Futebol Feminino no Brasil em 2022: evolução e aspectos que precisam ser melhorados – GOAL Brasil

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O ano foi marcado por evoluções, mas com boa dose de altos e baixos
Parâmetros e expectativas são acompanhados por um grau de subjetividade. Dessa forma, as avaliações sobre a qualidade do ano do futebol no Brasil poderão ser diferentes. Pela minha ótica, o 2022 brasileiro foi bom, mas a curva de evolução já poderia estar maior.

Evolução não é apenas o que vemos em campo, de qualidade de jogo, número de gols marcados, por exemplo, mas também o que enxergamos fora dele, como postura, estrutura e planejamento. Boa parte das equipes nacionais pecou na montagem de elenco, com lacunas e falta de profundidade evidentes. Essas carências, somadas às lesões, à Covid-19, às convocações para seleção (sejam elas para principal ou de base) e ao calendário apertado, trouxeram enorme desafio para as comissões técnicas.

Na parte de estrutura, as instalações, gramados e estádios utilizados já poderiam ser melhores. Estes fatores têm impacto direto na qualidade do espetáculo e do jogo, bem como na saúde e segurança das atletas, visto que gramados piores, por exemplo, aumentam a suscetibilidade de lesões. Em entrevista para a Gazeta Esportiva, Bia Zaneratto, atacante do Palmeiras e uma das melhores jogadoras do país, cobrou condições melhores para as atletas do clube, que opta por utilizar um centro de treinamento em Vinhedo (SP) para seu futebol feminino, ao invés das instalações do masculino em São Paulo.

Não só os clubes têm responsabilidades, mas também a CBF. A Confederação Brasileira, responsável pela organização do calendário de competições, incluindo base e profissional, também apresentou falhas. A tabela do Brasileirão A1, principal campeonato nacional, só foi divulgada na véspera do seu início. As outras divisões, A2 e a estreante A3, tiveram seus jogos postergados, com as equipes e profissionais participantes "no escuro" quanto à data de começo. Olhando para a base, torneios foram condensados em poucos dias e realizados em estádios com gramados bastante criticados, como o de Santana de Parnaíba (SP).

Além disso, as premiações, também de responsabilidade da CBF (competições nacionais), precisam de maior atenção. A Supercopa, primeiro torneio do ano, terminou sem prêmio em dinheiro para o vencedor. Já o Campeonato Brasileiro, que tinha premiação inicial inferior à dada pelo Campeonato Paulista, apresentou injeção de valores para os vencedores apenas na sua reta final.

Todos os fatores supracitados repercutiram no tamanho da evolução do futebol nacional neste ano. É válido destacar também que os níveis técnico, físico e tático no país têm crescido, mas precisan melhorar mais. E é justamente nesse ponto que incluo as jogadoras e os profissionais capacitados. Temos grande problema estrutural, mas já estamos em estágio no qual cobranças são naturais no alto rendimento. Sair da zona
de conforto, buscar novos desafios e evolução dos aspectos do seu próprio jogo são pontos vitais.

O Brasileirão foi bastante equilibrado, porém nivelado por baixo. Se times como Real Brasília, Atlético Mineiro e Internacional elevaram seu nível comparado a temporadas anteriores; Corinthians, Ferroviária, Santos e Palmeiras – o líder da primeira fase – poderiam entregar mais pela qualidade de seus elencos e investimento. No mata-mata, vimos jogos melhores, mas ainda aquém do que as equipes poderiam render.
Em termos de títulos (os principais – nacionais e internacionais), o Corinthians, que teve ano de altos e baixos, conquistou dois torneios, a Supercopa e o Campeonato Brasileiro. Nas outras divisões, o Ceará foi o grande campeão do Brasileirão A2 e o Taubaté conquistou o Brasileirão A3. Já na base, o Internacional foi o vencedor dos dois principais campeonatos, Brasileirão Sub-17 e Sub-20. No âmbito internacional, o Palmeiras, que superou o ambiente conturbado dentro e fora de campo, venceu a Libertadores de forma inédita.

Focando nas Seleções Brasileiras, a principal e as de base (Sub-20 e Sub-17), o ano foi positivo. A equipe dirigida por Pia Sundhage conquistou, de forma invicta e sem sofrer gols, a Copa América, principal competição de 2022, e confirmou vaga para Copa do Mundo de 2023 e Olimpíada de 2024. O conjunto brasileiro, que passa pela tão esperada renovação, realizou jogos competitivos contra adversários do top-10 e top-15 do ranking da Fifa na preparação para o Mundial. Já a Sub-20, comandada por Jonas Urias, conquistou o inédito terceiro lugar no Mundial da categoria. Por outro lado, a Sub-17, treinada por Simone Jatobá, alcançou a fase quartas de final do Campeonato Mundial.

O balanço geral é, como defini, de um ano “ok”, bom. Olhando para o futuro, para posicionar melhor o Brasil em relação às principais ligas e seleções pelo mundo, é preciso continuar evoluindo, mas com execução melhor, a fim de aumentar a curva de crescimento e melhorar a estrutura e a capacitação de profissionais.

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