Após derrota, Bolsonaro tem rotina esvaziada e só 4 dias com agenda oficial – UOL Confere

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Jornalista formada em 2003 pela FIAM, com pós-graduação na Fundação Cásper Líbero e MBA em finanças, começou a carreira repórter de agronegócio e colaborou com revistas segmentadas. Na Agência Estado/Broadcast foi repórter de tempo real por dez anos em São Paulo e também em Brasília, desde 2015. Foi pelo grupo Estado que cobriu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. No Valor Econômico, acompanhou como setorista do Palácio do Planalto o fim do governo Michel Temer e a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência.
Do UOL, em Brasília
08/11/2022 12h00Atualizada em 08/11/2022 16h49
Ao longo de 2020 e 2021, o auge da pandemia de coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou o que chamou de “política do fica em casa”. Mas, desde 30 de outubro, quando foi derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro mantém rotina de home office, com poucos compromissos e agenda pública esvaziada.
Desde o dia seguinte à apuração (31/10), Bolsonaro ficou a maior parte do tempo recluso no Palácio da Alvorada, a residência da chefia do Executivo federal. De acordo com a agenda do governante, ele teve “compromissos oficiais” em apenas quatro dias: 31/10, 1º/11, 3/11 e 7/11.

Em paralelo à agenda oficial, Bolsonaro recebeu aliados e subordinados no Alvorada e gravou um único vídeo que foi publicado nas redes sociais. Além disso, assinou dez atos oficiais da Presidência, entre os quais mensagens ao STF (Supremo Tribunal Federal) e indicações de nomes de embaixadores (França, Jordânia e Líbano).
De acordo com o Portal da Transparência, do governo federal, o salário bruto do presidente, em 2022, é de R$ 30.934,70.
Somados os registros das agendas do presidente nos quatro dias analisados, Bolsonaro teve seis compromissos oficiais desde que foi derrotado por Lula. Foram eles:
O presidente não teve compromissos oficiais na última quarta-feira (2), feriado de Finados, e nos dias 4 (sexta), 5 (sábado), 6 (domingo) e 8 (terça). A agenda pública ainda pode ser atualizada durante a semana.
Segundo auxiliares próximos de Bolsonaro, a reclusão também tem justificativa por questões de saúde. Nos últimos dias, apos a derrota, a imunidade do presidente baixou e ele teve febre. Auxiliares disseram ao UOL que, por causa da baixa resistência imunológica, Bolsonaro apresentou uma ferida na perna, que o atrapalha para vestir terno.
Um ministro ouvido pelo UOL afirmou que a indisposição do presidente é natural neste momento “de luto” e que ele tem dito que quer cuidar mais da saúde. A preocupação do presidente com sua saúde foi inclusive mencionada por ele a ministros do STF no encontro da semana passada, após o pronunciamento feito no Alvorada.
Reuniões e vídeo destinado a manifestantes. Apesar de não constar na relação oficial de compromissos, o atual presidente —cujo mandato se encerrará em 31 de dezembro deste ano— recebeu aliados e subordinados em casa, no Palácio da Alvorada, na última semana.
Do Alvorada, ele também gravou o vídeo em que pediu para que seus apoiadores liberassem vias pelo Brasil, divulgado na quarta-feira (2).
Logo após a confirmação da vitória de Lula, manifestantes bolsonaristas insatisfeitos com o resultado começaram a bloquear rodovias em sinal de protesto. No vídeo, o candidato à reeleição derrotado nas urnas fez um “apelo” a seus seguidores:
“Quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias, isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder nós aqui essa nossa legitimidade.”
Despachos no DOU. Respostas ao STF e indicações de nomes para 3 embaixadas (França, Jordânia e Líbano) estão entre os despachos que Bolsonaro assinou desde 31 de outubro —primeiro dia útil após a derrota para Lula.
Nos últimos 8 dias, Bolsonaro publicou dez atos oficiais da Presidência da República, dos quais seis foram mensagens encaminhadas ao Supremo com informações para instrução de julgamentos (quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade, uma Ação Declaratória de Inconstitucionalidade e um Mandado de Injunção). Os registros são do DOU (Diário Oficial da União).
Na edição de hoje (8), o governante oficializou três indicações de novos embaixadores. Os nomes precisam ser analisados e votados pelo Senado Federal.
O Executivo tem pressa para fazer com que os parlamentares deliberem sobre as indicações que estão travadas na pauta da Comissão de Relações Exteriores do Senado. A ideia é que isso ocorra antes da troca de governo.
Bolsonaro indicou o diplomata Paulino Franco de Carvalho Neto para a Embaixada da França (e, cumulativamente, para a Embaixada no Principado de Mônaco); o diplomata Márcio Fagundes do Nascimento para a Embaixada da Jordânia; e o diplomata Tarcísio de Lima Fernandes Costa para a Embaixada do Líbano.
No Palácio do Planalto, Bolsonaro esteve apenas duas vezes desde que perdeu a eleição. A primeira ocorreu no dia seguinte ao revés no segundo turno, quando participou de reunião com o ministro Paulo Guedes (Economia), segundo a agenda oficial.
Na quinta (3), o presidente teve uma rápida passagem pelo Planalto, o que ocorreu no momento em que o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), dava início ao processo de transição.
Após cumprimentar Alckmin, Bolsonaro se retirou e retornou à residência oficial. O governo não explicou o motivo pelo qual o presidente fez a visita relâmpago ao Planalto.
No mesmo dia, ele participou de uma reunião oficial com o ministro da Secretaria de Governo, Célio Faria Júnior, no Alvorada; e deixou de promover a tradicional live das quintas-feiras. O motivo também não foi esclarecido.


Até 29 de outubro, véspera da eleição e último dia de campanha, a residência oficial ainda funcionava como um comitê do intento à reeleição.
Bolsonaro recebeu autoridades, artistas e aliados em seu local de moradia, promoveu atos de campanha, afixou um bandeirão do Brasil na fachada, concedeu entrevistas e fez do hall de entrada da residência oficial uma espécie da chamada “zona mista” do futebol —área onde os atletas circulam após jogos da Copa do Mundo e são abordados por jornalistas.
Último compromisso oficial foi em 19 de outubro. No período de campanha, além de realizar atividades dentro do Palácio da Alvorada, Bolsonaro fez dezenas de viagens pelo país.
A rotina exaustiva de atos eleitorais, gravação de material para rádio e TV, entre outras tarefas, fez com que o presidente praticamente não pisasse no Palácio do Planalto. O último compromisso (antes do segundo turno) tinha sido em 19 de outubro.
Encontro com Alckmin. Alckmin comentou o encontro que teve com Bolsonaro no Planalto. Segundo o vice de Lula, o presidente reiterou os “compromissos em relação à transição” e disse que vai colaborar.
“Foi positivo. O presidente [Bolsonaro] convidou. Nós já estávamos saindo já. Para que fosse até lá ao seu gabinete”, relatou Alckmin. “E reiterou o que disse o ministro Ciro Nogueira e o ministro general Ramos, da disposição do governo federal de prestar todas as informações, colaborações, para que se tenha aí uma transição pautada pelo interesse público.”
As declarações ocorreram depois de uma reunião entre Alckmin e o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), ministro Bruno Dantas, no fim da tarde da última quinta-feira. O encontro com Bolsonaro ocorreu antes disso e não estava previsto.
“O presidente [Bolsonaro] fala depois o teor da conversa. Mas foi, em resumo, reiterar os compromissos em relação à transição. Pautada na transparência, na continuidade dos trabalhos, no planejamento, na previsibilidade”, completou o vice-presidente eleito, após ser indagado se Bolsonaro o havia parabenizado pela vitória.


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