Análise: Carisma de Lula e ruindade de Bolsonaro explicam eleição – UOL Confere
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Colaboração para o UOL, em São Paulo
31/10/2022 20h50
Os colunistas do UOL José Roberto de Toledo e Kennedy Alencar fizeram hoje durante o programa Análise da Notícia uma avaliação sobre as eleições presidenciais e explicaram os motivos que levaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à vitória. Para Toledo, os dois principais motivos que explicam o resultado das urnas podem ser resumidos no carisma de Lula e na ruindade de Jair Bolsonaro (PL).
Ele citou o carisma pessoal, a história de vida e até o fato de Lula ser uma figura muito mais conhecida do que era Fernando Haddad (PT) em 2018 para explicar a vitória do petista. Toledo, inclusive, trouxe dados que evidenciam a diferença entre a votação dos candidatos do PT em 2018 e 2022. No atual pleito, por exemplo, Lula teve 9 milhões de votos a mais do que Haddad teve na região Sudeste nas eleições de 2018. Foram 46% dos votos válidos ante 35% dos votos para Haddad em 2018.
Além disso, o salto também acontece na região Sul, de 32% para 38%, e na região Centro-Oeste de 34% para 40%. Na região Nordeste, onde historicamente o PT conquista grande vantagem sobre seus adversários, os números se mantiveram estáveis.
“Todo mundo fala ‘ah, ganhou por causa do Nordeste’ e, sem dúvida, ganhou por causa do Nordeste. Mas no Nordeste não houve diferença. O Haddad teve 69% dos votos em 2018 e o Lula teve 70%”, afirmou Toledo.
Ele ainda reiterou a força de Lula e seu carisma para conseguir fazer com que a votação subisse em regiões onde o PT costuma perder as disputas presidenciais. “Não teria outro candidato que conseguiria fazer esses saltos na proporção de votos válidos no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Embora a vantagem no Nordeste tenha sido determinante para a vitória, ela só constituiu uma vitória porque o Lula conseguiu diminuir a derrota nas outras três regiões, enquanto no Norte foi praticamente um empate”.
Kennedy ainda completou o raciocínio afirmando que Bolsonaro, mesmo com a máquina do estado em suas mãos, não foi capaz de competir com a força de Lula. “Com o uso da máquina que Bolsonaro fez nessa campanha, que é inédito na redemocratização desde que a reeleição foi criada em 1997, só um político que é a maior liderança popular do Brasil [poderia vencer]. Imagina se não é o Lula e uma personalidade com a força do Lula, que é mais amplo até que o PT”.
Ruindade de Bolsonaro. Além do carisma de Lula, Toledo também citou o “fator Bolsonaro” como uma das justificativas para o resultado das eleições. “Foi a ruindade do Bolsonaro como presidente que corroborou para o Lula ser eleito”, disse.
Ele destacou que o atual presidente conseguiu a “façanha” de ir pior no 2º turno de 2022 do que em 2018, quando não tinha a máquina pública em suas mãos. “Ele teve uma votação proporcionalmente menor mesmo ficando quatro anos à frente da presidência e tendo todo o arsenal que o presidente tem na mão. Ele conseguiu ir pior em 60% dos municípios brasileiros e foi pior especialmente nos municípios grandes e nas capitais”.
A hipótese destacada por Toledo para justificar a “ruindade” de Bolsonaro foi o péssimo desempenho na economia. Ele afirmou que Bolsonaro cometeu o chamado estelionato eleitoral com uma série de benefícios, principalmente para a população mais pobre, na véspera das eleições, mas que isso não foi suficiente para convencer a população. Faltou, em sua visão, ter um olhar mais amplo para a economia.
“Não adianta fazer um programa assistencialista sem melhorar a economia como um todo. Não adianta aumentar o valor do Auxílio Brasil e deixar congelado o valor do salário mínimo”.
Toledo ainda disse que Bolsonaro pensou que a política social era apenas uma forma de manipular a eleição e esse foi seu grande erro: não enxergar a política social como algo importante e verdadeiro.
“Não adianta tentar manipular o eleitorado fazendo política eleitoreira na última hora se você não governou durante quatro anos. Não vai conseguir enganar todo mundo”.
O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.
Veja a íntegra do programa:
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