Lula versus Bolsonaro: o que pensam e propõem em 7 temas da economia – Gazeta do Povo

0
128

Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
O Sua Leitura indica o quanto você está informado sobre um determinado assunto de acordo com a profundidade e contextualização dos conteúdos que você lê. Nosso time de editores credita 20, 40, 60, 80 ou 100 pontos a cada conteúdo – aqueles que mais ajudam na compreensão do momento do país recebem mais pontos. Ao longo do tempo, essa pontuação vai sendo reduzida, já que conteúdos mais novos tendem a ser também mais relevantes na compreensão do noticiário. Assim, a sua pontuação nesse sistema é dinâmica: aumenta quando você lê e diminui quando você deixa de se informar. Neste momento a pontuação está sendo feita somente em conteúdos relacionados ao governo federal.
Em discurso logo após a confirmação do segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou claro que a economia seria a tônica seguinte da campanha. A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto isso, passou a ser pressionada para detalhar suas propostas, consideradas vagas, sem indicação clara de qual será sua eventual política econômica.
Confira a seguir o que aparece nos planos de governo entregues pelos dois candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o que o Lula e Bolsonaro têm dito sobre sete temas relevantes para o mercado e o dia a dia do brasileiro.
O plano de governo do presidente e candidato do PL à reeleição indica que um eventual segundo mandato deve prosseguir com desestatizações e desinvestimentos de empresas estatais, dando seguimento ao “reordenamento do papel estatal na economia”. Conforme o plano, o objetivo do caminho escolhido é focar a participação do Estado em atividades essenciais e na promoção do desenvolvimento econômico, social e sustentável do país.
A proposta, neste sentido, é deixar a cargo do Estado aquilo que somente ele pode realizar, em função de altos custos de investimento e complexidades inerentes à gestão, ou concentrando esforços em exercer “função estabilizadora” a fim de controlar, por exemplo, choques econômicos sobre a renda e o consumo. Para além disso, o programa prevê ampliação do processo de desestatização que, segundo o documento, trará benefícios diretos e indiretos ao cidadão e permitirá ao Estado focar em questões como saúde, educação, segurança e bem-estar.
O documento não menciona expressamente a privatização da Petrobras – que segundo Bolsonaro ficaria para um segundo mandato – ou dos Correios, incluída no atual Programa de Parcerias e Investimentos (PPI).
Junto das desestatizações e privatizações, Bolsonaro defende a concessão de ativos de infraestrutura e de serviços à iniciativa privada e a assinatura de parcerias público-privadas para investimentos.
Para o funcionalismo, o programa de Bolsonaro fala em aperfeiçoamento dos planos de cargos e salários, qualificação dos servidores por meio da criação de oportunidades para capacitação técnica e aperfeiçoamento profissional. Durante a campanha, Bolsonaro também afirmou que vai conceder reajuste salarial aos servidores em 2023, ainda que não haja previsão orçamentária para isso.
O ex-presidente e candidato petista à Presidência fala em proteger o patrimônio do país e recompor o “papel indutor e coordenador do Estado e das empresas estatais para que cumpram seu papel no processo de desenvolvimento econômico e progresso social, produtivo e ambiental” no país. O plano apresentado aponta oposição expressa às privatizações de Petrobras, Pré-Sal Petróleo (PPSA), Correios e da Eletrobras – esta última já não está mais sob controle do governo brasileiro.
Lula também defende mais atuação do governo para promover modernização e ampliação da infraestrutura de logística de transporte, social e urbana . O caminho indicado é a recriação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com foco na ampliação do investimento público para induzir a retomada econômica e a redução dos custos de produção. O investimento privado também é classificado como “parte importante da reconstrução do Brasil” e, segundo o plano do petista, “será estimulado por meio de créditos, concessões, parcerias e garantias”.
Para a máquina pública, o petista prometeu, em discursos, a criação ou recriação de ministérios. Durante a campanha, falou em criar o Ministério dos Povos Originários e uma pasta dedicada às pequenas e médias empresas, além da recriação dos ministérios da Cultura, Igualdade Racial, Fazenda, Planejamento e Segurança Pública, extintos nas últimas gestões.
O atual presidente já indicou que pretende mudar o controle fiscal partir do ano que vem. Uma das ideias em discussão no Ministério da Economia é a adoção de uma meta de dívida pública em substituição ao teto de gatos, que limita o crescimento das despesas da máquina pública à inflação do ano anterior.
O programa de governo do candidato à reeleição indica intenção de aprimorar o sistema de planejamento e orçamento público a fim de reduzir a rigidez do orçamento, aumentar a previsibilidade da execução e a transparência dos gastos públicos. Como medidas fiscais, o documento fala em consolidar o ajuste fiscal no médio e longo prazo, de forma a reduzir a relação entre a dívida pública e o PIB.
O programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva prevê textualmente a revogação do teto de gastos e uma revisão do regime fiscal brasileiro, classificado como “disfuncional e sem credibilidade”. Segundo as diretrizes apresentadas pelo PT, um novo modelo fiscal deve ser construído seguindo premissas de credibilidade, previsibilidade e sustentabilidade. Em documento divulgado às vésperas do 2º turno, o candidato prometeu política fiscal responsável com compromissos plurianuais, sinalizando um planejamento de mais longo prazo.
Em atos de campanha Lula chegou a defender o retorno de um regime de superávits fiscais, mas não há confirmação se essa linha será seguida. O economista Guilherme Mello, assessor econômico do PT, diz que as linhas do novo arcabouço fiscal serão discutidas com a nova composição do Congresso, após as eleições.
A reforma trabalhista realizada na gestão do ex-presidente Temer Michel Temer será mantida, conforme o plano de Jair Bolsonaro. As novas normas são defendidas como garantia de “segurança jurídica, ajudando a combater abusos empresarias e de sindicatos”. O presidente também pretende prosseguir nos avanços da legislação para facilitar as contratações.
Com relação à Previdência, a proposta é por “continuar e fortalecer o aprimoramento do sistema previdenciário”, com o objetivo de garantir a sustentabilidade financeira e a justiça social.
Para uma reforma tributária, o plano de Bolsonaro propõe um aprimoramento do “sistema tributário brasileiro, com a meta de simplificar a arrecadação, aumentar a progressividade e torná-lo concorrencialmente neutro”. A simplificação na legislação e carga tributária é apontada como forma de garantir emprego e renda e a retomada do crescimento econômico.
As diretrizes apresentadas pela campanha de Lula falam na proposição de uma nova legislação trabalhista, com a revogação de “marcos regressivos da atual legislação”. A proposta menciona normas de “proteção social a todas as formas de ocupação, emprego e relação de trabalho, com especial atenção aos autônomos, aos que trabalham por conta própria, trabalhadores e trabalhadoras domésticas, teletrabalho e trabalhadores em home office, mediados por aplicativos e plataformas”. Na sua “Carta para o Brasil do Amanhã”, o candidato propõe um debate entre governo, empresários e trabalhadores para “construir uma Nova Legislação Trabalhista que assegure direitos mínimos – tanto trabalhistas como previdenciários – e salários dignos, assegurando a competitividade e os investimentos das empresas”.
O programa do petista aponta ainda a intenção de “restabelecer acesso gratuito à Justiça do Trabalho”, incentivar iniciativas de reestruturação sindical “que democratizem o sistema de relações de trabalho”, além do respeito à autonomia sindical, “visando incentivar as negociações coletivas, promover solução ágil dos conflitos, garantir os direitos trabalhistas, assegurar o direito à greve e coibir as práticas antissindicais”.
Em eventual governo, Lula traça ainda uma revisão da reforma da Previdência. O plano indica uma “reconstrução da Seguridade e da Previdência Social para ampla inclusão de trabalhadores por meio da superação das medidas regressivas e do desmonte promovido pelo atual governo”, diz o texto. A promessa é da criação de um modelo previdenciário que concilie o aumento da cobertura com o financiamento sustentável do Regime Geral de Previdência Social.
Por fim, a campanha petista defende uma reforma tributária por meio de estrutura de impostos mais simples e progressiva, focada em IR mais caro para os mais ricos, redução da tributação do consumo e outras políticas que suavizem a carga para os mais pobres.
O plano de Bolsonaro traz proposta de correção de 31% na tabela do Imposto de Renda para Pessoa Física, isentando todos os trabalhadores celetistas que recebam até R$ 2,5 mil mensais. Sem a pandemia e com crescimento econômico, o programa do candidato do PL avalia que será possível perseguir o objetivo de isentar os trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos até 2026.
O candidato do PT prometeu, em campanha, reajustar a tabela do Imposto de Renda em seu primeiro ato oficial. A intenção é aumentar a faixa de isenção para R$ 5 mil mensais. Atualmente, o imposto é cobrado de quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 por ano.
Ainda no que se refere a IR, o plano de Lula prevê taxação dos “muito ricos”, utilizando os recursos arrecadados para investir em programas e projetos com alta capacidade de induzir o crescimento, promover a igualdade e gerar ganhos de produtividade.
O candidato do PL afirma que um dos seus compromissos, caso reeleito, será a manutenção do Auxílio Brasil no patamar mínimo de R$ 600 a partir de janeiro de 2023. O valor foi majorado por meio da PEC dos Benefícios, que prevê a cifra apenas até o mês de dezembro.
Após o primeiro turno, Bolsonaro também prometeu o pagamento de 13º para mulheres que recebem o Auxílio Brasil e falou ainda num benefício de R$ 200 para beneficiários que conseguirem emprego formal – adicional que já estava previsto na legislação que criou o programa, mas nunca foi implementado.
Ainda no que se refere políticas públicas e programas sociais, a campanha de Bolsonaro fala em dar prioridade a determinados grupos, como crianças, adolescentes, idosos, pessoas com deficiência e mulheres. O programa cita ainda “ampliar ações de promoção de acesso a direitos humanos”, sem mais detalhes.
O programa de Lula defende a manutenção dos R$ 600 do Auxílio Brasil, e o candidato também mencionou um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos. O plano retoma o nome Bolsa Família (substituído na gestão Bolsonaro), com a promessa de ampliá-lo e renová-lo para garantir renda compatível com as atuais necessidades da população.
O petista defende ainda uma “necessária ampliação de políticas públicas”.
Para a geração de empregos, o plano de governo apresentado por Jair Bolsonaro fala em estímulo ao empreendedorismo, mas também em fortalecer programas de qualificação profissional de acordo com as vocações regionais e locais. Promete ainda investir em iniciativas voltadas à atração de jovens em situação de risco social e no fortalecimento da educação profissional e tecnológica e da educação superior.
Um dos pontos destacados é conectar empregabilidade com educação, a fim de preparar as pessoas para os novos desafios e propiciar a elas a migração segura de empregos que estão se tornando obsoletos para os novos postos de trabalho.
Promete, ainda a criação de políticas para redução da taxa de informalidade no mercado de trabalho brasileiro, inclusive com políticas de formalização. Isto deve ser buscado, conforme o plano apresentado, “por meio de contratos de trabalho específicos para esta população e que permitam a oferta de trabalho formal em estados onde a informalidade ainda é dominante”.
O programa de governo de Jair Bolsonaro não menciona o salário mínimo, mas em declaração recente à revista Veja, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo estuda outras formas de conceder um aumento real no próximo ano, além do reajuste mínimo vinculado à inflação.
O ex-presidente afirma que as oportunidades de emprego e trabalho serão criadas por meio de avanços mais amplos. Neste cenário, menciona o retomada dos investimentos em infraestrutura e habitação, a reindustrialização nacional em novas bases tecnológicas e ambientais a reforma agrária e o estímulo à economia solidária, à economia criativa e à economia verde, baseada na conservação, na restauração e no uso sustentável da biodiversidade. Também deve estender o apoio ao cooperativismo, ao empreendedorismo e às micro e pequenas empresas.
O plano petista propõe ainda retomar a política de valorização do salário mínimo, com o objetivo de recuperar o poder de compra do brasileiro. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), um dos coordenadores da campanha do ex-presidente Lula na área econômica, disse que o salário mínimo deve ter aumento real de 2% em 2023, caso o petista seja eleito em 30 de outubro.
A última vez que o mínimo teve aumento real foi em 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro, quando o reajuste estabelecido considerou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC, calculado pelo IBGE) mais a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) registrado dois anos antes, conforme diretrizes implantadas na gestão de Dilma Rousseff (PT).
A partir de 2020, o cálculo feito pelo governo federal ficou restrito à estimativa do INPC, que faz a recomposição de perda inflacionária, mas não garante ganho real. A promessa de Lula é de criação de um novo modelo de reajuste, ainda não divulgado.
O programa de Bolsonaro fala em consolidação e avanço das reformas estruturantes e modernização dos processos de governança da condução da política econômica, “alinhando o país às melhores práticas internacionais”. O objetivo, conforme o texto, é “facilitar as contratações, desburocratizar e desregular as normas para favorecer a criação de empresas e o empreendedorismo, prosseguir na abertura comercial, com a redução da tributação das empresas nacionais e também dos impostos de importação, criando um ambiente de concorrência e competitividade que reduzirá os preços e melhorará a oferta e a qualidade dos produtos e serviços, beneficiando o cidadão”.
Ainda conforme o plano do candidato à reeleição, um eventual segundo mandato pretende “retirar da população o peso do Estado e deixar cada cidadão, com o apoio necessário do governo, exercitar sua criatividade, capacidade gerencial, visão empresarial e liberdade”.
As propostas de Lula falam em implantação de medidas de desburocratização, redução do custo do capital, ampliação de acordos comerciais internacionais, além de avanço na digitalização e estímulo ao investimento privado e fortalecimento da estrutura produtiva nacional.
Também prevê fortalecer e modernizar a estrutura produtiva por meio da “reindustrialização”, do fortalecimento da produção agropecuária e do estímulo a setores e projetos inovadores. “Devemos fortalecer a empresa nacional, pública e privada, com instrumentos como financiamento, compras governamentais, investimento público, ampliando e agregando valor à produção, com ênfase em inovações orientadas para a transição ecológica, energética e digital”, diz o texto.
A agenda do petista prevê estímulo ao crédito, com incentivo à ampliação da oferta e redução do custo, além da promoção de um cenário mais favorável à renegociação de dívidas (tanto para empresas de pequeno e médio portes, quanto para famílias, com a criação de um fundo garantidor para renegociação), de modo a reaquecer a economia.
Máximo de 700 caracteres [0]
Ao se cadastrar em nossas newsletters, você concorda com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade, incluindo o recebimento de conteúdos e promoções da Gazeta do Povo. O descadastramento pode ser feito a qualquer momento neste link.
WhatsApp: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.
Apenas assinantes podem salvar para ler depois
Saiba mais em Minha Gazeta
Você salvou o conteúdo para ler depois
As notícias salvas ficam em Minha Gazeta na seção Conteúdos salvos. Leia quando quiser.
Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Carregando notificações
Aguarde…
Os recursos em Minha Gazeta são exclusivos para assinantes
Saiba mais sobre Minha Gazeta »

source

Leave a reply