Nagibe Melo: O melhor caminho | Opinião | OPOVO+ – O POVO

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Há motivos para comemorar. Houve eleições. Não houve fraude. O que já era claro para quase todo mundo, foi reconhecido também pelo Ministério da Defesa. As Forças Armadas não se deixaram seduzir pelo canto de nenhuma sereia. O Poder Judiciário atuou bem e prontamente para combater a desinformação. Pode-se criticar uma ou outra decisão, é difícil julgar rápido e com precisão em meio a tanta tensão, mas há de se reconhecer o saldo positivo. Uns ganharam, outros perderam. O processo de transição está acontecendo. Isso é democracia. Ainda temos uma.
Há motivos para se preocupar, contudo. O principal deles é que estamos comemorando a vitória da democracia. O Estado de Direito resiste bem, mas o teste não tem sido fácil. Milhares de pessoas pedem a intervenção das Forças Armadas em frente aos quarteis por todo Brasil. Elas não acreditam nas instituições brasileiras. Para elas, o Estado de Direito falhou, não serve. Querem uma refundação. Algo que as livre da corrupção, do medo, da pobreza, da insegurança. Elas acreditam que as Forças Armadas podem fazer isso, embora não tenham a menor ideia de como. Essa é uma nota triste.
Seria bom se as Forças Armadas pudessem nos salvar. Seria tão mais simples, tão mais fácil. A História alerta, contudo, que não podem. O melhor caminho é o Estado de Direito. O respeito às leis e às instituições é um caminho imperfeito, ainda assim, o melhor. Se não é o Direito, é a guerra de todos contra todos.
A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as outras, teria dito Churchill. Na democracia somos obrigados a conviver com corruptos, aceitar decisões judiciais que julgamos injustas, políticas sociais e econômicas que julgamos equivocadas. Mas podemos cobrar, criticar, propor e transformar. Somos convidados a entender o ponto de vista contrário, a dialogar com o diferente para construir o bom.
A democracia é imperfeita, pode confundir bem e mal, mas nos permite avançar em paz, com consistência. A outra opção é demonizar o diferente, purificar pela força. Nazismo e fascismo tentaram isso, resultou em tragédia.
 


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