As brigas do clã Bolsonaro que abalaram Jair na campanha – UOL Confere

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Juliana Dal Piva é formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e possui mestrado pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getulio Vargas. Trabalhou nos jornais O Dia, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e revista Época. Obteve oito premiações de jornalismo. Entre elas, o Prêmio Líbero Badaró de jornalismo impresso em 2014 e também foi menção honrosa do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Em 2019, recebeu ainda o Prêmio Relatoría para la Libertad de Expresión (RELE) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, pelo trabalho “Em 28 anos, clã Bolsonaro nomeou 102 pessoas com laços familiares”.
Colunista do UOL
06/11/2022 04h00
O presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) conviveu com diversas brigas familiares ao longo da campanha em que tentou a reeleição e acabou derrotado pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva. Discussões entre Carlos e Michelle, mulher do presidente, e desentendimentos dos filhos Carlos, Flávio e Eduardo abalaram, nos bastidores, momentos importantes da disputa presidencial.
Nos últimos dias, a briga entre Carlos e Michelle acabou se tornando pública, quando foi notado que Michelle não seguia as redes sociais de Jair Bolsonaro e vice-versa. A explicação da primeira-dama é que isso ocorreu porque as contas não são administradas pelo marido. “Conforme o Jair explicou em várias ‘lives’, quem administra essa rede não é ele”, escreveu ela no Instagram.

A coluna apurou que isso ocorreu no início de outubro. No entanto, os dois estão em pé de guerra desde a viagem para o funeral da rainha Elizabeth 2ª, em setembro. Na ocasião, Michelle e Carlos discutiram pelo protagonismo e proximidade junto a Jair Bolsonaro.
Há algum tempo, a primeira-dama tinha restringido a presença de Carlos no Palácio da Alvorada e o filho “02” andava irritado com isso. Carlos, por sua vez, também estava incomodado com a presença e uso de uma equipe de marketing na campanha. Ele queria reeditar o que, na opinião dele, funcionou em 2018. Entre essas e outras questões, os dois se desentenderam na ocasião.
O clima bélico chegou a um ápice, porém, na última semana antes da eleição, quando Carlos estava em uma reunião no Palácio da Alvorada com o pai e outros integrantes da campanha e Michelle pediu a alguém que informasse a ele para se retirar do local, recordando que ela tinha pedido, anteriormente, que Carlos não frequentasse a residência oficial. Carlos foi embora, mas se enfureceu e decidiu não acompanhar mais o pai no debate da Globo, marcado para aquela sexta-feira (28/10).
Após o debate, os interlocutores mais próximos de Bolsonaro ficaram frustrados ao avaliar que, apesar de todo o preparo, o presidente tinha ficado abalado com a ausência do filho naquele momento. Bolsonaro chegou a tremer ao falar e, ao final, pediu votos para mais um mandato de “deputado federal”, em um ato falho.
Por essas razões, os interlocutores do presidente não se surpreenderam com a nova ausência de Carlos no pronunciamento de Jair Bolsonaro na terça-feira (1º).
O “02” voltou ao Rio de Janeiro para reassumir o mandato de vereador após uma licença para atuar na campanha do pai. Carlos é o mais conhecido pela atuação nas redes sociais e está sem postar nada desde momentos antes do resultado da eleição, há uma semana, em 30 de outubro. Carlos nem sequer endossou publicamente, como os irmãos, as manifestações antidemocráticas contra o resultado das eleições.
Outra ausência notada no pronunciamento sobre a derrota foi a do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Na segunda-feira (31), um dia antes do discurso de Bolsonaro, Flávio publicou em suas redes sociais uma mensagem em que não questionava o resultado da eleição. O filho mais velho de Bolsonaro agradeceu pelos votos e disse, entre outras coisas, para “erguer a cabeça”, “não vamos desistir do nosso Brasil!”. Horas depois, postou a mensagem: “Pai, estou contigo pro que der e vier”.
Interlocutores relataram à coluna que a primeira mensagem desagradou aos irmãos. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) defendia a radicalização e o questionamento às urnas, coisa que havia meses Bolsonaro vinha fazendo. Flávio defendeu algo no meio do caminho e acabou gerando insatisfação.
Flávio e Carlos Bolsonaro também estavam se desentendendo havia meses. Enquanto o senador transitava melhor na cúpula do PL e atuava como coordenador da campanha, Carlos criticava o tempo todo a equipe de marketing defendida pelo irmão.
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