Onde Lula está escorregando e parece ter errado no cálculo – UOL Economia

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Jornalista profissional desde 1967, foi repórter, redator e exerceu cargos de chefia, ao longo de uma carreira de mais de 50 anos, nas principais publicações de São Paulo e Rio de Janeiro. Eleito ?Jornalista Econômico de 2015? pelo Conselho Regional de Economia de São Paulo/Ordem dos Economistas do Brasil, é graduado em economia pela FEA-USP e integra o Grupo de Conjuntura da Fipe-USP. É colunista de economia desde 1999, com passagens pelos jornais Gazeta Mercantil, Estado de S. Paulo e O Globo e sites NoMinimo, iG e Poder 360.
19/12/2022 15h29
A menos de duas semanas da posse oficial, o terceiro mandato de Lula começou antes da hora com o abandono da presidência na prática pelo titular até 1º de janeiro, Jair Bolsonaro. Mas Lula, do alto da sua tão celebrada capacidade negociadora e conciliadora, parece estar escorregando em algumas cascas de banana.
ONDE LULA NÃO ESTÁ SENDO LULA?

Diferentemente do que se poderia pensar, muitos ministérios podem não acarretar aumentos excessivos da máquina pública. Se os novos forem desmembramento de antigos, é mais uma rearrumação. O risco maior é se a divisão resultar em políticas não integradas e mesmo conflitantes, propiciando também desentendimentos entre ministros.
Até aqui, as pastas ministeriais já ocupadas mostram que Lula não está conseguindo fechar com nomes considerados ideais — por exemplo, Persio Arida, no Planejamento. São muitas as críticas à ausência de mulheres e negros, bem como a concessões consideradas demasiadas ao PT (Partido dos Trabalhadores).
Lula calculou que, depois de garantir apoio à reeleição do deputado Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara em 2023, negociaria, com custos políticos moderados, uma PEC que assegurasse mais recursos fora da regra atual do teto de gastos, além dos necessários para o Bolsa Família, por pelo menos dois anos. Mas parece ter errado no cálculo quando se viu enredado no esquema do “orçamento secreto”, urdido por Lira para manter controle do Legislativo e interferir no Executivo. Lula parecia ter ficado refém de Lira.
Lula e seu governo podem ter sido salvos de permanecerem reféns de Lira, tendo a PEC da Transição como moeda de troca, pela decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), pela decisão desta segunda-feira (19), pelo voto do ministro Ricardo Lewandowski, que deu maioria à decisão segundo a qual as emendas de relator, nas quais se insere o orçamento secreto, são inconstitucionais. Também ajuda Lula a liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, no domingo (18), retirando o Bolsa Família da regra do teto de gastos.
Todos sabem — ou deveriam saber — que Lula será o condutor da economia e que com ele não haverá aquela coisa tosca do “Posto Ipiranga” de Bolsonaro. Mas certos ritos e formalidades importam e Lula não deveria passar por cima deles.
O ministro que assumir o MDIC já chegará com poderes diminuídos. É possível que esse tenha sido um dos motivos da recusa de Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ao convite para o cargo. Josué é filho de José Alencar, vice-presidente de Lula em seus dois mandatos presidenciais

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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José Paulo Kupfer
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