Líderes sul-americanos defendem novo modelo de atuação coletiva dos países do bloco – Brasil de Fato RS

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Política
Lideranças políticas latino-americanas organizaram um documento que começa a ser distribuído hoje (14) aos presidentes sul-americanos. Entre as diretrizes apresentadas pelos signatários estão a necessidade de reorganização dos organismos institucionais do bloco para tornar suas atuações mais abrangentes e a atualização de normas e regras para adequá-las ao novo momento.
Os primeiros a receberem a carta, nesta segunda-feira (14), serão Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Gabriel Boric (Chile). A carta pode ser lida na íntegra aqui.
A ideia é que haja articulação para assuntos de interesse comercial, econômico, político, sanitário e na área de infraestrutura.
A necessidade dessa articulação, segundo as lideranças, se impõe diante de um cenário complexo, agravado por disputas políticas acirradas e, muitas vezes, contaminadas por desinformação e discursos de ódio. Além disso, a região toda é impactada por transformações da economia global, novas tecnologias no mundo do trabalho e os impactos da pandemia da covid-19.
Articulação é chave na globalização
O ex-ministro da Educação e da Justiça Tarso Genro é um dos coordenadores do trabalho e atualmente preside o Instituto Novos Paradigmas (INP), uma das entidades apoiadores. Segundo ele, a articulação entre lideranças regionais é um ponto chave dentro de um mundo globalizado. "Não há questão local que, de alguma forma, não seja também uma questão regional e global", sintetiza.
A carta aos presidentes é fruto de vários encontros internacionais promovidos pelo INP, em parceria com a Fundação Chile 21, que tem entre os seus diretores tem Carlos Ominami, ex-ministro da Economia do Chile, também coordenador das atividades.
Tarso também ressalta a contribuição de Javier Miranda (ex-presidente da Frente Ampla do Uruguai), Rafael Bielsa (ex-ministro das Relações Exteriores da Argentina) e Celso Amorim (ex-ministro de Relações Exteriores do Brasil). Os ex-presidentes Pepe Mujica (Uruguai) e Ernesto Samper (Colômbia) também acompanharam a elaboração do documento.
Integração "mais necessária do que nunca"
Conforme a redação da carta que será entregue às lideranças regionais, a América Latina concentra somente 8% da população mundial, porém registrou mais de um quarto das vítimas de covid-19.
Além disso, reforça que a região vive uma recessão mais profunda que a economia mundial e viu aumentar em cerca de 50 milhões o número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Elenca também como um desafio a fragmentação política, impeditivo para "levantar uma voz comum frente aos assuntos globais".
"Estamos convencidos de que este quadro sombrio não é inevitável. Nossa região pode fazer mais. Pouco a pouco, o processo de integração está revivendo", ressalta trecho da carta.
O documento afirma ainda que a "integração é hoje mais necessária do que nunca" e que um esforço nesta direção "alimentaria um círculo virtuoso", o que "contribuiria para um bem maior que está atualmente em perigo: a paz".
Por fim, a carta apela ainda para a "experiência e sabedoria daqueles que governam", virtudes necessárias em "tempos de crise e adversidade".
"Os ganhos democráticos conquistados na América Latina estão em risco", afirma o documento, reiterando um pedido direcionado aos presidentes Alberto Fernández, Luis Arce, Luiz Inácio Lula da Silva, Guillermo Lasso, Gabriel Boric, Gustavo Petro, Irfaan Ali, Mario Abdo Benítez, Pedro Castillo, Luis Lacalle Pou, Chan Santokhi e Nicolás Maduro.
"Temos grandes expectativas quanto à liderança exercida em seus países. Confiamos em fazer de nossa América do Sul uma força motriz para um novo nível de unidade e integração latino-americana, ancorada na solidariedade continental e nos valores permanentes da paz e da democracia", complementa.
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Edição: Marcelo Ferreira
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