Social não se opõe ao fiscal, diz Presidente da Febraban – Poder360

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Isaac Sidney elogiou a política fiscal no governo Lula e disse que dará “voto de confiança” ao presidente eleito
O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, defendeu a necessidade de dar um voto de confiança ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao equilíbrio da política fiscal e social no próximo governo. Para Sidney, a retomada de políticas sociais não se contrapõe às questões fiscais e ajuda no crescimento econômico do país.
“O que precisamos é construir um caminho para, com transparência e previsibilidade, acomodar as pressões fiscais por conta da agenda social, em particular a questão do Bolsa Família”, disse o presidente da federação em entrevista ao jornal Correio Braziliense divulgada nesta 2ª feira (21.nov.2022).
“A preocupação com o social é fundamental e não se contrapõe à questão fiscal, nem vice-versa, pois não são excludentes, e uma precisa da outra numa relação contínua de interdependência.”
Durante a transição, Lula tem sido cobrado pelo compromisso com a responsabilidade fiscal. O petista criticou, durante a campanha e depois de eleito, a política do teto de gastos em defesa do investimento na área social.
Os economistas Arminio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha, criadores do Plano Real, enviaram uma carta pública pedindo ao presidente eleito responsabilidade social o quanto antes. Em resposta, Lula afirmou que é “humilde” para aceitar conselhos, mas reclamou de ser questionado sobre sua política fiscal. “Ninguém tem autoridade para falar de política fiscal comigo”, declarou.
Para Sidney, o presidente eleito é um político “experiente” e teve responsabilidade em seus 2 governos com a estabilidade fiscal.
“O presidente eleito Lula é um político experiente e já governou o país por 8 anos”, disse Sidney. “Depois da repercussão da 1ª fala do presidente Lula que causou forte repercussão no mercado, vários integrantes da equipe de transição fizeram questão de frisar que ele teve no passado, e terá nesse novo mandato, compromisso com a estabilidade fiscal. Nos últimos dias, o próprio Lula assumiu mais claramente esse compromisso, o que é muito importante”, disse.
O representante da Febraban ressaltou, no entanto, que caso a estabilidade fiscal não seja alcançada, o petista não poderá cumprir a promessa de atender as demandas da população mais vulnerável.
“A desigualdade de renda no país é um entrave fundamental para o crescimento sustentável da economia e, sem crescimento e controle das contas públicas, não há como diminuir as desigualdades”, afirmou. “Da mesma forma que houve excepcionalidades fiscais durante a pandemia, elas agora também são necessárias, mas precisam ter limites claros num horizonte de tempo definido.”
Em relação a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) fura-teto, apresentada pelo governo eleito, Sidney declarou que é necessário atenção do governo para que o gasto excepcional não seja definitivo. A proposta indica deixar R$ 198 bilhões fora do teto de gastos para cumprir promessas eleitorais como a manutenção do pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil.
“Nosso ponto de atenção é que o gasto transitório e excepcional não se transforme em definitivo. É importante termos uma âncora fiscal para garantir a estabilidade da dívida pública, que continua elevada, próxima de 80% do Produto Interno Bruto”, disse Sidney. “As excepcionalidades precisam ser restritas a um tempo definido, para acomodar as necessidades do auxílio e outras urgências eventuais. Mas estou certo de que nenhum governo tem por alvo o desequilíbrio das contas públicas.”
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