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Bolão da Copa: Videntes X Cientistas de dados.
Douglas Nogueira
Diretor de planejamento da Talent Marcel
Se eu fosse apostar meu suado dinheirinho, teria os dois ao meu lado, mesmo que um deles não tivesse colocado o Brasil como campeão.
19 de dezembro de 2022 – 15h30
No Bolão da Copa, você apostou em quem? (Crédito: Lucas Figueiredo / Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
O futebol é apaixonante como esporte, mas o mais fascinante sobre ele é sua capacidade de extrapolar as 4 linhas do gramado. A Copa do Mundo é o momento de maior potencial para isso aconteça já que ele se torna ainda mais popular. Isso faz dele uma mina infinita de metáfora para a vida. O futebol ajuda a explicar o mundo.
Uma das características do ludopédio que o torna tão especial é o fato de que o “gol” ou o “ponto” é algo raro. Diferente de outras modalidades de esporte coletivo em que a pontuação é bem mais frequente. O que poderia ser uma desvantagem, se tornou no seu grande apelo de comoção.
Na Copa do Mundo do Catar, a média de gols é de 2.43 abaixo da Copa de 2018 que foi de 2,62. Só a média de arremessos de 3 pontos convertidos na atual temporada da NBA é de 12,7. O fato do “ponto” no futebol ser raro, faz com que a estratégia de defesa tenha um papel preponderante e mesmo a tática do ataque está em função de quebrar as linhas defensivas.
Em decorrência desse fato, times com inferioridade técnica tem maior chance de ganhar um jogo em comparação com outros esportes. Um time pode ter mais posse de bola, jogar mais bonito, ter os melhores jogadores, ter mais chutes a gol e ainda assim, perder o jogo.
No popular “Quem não faz toma”, o gol no futebol tem um peso gigante. Dificilmente um time favorito em outras modalidades não ganha o jogo, mas no futebol David tem mais chances contra Golias. Outra característica consequente é que a imprevisibilidade do resultado em um jogo de futebol é altíssima. Não à toa, ele é uma mina de ouro para os clubes de apostas. Bom, vamos ao meu ponto.
Assim como o futebol, a comunicação também tem uma dose de difícil previsão ao que se refere a sua efetividade. Em particular, nas campanhas destinadas na construção de valor de marca. Vejamos:
> A competição pela atenção está cada vez mais acirrada e tirar uma marca da irrelevância do consumidor tem se tornada cada vez mais raro, assim como “marcar o gol”.
> Existem diferentes “níveis de times”, mas todos que disputam o jogo tem chance de vencê-lo. Marcas, influenciadores, pessoas.
> O jogo é jogado no campo do consumidor e o contexto ou pauta social é cada vez mais determinante para se aproveitar uma chance de marcar um gol. Nesse contexto, não ganha quem cria mais chance, mas quem tem melhor aproveitamento dadas as oportunidades.
Nesse cenário, “dado” tem um papel fundamental já que é através dele que se pode potencializar suas apostas. Apesar disso, o dado não ganha jogo sozinho. Tudo começa com dado, mas ele não é tudo.
Modelo matemático desenvolvido pela Oxford para prever os chaveamentos da
Copa do mundo de 2022 (Crédito: Reprodução)
Porque assim como no futebol se você levar o dado preditivo a ferro e fogo certamente estará mais perto de acertar, mas se o gol não sair, se perde o jogo do
mesmo jeito. Existe uma tal “mística” no futebol que é capaz de colocar Marrocos entre as 4 maiores seleções na Copa do Mundo. Faz a Croácia avançar para a semifinal ganhando um jogo com um chute a gol em 115 minutos disputados. Fez o Japão ganhar de Alemanha e Espanha mas perder para a Costa Rica.
O futebol conta histórias improváveis, faz o time pobre ganhar do time rico, faz o time favorito perder para o azarão e quando todo mundo aposta na no improvável, dá a lógica. Um drible, um improviso, uma oportunidade do contexto do jogo podem determinar o vencedor.
Esse imponderável também é conhecido como criatividade e assim como no futebol pode dar a vitória para as marcas no jogo pela atenção do consumidor. Então, se você pensar no Bolão da Copa quem tem mais chances acertar os resultados? Videntes ou Cientistas de Dados?
Se eu fosse apostar meu suado dinheirinho, teria os dois ao meu lado, mesmo que um deles não tivesse colocado o Brasil como campeão.
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