe. Senna ficou revoltado com o tratamento dado a Andretti pela equipe e deixou isso claro em muitas conversas. Michael nem chegou a completar o seu 1º mundial. Foi substituído por Mika Hakkinen no GP da Itália.
Mario Andrada, 64 anos, é jornalista. Na Folha de S.Paulo, foi repórter, editor de Esportes e correspondente em Paris. No Jornal do Brasil, foi correspondente em Londres e Miami. Foi editor-executivo da Reuters para a América Latina, diretor de Comunicação para os mercados emergentes das Américas da Nike e diretor-executivo de Comunicação e Engajamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Rio 2016. É sócio-fundador da Andrada.comms.

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