PRF vai ser pedra no sapato de Lula no 3º mandato, diz especialista – UOL Confere
Colaboração para o UOL, em São Paulo
01/11/2022 20h58Atualizada em 01/11/2022 21h28
A diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, avalia que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá dificuldades com a PRF (Polícia Rodoviária Federal) caso não haja trocas nos comandos na corporação. Em entrevista ao programa Análise da Notícia, ela falou sobre a atuação da PRF em desmobilizar os bloqueios nas rodovias ocupadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“A PRF deve ser uma pedra no sapato do Lula, mas me parece que não tem como não enfrentar isso de frente, ou seja, começar com investigação de todos esses desvios de conduta e responsabilização”, disse Samira. “Não é só esse episódio de agora. Temos uma série de outros envolvendo a PRF no último ano que mostram como ela se desvirtuou da sua função constitucional.”
Segundo ela, o atual diretor da PRF, Silvinei Vasques, já deveria ter sido investigado e punido por outras ações dentro da organização. “Se não passar uma peneira na PRF, dificilmente o futuro ministro da Justiça vai ser capaz de retomar o controle”, avaliou.
O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, concorda que há muito a ser feito pelo presidente eleito para se retomar o controle da PRF e, também, da PF (Polícia Federal).
“Em termos políticos, o presidente Lula terá que avaliar a possibilidade de fazer um ato bem forte sinalizando que, independente de termos nomes importantes, o fato de estarem em cargo de chefia na PF e na PRF na gestão Bolsonaro tem de ser sinônimo de tchau”, disse.
“[É preciso] substituir completamente os dirigentes dessas duas polícias para que a gente consiga mandar ter controle, e mais essa autonomia toda que se mostrou caótica para a segurança pública”, completou Lima.
Os colunistas do UOL José Roberto de Toledo e Kennedy Alencar concordaram, no programa Análise da Notícia, que o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) simboliza a sua derrota no “terceiro turno” das eleições de 2022.
Após quase dois dias em silêncio, desde que foi derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro fez hoje um discurso com referência aos bloqueios nas estradas promovidos por apoiadores, criticou atos de violência e disse que “o direito de ir e vir” da população deve ser preservado.
“Com esse silêncio, Bolsonaro convocou o terceiro turno, mas perdeu mais capital político nesses dois últimos dias como golpista do que em quatro anos como um caquistocrata”, disse Toledo.
Kennedy concordou com Toledo sobre Bolsonaro ter perdido o “terceiro turno” e disse que o discurso do presidente pode ser uma tentativa de negociar algum tipo de anistia.
“Ele tentou um golpe tabajara que fracassou. Bolsonaro achou que esse bloqueio ia levar massas para a rua, uma coisa meio que Jânio Quadros, em 1961, quando renunciou achando que ia voltar nos braços do povo”, disse o colunista.
O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.
Veja a íntegra do programa:
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“Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mil no último dia 3 de outubro”.