Futebol brasileiro foi desclassificado até do Fifa 23. Por Leandro Fortes – Diário do Centro do Mundo
A já tradicional retirada melancólica da seleção brasileira, nas quartas de final da Copa do Mundo, veio no rastro de um apagamento geracional devastador: lançado em setembro, dois meses antes da estreia da Copa do Catar, o FIFA 23, da Eletronic Arts (EA), mais famoso videogame de futebol do mundo, foi lançado sem o campeonato brasileiro.
Assim como o álbum de figurinhas da Copa, editado pela Panini, o FIFA está, há 25 anos, no imaginário lúdico de crianças, adolescentes e adultos como uma plataforma de entretenimento e, em alto grau, de representação do status do Brasil como país do futebol. Apenas no fim de semana do lançamento do FIFA 23, foram registrados 10,3 milhões de jogadores virtuais.
A exclusão do campeonato brasileiro do FIFA 23 se deu, justamente, dentro do processo de selvageria capitalista que transformou o futebol nacional num armazém de secos e molhados, e os jogadores em comodities vendidas no mercado internacional de carne fresca cada vez mais cedo – o caso do palmeirense Endrik, de 16 anos, vendido por quase 400 milhões de reais ao futebol europeu é bastante emblemático sobre isso.
Para que a EA pudesse colocar o campeonato brasileiro no FIFA 23, precisaria negociar, time por time, os direitos autorais dos símbolos dos clubes e dos nomes dos jogadores escalados. Uma operação caríssima que deixou de valer à pena diante de um campeonato que tem servido, basicamente, como uma espécie de “Malhação” para revelar novos produtos para a indústria da bola.
Restou, no mundo do FIFA 23, o uso de alguns times brasileiros campeões de torneios internacionais, como a Libertadores da América, mas com nomes inventados de jogadores. Um vexame total.