Por que blocos de Vitória temem não sair no carnaval 2023? – Século Diário

0
102

Na coluna: gourmetização do carnaval?; 60 municípios inscritos no Fundo a Fundo; edital para gravações musicais na Ufes
Depois de dois anos sem saírem por conta da pandemia, a expectativa era grande para a volta do Carnaval de rua em 2023. Porém, em Vitória, a euforia deu lugar à preocupação. A Liga dos Blocos de Carnaval do Centro de Vitória (Blocão) já se manifestou publicamente sobre a falta de diálogo da prefeitura. Depois de várias solicitações de reunião sem resposta e diversos adiamentos de encontros, finalmente houve uma reunião na última semana, porém sem apresentar nada concreto para o próximo ano, apenas uma proposta de atualização do decreto de 2017. A liga apresentou na reunião sua sugestão para melhoria do decreto, mas esta sequer foi lida e discutida no ato, ficando pendente resposta posterior.  Uma nova reunião deve acontecer em breve.
Sem uma definição mais significativa a pouco mais de dois meses e meio da festa, os blocos se preocupam que possam não conseguir tempo hábil para patrocínios que se fazem importantes para garantir os blocos na rua. E mais: temem que a estratégia da gestão municipal seja burocratizar ao máximo o alvará de desfiles para minar a participação dos blocos mais independentes e críticos e abrir espaço para entidades privadas. Assim poderia se impor a lógica privatista já expressa no último Carnaval pandêmico: festa no cercadinho, para quem puder pagar. Ou ainda que nas ruas mas bem controlado, com acesso restringido, grandes limitações a vendedores ambulantes, marca de cerveja exclusiva para vendas, etc.
Ventila-se também uma intenção de que os blocos desfilem no Sambão do Povo, o que descaracterizaria a tradição da festa do Carnaval de Rua da cidade. O Centro, de fato, é o epicentro da disputa em torno do projeto para o Carnaval. O Blocão reúne 16 blocos que desfilam no bairro. A gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos), porém, tem tido diálogo e parceria com o movimento conservador local, que até criou uma associação para se contrapor à legítima representante dos moradores, Amacentro, uma das poucas de atuação independente em relação à prefeitura. Os conservadores, é sabido, costumam se posicionar contra grandes eventos tradicionais no bairro e a favor de um projeto “gourmetizador” e gentrificador, que agrada a tantos governantes e legisladores oriundos ou servidores da classe dominante capixaba.

Mais de três quartos dos municípios capixabas se inscreveram para participar do segundo chamado do Programa de Investimentos da Cultura – Fundo a Fundo, iniciativa da Secretaria de Cultura do Espírito Santo (Secult-ES) para investimentos nos municípios, unindo recursos estaduais e municipais. O resultado foi comemorado pela secretaria. Foram 60 dos 78 municípios que apresentaram suas candidaturas, sendo que na primeira edição foram 49 municípios cadastrados e 46 habilitados, dos quais 37 receberam recursos. Ao todo, para 2023 estão previstos R$ 5 milhões de investimentos estaduais, aos quais se somarão o que cada município precisa colocar como contrapartida. A lista completa dos inscritos está aqui.
A inscrição, porém, não garante ainda que o município receberá recursos. O processo seguinte ao recebimento dos documentos é a análise dos mesmos pela Secult. Para participar do Fundo a Fundo, é necessário ter criado Fundo e Conselhos Municipais de Cultura, além de comprovante de Certificado de Registro Cadastral de Convênios (CRCC). Caso haja algum problema, o município é notificado para tentar adequar seus documentos. Sendo estes aprovados, é necessário que a prefeitura apresente um plano de ação para o investimento dos recursos. Na edição lançada no ano passado, alguns municípios pararam aí e não deram continuidade, o que gerou protestos de agentes locais. É bom ficarem de olho.
Se da última vez chamou a atenção a ausência de Vitória no programa, a gestão da capital se redimiu – ao menos nesse sentido. Os documentos pendentes foram colocados em dia e o município se inscreveu. Porém, a decepção continuou em relação a Guarapari, novamente de fora, e único entre os 10 municípios com maior população do Estado a não se inscrever. E não foi por falta de cobrança, já que o Conselho Municipal de Políticas Culturais e articuladores culturais cobraram da secretaria nos últimos meses sobre essa inscrição, que teve início há um ano!

Além de Guarapari, os municípios que não se inscreveram foram Água Doce do Norte, Anchieta, Boa Esperança, Brejetuba, Conceição do Castelo, Divino de São Lourenço, Governador Lindenberg, Ibatiba, Irupi, Marechal Floriano, Montanha, Mucurici, Pancas, Presidente Kennedy, Rio Bananal, São Gabriel da Palha, Vila Valério.
Manifestação única da região quilombola do Sapê do Norte, no norte do Espírito Santo, o Ticumbi se apresentou no Sesc Glória, um dos principais palcos da Capital capixaba, onde já tinha tocado anteriormente junto à Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (Oses). Desta vez a apresentação foi solo, do Baile de Congo de São Benedito de Conceição da Barra, comandado por mestre Berto Florentino. É sempre um desafio remontar uma obra concebida para ser encenada na rua, em um local e momento específicos de celebração, para uma outra estrutura, como os palcos, que demandam iluminação específica e, principalmente, microfones, o que costuma ser uma dificuldade para uma apresentação com tantos integrantes e com posicionamentos específicos como no Ticumbi. Houve quem reclamou de não conseguir entender totalmente os versos recitados. Mas no geral, parece que a apresentação agradou: muitos aplaudiram de pé!
Como de costume, o Ticumbi, enquanto repete seu enredo do espetáculo que simula a disputa entre dois reinos africanos pela realização da festa de São Benedito, também traz versos novos a cada edição, que envolve música, poesia, encenação e dança, sendo que o grupo estava especialmente inspirado nas coreografias. Quino, hábil tirador de versos, lembrou dos professores e especialmente das professoras, assassinados dentro da escola, na luta por educar a todos. Também falou-se dos políticos e eleições, e Jonas Balbino, filho de Mestre Terto, falecido este ano, repetiu os versos feitos que lembram a trajetória do pai, um dos mais longevos mestres na história da cultura popular no Espírito Santo. Ao final, o público se empolgou com uma curta apresentação do Forró de Sapezeiro, manifestação que costuma animar os ensaios gerais do Ticumbi.

Avenida Saudade é o nome do álbum lançado pela cantora e compositora linharense Nogueira, com sete canções, que será lançado na próxima quinta-feira (8) nas plataformas digitais, contando com participações especiais de Fernanda Takai e John Ulhoa, vocalista e guitarrista do conhecido grupo mineiro Pato Fu, uma das referências musicais de Nogueira.

Ainda participa Cainã, também linharense, líder de Cainã e a Vizinhança do Espelho e produtor do disco, na canção Incômodo, assinada pelos dois conterrâneos. A obra reflete saudade e nostalgia de Linhares, já que a cantora regressou ao município depois de sete anos morando fora, quando consolidou sua carreira artística. Avenida Saudade também aparecerá em projetos visuais no YouTube, incluindo acessibilidade para comunidade surda e um documentário sobre o processo de criação da obra.
Por meio de um projeto de extensão coordenado pelo professor Daniel Tápia, o Estúdio de Música da Ufes lançou um edital que vai contemplar quatro propostas de membros da comunidade externa, ou seja, que não têm vínculo direto com a universidade, para gravação e publicação de discos musicais utilizando os recursos físicos e profissionais do curso de Música da universidade. São três diretrizes possíveis para as inscrições: apoio à produção de álbuns de música instrumental, popular ou de concerto; apoio à produção de álbuns com teor de releitura, resgate e/ou preservação da memória musical e cultural do Espírito Santo; apoio à produção de álbuns de canção original contemporânea, popular ou de concerto. As inscrições vão até dia 3 de fevereiro de 2023 por meio de formulário online.
Teve início a pré-venda do livro de contos Além das Pernas, de Aline Dias, relançado pela editora Maré com prefácio de Bernadette Lyra e desenho de capa de Isabela Bimbatto. A obra traz 26 histórias com protagonistas mulheres que falam de amor, ódio, força, arte, guerra e muito mais. A publicação estava esgotada e agora terá a nova edição lançada no dia 20 de dezembro no espaço cultural Thelema, no Centro de Vitória, com direito a show de Bruna Perê. A pré-venda tem preço promocional e está disponível aqui. Este colunista super recomenda!
Veja mais notícias sobre Cultura.
Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/

source

Leave a reply