Ex-aliado da Ditadura Militar, coronel revela intrigas, assassinatos e corrupção nos bastidores – MovNews – MovNews

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Ele foi um dos cérebros da inteligência da Polícia Militar durante a Ditadura no Espírito Santo. Foi Secretário de Estado da Segurança Pública, Secretário de Estado de Justiça e Comandante Geral da PM.
O coronel da reserva Luiz Sérgio Aurich, de 78 anos, recebeu a reportagem do Portal MovNews em sua casa, no tranquilo e seguro bairro da Mata da Praia, em Vitória.
Em quase 3 horas de conversa, Coronel Aurich revelou os bastidores da Segurança Pública no Espírito Santo entre a época da Ditadura e a sua ida para a reserva, em 1993, quando passou a advogar.
Lúcido, mas um pouco debilitado fisicamente, Coronel Aurich relembra com facilidade de crimes, nomes, mandantes, datas e motivos que levaram ao desenrolar de histórias que envolvem dinheiro, intriga, sequestro, tortura e morte no Espírito Santo.
“Parte das forças de segurança da época serviam como uma espécie de proteção para a elite. Quando algo de ruim acontecia com os mais ricos eles recorriam ao governo, que acionava a polícia. Nós tínhamos que dar uma reposta para as demandas envolvendo os filhos dos mais ricos”, revela cel. Aurich.
Casos e personagens
Costurando uma história na outra com uma linha cronológica que une fatos do passado a nomes que ainda hoje povoam o imaginário da sociedade capixaba, Coronel Aurich relembra a participação do ex-delegado Cláudio Guerra na Ditadura Militar, por exemplo.
Acusado de eliminar 12 cadáveres nos anos de 1974 e 1975, em plena Ditadura Militar, Cláudio Antonio Guerra é ex-delegado do Dops, o antigo Departamento de Ordem Política e Social, que queimava corpos em uma usina de açúcar desativada em Campos de Goytacazes, no Rio de Janeiro.
Seus assassinatos começaram durante a Operação Radar, que executaria 19 militantes do Partido Comunista Brasileiro, incluindo Vladimir Herzog. Aos 30 anos, era um dos responsáveis por matar pessoas que fossem contra o regime militar.
“Um dos integrantes do regime que detinha mais respeito e prestígio no Estado e no Brasil junto aos militares. Cláudio Guerra era referência no que fazia, que era se livrar dos inimigos do regime”, revela Cel. Aurich.
Jornalista morta
Coronel Aurich também comenta a morte da jornalista e colunista social, Maria Nilce. Ela foi assassinada com três tiros no dia 5 de julho de 1989, quando chegava a uma academia na Praia do Canto, em Vitória.
Pelo crime, seis pessoas foram indiciadas, cinco condenadas. As investigações foram iniciadas pela Polícia Civil, mas em setembro daquele ano foram transferidas para a Polícia Federal.
Nesta série de reportagens, Coronel Aurich dá a sua versão sobre a morte da jornalista e suas circunstâncias até hoje nebulosas e envoltas em mistério.
Ele fala ainda sobre um influente pistoleiro da região Noroeste do Espírito Santo, apelidado de Soquinho, hoje já falecido, e sua saga de mortes e desmandos no interior.
O oficial da reserva continua a sua narrativa linear falando do obscuro passado envolvendo Coronel Ferreira, um militar que desafiou os poderosos do seu tempo, comandando um dos maiores grupos criminosos já formados no Estado segundo o próprio Ministério Público apurou à época. Coronel Ferreira é acusado de ser um dos mandantes da morte do juiz Alexandre Martins.
O outro apontado pela polícia como mandante do assassinato é o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, que ainda aguarda a tramitação de recursos junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Alegando ter pastas recheadas de documentos, provas, comprovantes e notas que atestam algumas verdades que ainda não foram ditas, Coronel Aurich relembra a morte do juiz Alexandre Martins, assassinado a tiros na porta de uma academia de ginástica, em Vila Velha, em plena luz do dia.
No dia 24 de março de 2003, o juiz Alexandre dispensou a segurança e acabou sendo surpreendido por dois bandidos ao chegar em uma academia, no bairro Itapoã, em Vila Velha.
Ele levou três tiros e não resistiu. Sete pessoas foram presas: os dois atiradores e cinco intermediários acusados de auxiliar na elaboração do crime. Em pouco tempo, todos foram julgados e condenados a penas que vão de oito a 25 anos de prisão. Hoje, quase todos já estão soltos.
“Aquilo foi mais que uma farsa. Foi orquestrado. Os acusados foram indiciados de forma relâmpago e condenados. Havia algo de estranho em todo aquele processo”, afirmou.
Coronel Aurich encerra a conversa com a nossa reportagem falando sobre a sua relação com os ex-governadores Albuino Azeredo e Max Mauro, de quem soi secretário e comandante da PM.
Neste domingo (4) acompanhe a história de Claudio Guerra, o delegado da Ditadura  no Espírito Santo.
Boa leitura.
 

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