Allan dos Santos reativa canais de fake news contra posse de Lula – Metrópoles

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11/12/2022 18:11, atualizado 11/12/2022 19:49
São Paulo – O influenciador bolsonarista Allan dos Santos voltou a se comunicar com apoiadores no Brasil usando plataformas de onde havia sido banido. A estratégia usada pelo militante é a criação ininterrupta de perfis e de grupos em redes sociais e aplicativos de mensagem.
A reportagem acompanha suas movimentações desde 23 de novembro, quando ele anunciou seu retorno ao Instagram, usando uma montagem em que dá um chute no ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um dos principais alvos do bolsonarista.
Isso se deve ao fato de Moraes ter decretado a prisão de Santos, além de determinar o bloqueio dos canais de comunicação do extremista, entre eles Terça Livre, no YouTube – que voltou à ativa, por meio de um site, hospedado nos Estados Unidos. Para acessar o conteúdo, porém, é necessário pagar em dólar.
Foragido da Justiça brasileira e com um processo de extradição em aberto, Allan continua difundindo no Instagram, Tik Tok, WhatsApp e Telegram, fake news, ataques e ameaças a integrantes do STF, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e à democracia.
Ele também está incentivando seus seguidores a não aceitarem a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, apoiando de longe do Brasil movimentos golpistas e favoráveis a uma intervenção militar. Desde a derrota de Jair Bolsonaro para o petista, no segundo turno das eleições, apoiadores acampam em frente a quartéis generais do Exército, questionando o resultado e exigindo um golpe de Estado.
Por volta da 16h40 deste domingo (11/12), véspera da diplomação de Lula, Santos escreveu que se o povo não agir até segunda-feira (12/12), “Lula e Moraes sequer deixarão os deputados ser diplomados e farão de tudo para prender o presidente [Bolsonaro].”
Quando decretou a prisão do bolsonarista, Moraes apontou Allan dos Santos como um dos líderes de suposto grupo criminoso responsável por atacar integrantes das instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral, reforçar o discurso de polarização e gerar animosidade na sociedade brasileira.
Até a publicação desta reportagem, o extremista mantinha 40 grupos de WhatsApp, segundo postado por ele no Instagram, onde estavam ativos seus 27º e 28º perfis – apesar da proibição judicial para isso.
Allan dos Santos afirma a seus seguidores ser um perseguido político, que o país está sob o risco de se tornar comunista, referendando o discurso para que o Brasil permaneça sob as rédeas de Bolsonaro.
Em 25 de novembro, ele compartilhou um story no Instagram afirmando que suas contas estavam sendo derrubadas “porque o presidente [Bolsonaro] não desistiu e vocês [seguidores] conseguem saber do que acontece por meio do Terça Livre. Lotem os quartéis, parem tudo”, conclamou o extremista.
Antes de suas contas serem bloqueadas, ele cria outras, já compartilhando os links, para que seus seguidores migrem para os novos endereços.
Em 5 de dezembro, ele postou uma foto perguntando se as pessoas estavam conseguindo receber suas postagens no Brasil. Ele também afirmou, por meio de texto, que o país está em uma “guerra de informação.”
Allan dos Santos teve um mandado de prisão expedido pelo STF em outubro de 2021, quando já estava nos Estados Unidos. Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes determinou ainda que a captura do foragido fosse pedida ao consórcio internacional jurídico-policial, a Interpol.
O processo para pedir a prisão e extradição passa pelo governo federal, que se esforçou para retardar a tramitação no Ministério da Justiça e, até o momento, o nome do bolsonarista não aparece na lista de procurados, o que lhe garante passe livre para circular nos EUA.
Além de suas contas em redes sociais, Allan também teve as contas bancárias ligadas ao canal Terça Livre bloqueadas por decisão de Moraes.
Por causa disso, o bolsonarista pede doações no atual site do Terça Livre, a partir de 100 dólares (cerca de R$ 530), além de oferecer assinaturas para acessar o conteúdo do portal, a partir e 10 dólares mensais (cerca de R$ 53).
Em 21 de novembro, o ministro Alexandre de Moraes ordenou o cancelamento do passaporte do blogueiro bolsonarista, conforme publicado com exclusividade pelo colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles.
O ministro determinou também que o cancelamento do passaporte seja incluído no chamado MAR, o Módulo Alerta e Restrição, do Sistema de Tráfego Internacional. Isso faz com que o influenciador não consiga se locomover para outros países a partir do território americano, onde vive atualmente.
Apesar de todas determinações, Allan dos Santos se mantém ativo, em um jogo de gato e rato com o Judiciário brasileiro.
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