Preço de voo no Brasil chega a dobrar em relação ao pré-pandemia; veja comparações – UOL
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As companhias aéreas no Brasil estão retomando neste ano o número de decolagens, destinos e passageiros do pré-pandemia graças à abertura de fronteiras e à demanda reprimida. Mas com o dólar e o combustível em disparada, as passagens aumentaram além da inflação entre 2019 e 2022, segundo dados de empresas de viagens.
Considerando os valores nominais (ou seja, sem descontar a inflação), as altas observadas são de pelo menos 50% entre janeiro e maio deste ano em comparação com igual período de 2019, antes da pandemia.
Já a inflação acumulada de janeiro de 2019 e abril de 2022 (dado mais recente disponível) é de 25,14%.
Embora a precificação no setor oscile de acordo com a demanda e a sazonalidade, os sucessivos aumentos no preço do QAV (combustível de aviação) são a principal causa da alta, segundo as aéreas. O produto, dizem, é responsável por metade dos custos de um voo.
De 1º de janeiro a 1º de junho, o combustível dos aviões acumula alta de 64,3%. Comparado a 2019, o percentual supera os 90% e ainda não reflete todo o aumento esperado para 2022.
Nesta quinta (2), a Petrobras anunciou mais um reajuste, acima de 11%, em importantes polos, como Guarulhos (SP), Duque de Caxias (RJ) e Betim (MG).
“Está inadministrável”, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). Segundo ele, o preço do QAV no Brasil chega a ser 40% superior ao da média global.
Gol, Latam e Azul, as três maiores companhias aéreas que atuam hoje no Brasil, afirmam que, com a escalada contínua do preço dos combustíveis, é inevitável o aumento dos valores das passagens.
Comparando os cinco primeiros meses de 2019 com os de 2022, algumas rotas nacionais têm aumento nominal acima de 70%, como Porto Alegre (74%) e São Paulo (132%), de acordo com levantamento feito pelo Kayak a pedido da Folha.
Entre os dez destinos internacionais mais procurados pelos brasileiros, Portugal se destaca. O custo médio para ir a Lisboa nos primeiros cinco meses de 2019 estava em R$ 2.750, indica a pesquisa. Neste ano, já chegou a R$ 4.626.
NACIONAIS
INTERNACIONAIS
*A pesquisa foi feita na base de dados do Kayak buscando por voos de ida e volta saindo de todos os aeroportos do Brasil com destino a todos os aeroportos do Brasil e exterior levando em conta os valores nominais das passagens. Foram consideradas buscas feitas entre 1º de janeiro e 31 de maio de 2019 e de 2022, para viagens entre 1º de junho e 31 de dezembro de 2019 e de 2022. Os preços e percentuais são uma média. Eles podem variar com o tempo.
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Pesquisa da Decolar para a Folha também mostra a escalada no período. Viajar até Orlando, na Flórida, um ano antes da pandemia saía, em média, por R$ 2.273. Nos últimos meses, a passagem até a Disney está na casa dos R$ 2.600.
Para Roma, segundo dados analisados nos canais de venda da empresa de viagens, a diferença registrada é ainda maior. O embarque de São Paulo para a capital da Itália passou de R$ 2.522 para R$ 3.386.
As aéreas afirmam que essa alta nos preços das passagens e nos custos de operação retardam o processo de retomada do setor, que caminha próximo a níveis pré-pandemia desde o final de 2021.
A Gol viu sua receita líquida mais do que dobrar entre o último trimestre do ano passado e o primeiro trimestre deste ano. Nos três primeiros meses de 2022, a empresa transportou quase 7 milhões de passageiros em mais de 48 mil decolagens. Pouco mais de 76% do volume alcançado no mesmo período de 2019.
A Azul encerrou o primeiro trimestre deste ano com receita líquida acima dos níveis pré-pandemia, segundo a empresa após elevação das tarifas para compensar o aumento dos preços dos combustíveis.
Confiante, a empresa se prepara para reforçar a operação de sua malha em julho, com voos extras e 13 novas rotas, entre o Centro-Oeste, o interior de São Paulo e o Sul do país com o Nordeste.
A Latam afirma que recuperou 100% da sua oferta doméstica de assentos no Brasil no mês passado, na comparação com maio de 2019, com uma média de 532 voos por dia para 50 destinos nacionais, seis a mais do que antes da pandemia.
Nas rotas internacionais, a recuperação da companhia chegou a 56% da sua oferta de assentos, com o reestabelecimento de voos para 18 destinos dos 26 anteriores.
Segundo os dados mais recentes da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), em março, a demanda de passageiros e a oferta por voos cresceram 98,7% e 66,9%, respectivamente, quando equiparados com igual mês do ano passado.
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