O que mercado pode esperar da política econômica do governo Lula; Haddad deve assumir? E Meirelles? – Money Times
Em meio à decisão dos nomes que irão liderar a transição do governo de Bolsonaro para Lula, o mercado se atenta à política econômica do petista para os próximos anos.
De acordo com José Marcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, três possibilidades devem ser consideradas:
Segundo o economista, a primeira possibilidade para o governo Lula seria a adoção de uma política econômica que, ao mesmo tempo em que mantém a preocupação com a redução da desigualdade e da pobreza, seja responsável do ponto de vista fiscal.
“Este cenário exigiria a manutenção de uma âncora fiscal forte e evitar aumentos adicionais de despesas, exceto os já programados, como manter o valor do Auxílio Brasil e algum aumento dos salários dos funcionários públicos, medidas que exigiriam um aumento do teto, permanente e não provisoriamente, em torno de R$ 100 bilhões”, avalia Camargo.
O economista ressalta que o risco é a ausência de uma âncora fiscal capaz de evitar o aumento de outras despesas e redução de receitas. Para Camargo, a “PEC da transição”, que cria um buraco no teto sem definir o valor, é uma ideia extremamente negativa.
Ele — e o mercado — acreditam que a nomeação de um Ministro da Fazenda com perfil ortodoxo, como Henrique Meirelles, seria positivo. “Enviaria aos investidores uma mensagem importante e geraria uma reação positiva no início do governo”, avalia o economista.
Ainda que possível, a Genial vê baixa probabilidade de idealização desse cenário. “O PT dificilmente abrirá mão do principal cargo da Esplanada dos Ministérios e de ser o protagonista do novo governo”, diz.
A segunda possibilidade — e a mais provável, segundo Camargo — seria nomear para o Ministério da Fazenda um membro do PT com experiência na administração pública. Nessa semana, o nome de Fernando Haddad surgiu entre os cogitados e é o preferido para ocupar a pasta.
“Ainda que os primeiros anúncios não sejam muito promissores (aumento real do salário mínimo, valor adicional de R$ 150 por criança no Auxílio Brasil, entre outros), a definição da política econômica somente ficaria clara ao longo do tempo”, diz o economista da Genial.
Camargo ainda diz que os investidores teriam uma reação neutra a este cenário. “Tipo esperar para ver, a menos que decisões adotadas logo no início do mandato mostrem claramente a direção que será seguida”, diz.
Por fim, a terceira possibilidade, segundo Camargo, seria nomear para o Ministério da Economia um economista com perfil desenvolvimentista, como os que ocuparam o cargo no governo Dilma Rousseff.
Esse cenário configuraria uma volta ao passado na política econômica.
A reação dos investidores seria “bastante negativa”, avalia o economista.
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Última atualização por Diana Cheng – 09/11/2022 – 17:09