Pressão de fornecedora da Apple pesou para China afrouxar política 'Zero Covid' – A Referência

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O diretor-fundador da Foxconn, fornecedora da Apple, Terry Gou, enviou uma carta a Beijing em novembro alertando que sua rígida política sanitária contra a Covid-19 ameaçaria a posição da segunda maior economia do mundo na cadeia de suprimentos global, informou o Wall Street Journal.
O pedido teria desempenhado um papel importante no sentido de convencer o governo chinês a flexibilizar suas medidas de “Zero Covid” e reabrir rapidamente a economia, disse a reportagem, que citou pessoas familiarizadas com o assunto.
O apelo veio após funcionários de uma fábrica de iPhones em Zhengzhou irem às ruas protestar contra o não pagamento de seus salários no final do mês passado. Houve confronto com a polícia, que agrediu os trabalhadores.
Medidas de combate à Covid-19 em Xangai, na China (Foto: Xiangkun ZHU/Unsplash)
A fábrica vinha enfrentando restrições severas contra a pandemia, que alimentaram o descontentamento entre os trabalhadores com as condições do local, o que provocou uma queda de 11,4% na receita de novembro em relação ao ano anterior. À época, cidadãos de oito distritos da cidade, onde vivem 6,6 milhões de pessoas, foram instruídos a não deixar suas residências por cinco dias.
Após o incidente, a Foxconn, proprietária da fábrica, cuja sede fica em Taiwan, pediu desculpas pelo que chamou de “um erro de entrada no sistema de computador” e garantiu que o pagamento seria o mesmo acordado com os manifestantes.
As autoridades de saúde chinesas e os conselheiros do governo aproveitaram a carta de Gou para reforçar que Beijing precisava acelerar seus esforços para aliviar seus rígidos métodos de estancar o avanço da doença. 
Em comunicado, Liu Pengyu, porta-voz da Embaixada da China nos EUA, declarou que “não estava ciente dos detalhes” quando procurado para comentar a carta relatada.
“O governo chinês coloca as pessoas e suas vidas em primeiro lugar”, disse ele. “Temos aprimorado as medidas de resposta à Covid à luz das circunstâncias em mudança. Ao fazer esses ajustes em resposta às novas circunstâncias e tarefas relacionadas à resposta ao coronavírus, a China mostrou que sua abordagem é baseada em fatos e responde às mudanças. Continuaremos a adotar uma abordagem baseada na ciência e direcionada e coordenaremos efetivamente a resposta epidêmica e o desenvolvimento socioeconômico”.
Casos e mortes são relativamente baixos na China em comparação com os EUA, a Índia ou a França, mas o governo permanece firme em seus métodos sanitários.
Beijing tem adotado uma severa política de combate ao coronavírus, com relatos de milhões de cidadãos trancados em casa durante períodos longos e empresas impedidas de funcionar, impactando duramente nas vidas das pessoas e na economia do país.
Há relatos de chineses que morreram durante os períodos de confinamento por falta de atendimento médico para doenças diversas da Covid-19 e até de fome, devido à impossibilidade de sair de casa para obter alimento.
Em maio, Tedros Ghebreyesus, chefe da OMS (Organização Mundial de Saúde), contestou a política “Zero Covid” de Beijing, o que levou o governo a censurá-lo. Declarações dadas por ele foram excluídas de ao menos dois canais, o serviço de microblogs Weibo e o aplicativo de mensagens WeChat.
A autoridade de saúde disse não aprovar a radical política chinesa de trancar a população em casa, uma iniciativa que começou em Xangai, durou seis semanas e se repetiu em outras cidades do país em meio à rápida disseminação da variante Ômicron.
“Quando falamos sobre a estratégia ‘Zero Covid’, não achamos que seja sustentável, considerando o comportamento do vírus agora e o que prevemos no futuro”, disse o chefe da OMS. “Discutimos esta questão com especialistas chineses e indicamos que a abordagem não será sustentável. Acho que uma mudança será muito importante”.
Em abril, a ONG Human Rights Watch (HRW) alertou para os danos que o confinamento vem causando a seus cidadãos, particularmente em Xangai. “As autoridades de Xangai impuseram medidas draconianas de bloqueio desde março de 2022, que impediram significativamente o acesso das pessoas a cuidados de saúde, alimentos e outras necessidades vitais”, disse a entidade na ocasião.
No caso específico de Xangai, pessoas teriam morrido porque não foram autorizadas a sair de casa sequer para tratamento médico de doenças crônicas que enfrentam. E de crianças separadas de seus pais porque um ou mais integrantes da família testaram positivo para Covid-19. Muitos cidadãos teriam ficado sem comida em casa, devido à longa duração do bloqueio, que os pegou desprevenidos.
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