Eurasia cita média de pesquisas e diz que chance de vitória de Lula vai a 65% – Bloomberg Línea Brasil

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Consultoria de análise de risco político afirma que liderança do ex-presidente se estabilizou, enquanto campanha de Bolsonaro enfrenta ‘sequência negativa de fatos’
Lula mantém dianteira sobre Bolsonaro na média das pesquisas dos institutos mais acompanhados pelo mercado(Bloomberg/Jonne Roriz)
Bloomberg Línea — As chances de o ex-presidente Lula (PT) ser eleito no domingo (30) voltaram a subir na reta final de campanha para o segundo turno. Segundo relatório da consultoria global de análise de risco político Eurasia Group, Lula tem 65% de probabilidade de sair vitorioso no domingo (30).
Na semana passada,a Eurasia havia reduzido as chances de vitória do petista de 65% para 60%. Isso aconteceu porque as intenções de voto dos dois candidatos haviam se aproximado e havia “uma avaliação” de que a campanha do presidente Jair Bolsonaro estava indo melhor. “Tudo isso em meio à melhora do cenário econômico”, segundo apontou a consultoria na ocasião.
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Já nesta semana, o cenário mudou. De acordo com o relatório da Eurasia, o aumento das chances de vitória de Lula se deve a três fatores: a liderança do petista sobre Bolsonaro nas pesquisas eleitorais estabilizou; a campanha do PT se intensificou ao longo desta semana; e houve uma “sequência de eventos mais negativa prejudicando Bolsonaro na fase mais crítica da corrida”.
A “sequência de eventos” a que a Eurasia se refere são o vazamento dos planos do Ministério da Economia de desvincular o reajuste do salário mínimo da inflação – para indexá-lo à meta de inflação do governo, o que poderá reduzir seu poder de compra – e de acabar com o abatimento dos gastos com saúde e educação do Imposto de Renda, política que atingiria diretamente a classe média.
O relatório também cita o caso do jovem morto a tiros em Paraisópolis, na capital paulista, durante um evento de campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e candidato a governador de São Paulo.
Reportagens sobre o episódio já dizem que testemunhas viram integrantes da campanha de Tarcísio disparando tiros contra o jovem, e um áudio vazado mostra um segurança do candidato pedindo a um cinegrafista que registrou o fato para apagar as imagens.
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O cinegrafista, que trabalhava na Jovem Pan, emissora considerada alinhada com o governo de Bolsonaro, disse que havia filmado integrantes da campanha de Tarcísio atirando no jovem.
“Em outras palavras, em vez de entrar na semana com uma mensagem de campanha mais efetiva para tentar conseguir votos, nos primeiros dias da campanha Bolsonaro jogou na defesa”, avalia a Eurasia. O documento foi concluído no final da noite da quinta-feira (27).
Sobre a vantagem de Lula, o relatório diz que “a chave para estas eleições é olhar para a média de todas as pesquisas, em vez de olhar para um dado em particular”.
“Enquanto a AtlasIntel mostrava a vantagem de Lula oscilar de 5,8 pontos para 6,4 pontos, o Datafolha mostrou a liderança de Lula crescer de 4 para 6 pontos. Mas a média de todas as pesquisas aponta para estabilidade. Enquanto a liderança de Lula estava em 3,2 pontos em média na semana passada, os últimos dados mostram que esse número está agora em 3,4 pontos”, diz a consultoria.
No relatório, a Eurasia considera que as mudanças na trajetória da vantagem de Lula são “neutras” – ou seja, não houve variação positiva nem negativa. Isso tanto no curto quanto no longo prazo.
Isso porque “é preciso cautela”. “Uma liderança estável e dinâmicas de campanha favoráveis ainda dão suporte às chances de Lula, de alguma forma. Mas ainda há um grau importante de incerteza sobre qual é a vantagem de Lula.”
A Eurasia cita o exemplo do instituto Paraná Pesquisas, que mostram Lula entre 0 e 4 pontos à frente de Bolsonaro, e as pesquisas da Futura/ModalMais, uma das que mais chegaram perto do desempenho de Bolsonaro no primeiro turno. “No lado oposto do espectro” está o Ipec, que mostra Lula com oito pontos de vantagem sobre o presidente.
“A corrida está mais perto do que mostram Paraná Pesquisas e ModalMais (0-1 ponto) ou está mais perto da extensão registrada por institutos como Atlas, Datafolha, Ipespe, PoderData e Quaest? A Eurasia Group trabalha com a média de todos os institutos (3,2 pontos)”, explica o relatório.
“O que está claro”, diz a Eurasia, “é o fato de que a estabilidade da vantagem de Lula é boa notícia para ele. Mas o fato de que há espaço para que a liderança seja mais estreita do que a média causa à Eurasia Group receio em aumentar demais a probabilidade [de vitória] de Lula”.
O Paraná Pesquisas recebeu R$ 2,7 milhões do PL, partido de Bolsonaro, antes do início oficial do período eleitoral, conforme a prestação de contas da legenda à Justiça Eleitoral consultada pela Folha de S.Paulo. Em março, a empresa assinou um contrato de R$ 1,6 milhão com o governo federal para fazer sondagens sobre políticas públicas. A companhia disse à Folha que não há irregularidade nos contratos e que “trabalha para diversos partidos”.
Já o Futura já foi multado em R$ 80 mil pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por “múltiplas irregularidades” em uma de suas pesquisas. Segundo a ministra Maria Cláudia Bucchianeri, relatora da decisão que aplicou a multa, o instituto cadastrou um questionário diferente do que aplicou e “coletou clandestinamente” dados sobre disputas que não havia informado à Justiça Eleitoral que estava medindo.
“O cenário, portanto, é de variadas irregularidades na pesquisa, a revelar descompromisso não apenas com a legislação eleitoral, mas, também, com a própria integridade dos resultados ao final obtidos, em comportamento que, ao fim e ao cabo, culmina por comprometer a confiança na integralidade dos institutos de pesquisa”, escreveu a ministra, na decisão.
Em sua defesa, a Futura disse que anexou o arquivo errado no sistema do TSE. Foi “um erro humano”, e não irregularidade, segundo o instituto disse ao TSE.
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Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.
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