Esquerda foi decisiva para a vitória de Leite no 2º turno, mas não espera alinhamento – Brasil de Fato RS

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Política
Numa eleição atípica, Eduardo Leite (PSDB) superou a candidatura de Edegar Pretto (PT) por apenas 2.491 votos – o que equivale a 0,04% – e foi ao 2º turno contra o projeto bolsonarista de Onyx Lorenzoni (PL).
O presidente estadual do PT, deputado Paulo Pimenta, explica que o apoio crítico a Leite não envolveu nenhuma questão de natureza programática. “Foi um voto baseado única e exclusivamente em defesa da democracia”, afirma. E completa: “Não há sinalização de qualquer mudança na linha de projetos do governador e nem na nossa postura de oposição ao governo”.
A promessa para a educação

Entidades vão cobrar o cumprimento das promessas de campanha / Foto: CPERS
Assim que reeleito, Leite reconheceu suas falhas na educação durante o primeiro mandato e prometeu trabalhar para melhorar a estrutura e modernizar as escolas. Para o 1° vice-presidente do CPERS Sindicato, Alex Saratt, a precariedade é evidente, mas também os trabalhadores precisam ser valorizados.
“Não adianta ter um belo prédio, reformado e equipado, se os profissionais lá dentro não têm suporte pedagógico adequado”, argumenta. Recorda que Leite cortou direitos dos trabalhadores. “É preciso rever essas questões que trouxeram muitos prejuízos para quem está na ativa e aposentados e tornaram ainda menos atrativa a área da educação.”
Saratt também chama a atenção para o que pode significar a eleição de Lula (PT) para o relacionamento com o Rio Grande do Sul. “A expectativa é de que o governo estadual, agora sob nova composição e dentro de outro quadro político, sabedor de que sua vitória contou com o voto crítico das esquerdas, do sindicalismo, do movimento popular, possa ter uma nova postura”, avalia. Para ele, a iniciativa de diálogo deve partir do governo, porque o CPERS, sempre que o procurou, não foi ouvido.
Banrisul deve ser poupado
Ainda na campanha do 2º turno, Leite prometeu não privatizar o Banrisul. Para o presidente do Sind­Bancários, Luciano Fetzner, não significa que será um governo com nova postura com relação às empresas públicas. Lembra que Leite havia prometido não vender a Corsan na campanha de 2018, o que não cumpriu, visto o processo de privatização em andamento.
Aponta que foi a mobilização sindical que pautou o Banrisul com a opinião pública, fazendo com que tanto Leite quanto seu adversário, Onyx Lorenzoni (PL), se comprometessem com a manutenção do banco estadual. “Vamos cobrar diuturnamente nos quatro anos”, pontua.
“Nossa avaliação é que o primeiro governo do Eduardo Leite construiu uma narrativa de que saneou as contas do estado, o que não é uma narrativa sustentável. Porque o saneamento das contas que ele vende depende da venda da Corsan e dependeria da venda do Banrisul”, observa.
Fetzner recorda ainda da negociação do Regime de Recuperação Fiscal, quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, queria o Banrisul privatizado. “Com Lula temos janelas de possibilidade para rever isso ou então não envolver o Banrisul mais na situação”, considera. “O que remete ao problema de como pagar as contas do estado, porque a conta não fecha.”
Será um período de pressão para fortalecimento do Banrisul público, pois ao longo do último ano houve fechamento de agências, redução de funcionários e falta de investimentos. “O que reflete na lucratividade do banco porque, quanto mais enfraquecido for ganha força a ideia de privatização”, finaliza.
Agricultura familiar na expectativa

Agricultura familiar passou grande parte do governo Leite cobrando por política de auxílio contra a seca / Foto: Maiara Rauber
Para Ildo Pereira, da direção estadual do MST, o segundo governo Leite também traz dúvidas quando o assunto é agricultura familiar. “Passamos uma das piores secas dos últimos 50 anos, com muita dificuldade e luta, e muito pouco foi investido. Só agora na campanha foram liberados os R$ 1 mil para cerca de 13 mil famílias e parte foi para nossas famílias assentadas”, repara.
Enquanto aguarda por espaço para o tema dos assentamentos na composição do próximo governo, comenta que o MST traz as mesmas questões feitas diretamente para o governador na sua primeira gestão: “Você ignora o MST? Ou você bate no MST, no sentido de repressão sobre algumas ações? Ou você dialoga com a gente?”
Será também um período de pressão para que, com a provável “abertura mais franca com o MST e para o conjunto da agricultura familiar”, o estado opere políticas públicas junto ao governo federal. “Nos dois últimos governos, R$ 23 milhões do Plano Camponês não foram liberados por falta de vontade política tanto do (governador José Ivo) Sartori quanto do Leite, e o contrato vence em 2024 a fundo perdido”, exemplifica.
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Edição: Ayrton Centeno
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