Bolsonaro deixa governo com expectativa de liderar oposição – Poder360

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O mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL) acaba neste sábado (31.dez.2022). Nos 4 anos em que comandou o país, o chefe do Executivo acumulou vitórias, derrotas, avanços, retrocessos, escândalos e críticas. Conhecido por sua retórica firme e peculiar, o presidente deixa o comando do país com expectativa de liderar a oposição.
Em 30 de outubro, Bolsonaro saiu das urnas derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 58 milhões de votos. Foi a maior votação que um candidato que perdeu a eleição já recebeu. A diferença para o petista foi de só 2,1 milhões de votos na eleição mais polarizada desde a redemocratização.
O presidente saiu do Brasil 1 dia antes de deixar o cargo. Foi para Orlando, nos Estados Unidos. Deve ficar no país, pelo menos, até o final de janeiro. Não há data definida para o retorno. Lá, está acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e da filha Laura, de 12 anos.
Antes de deixar o país, Bolsonaro fez uma live de despedida do cargo, em uma das poucas declarações públicas desde que perdeu a eleição. Nela, o presidente chorou ao falar que “jamais imaginava” chegar à Presidência e afirmou que houve um “propósito”, que, segundo ele, seria “atrasar” o avanço da esquerda.

Na mesma transmissão, o presidente descartou a possibilidade de Lula não assumir a Presidência. Bolsonaro afirmou que buscou alternativas e “uma saída para isso” na Constituição, mas não teve apoio.
O presidente evitou ir ao Palácio do Planalto, sede do governo, desde o resultado das eleições. Bolsonaro recebeu aliados e cumpriu poucos compromissos oficiais de despacho no Palácio da Alvorada, sua residência oficial. Também fez poucas aparições públicas. Ele foi o 1º presidente a tentar a reeleição e não ganhar.
Bolsonaro chegou à eleição com recorde de ruim/péssimo entre os que buscaram a reeleição: 43%, segundo a pesquisa PoderData realizada logo depois do 1º turno, de 3 a 5 de outubro. Outros 42% avaliavam seu trabalho como ótimo/bom.
Também segundo o PoderData, Lula chegou ao pleito de 2022 com 53% das intenções de voto, considerando os válidos. Bolsonaro tinha 47%.
O ex-presidente Lula ganhou a eleição com 50,82% dos votos. Já Bolsonaro ficou com 49,18%.

No dia da eleição, o Poder360 fez uma análise sobre a derrota do presidente da República. Nela, foi dito que a derrota era mais para si próprio do que por qualquer outro fato.
O Brasil enfrentou a pandemia de covid (por 2 anos) e os efeitos da guerra da Rússia contra a Ucrânia (ao longo de 2022). Ainda assim, Bolsonaro tinha resultados econômicos positivos para mostrar. Mas perdeu.
Ele não conseguiu entender até hoje a razão pela qual havia vencido em 2018. Atuou no Palácio do Planalto com o mesmo discurso de 4 anos atrás. Só que o Brasil e o mundo mudaram. Bolsonaro, não.
Em 2018, a conjuntura permitiu a abertura de uma janela de oportunidade para o candidato que soube como vocalizar a ojeriza de parte (à época majoritária) da sociedade brasileira em relação ao PT. Os telejornais mostravam diariamente casos de corrupção na Petrobras. A Lava Jato pulsava na mente dos eleitores. Os delatores apareciam em vídeo contando como eram suas traficâncias diante do então juiz federal Sergio Moro (hoje senador eleito pelo Paraná). Lula havia sido preso. Os juízes de 1ª e de 2ª Instância condenaram o petista dizendo que as provas eram irrefutáveis.
Nesse ecossistema udenista formou-se uma sanha persecutória contra qualquer tipo de político que já tivesse estado em algum governo. Bolsonaro foi quem soube modular o discurso para os eleitores brasileiros que buscavam mudar a forma de fazer política (ainda que ele próprio tivesse sido forjado no mesmo sistema em que prosperaram seus adversários).
Deu tudo certo para Bolsonaro por causa da conjuntura muito específica de 2018.
Só que ao tomar posse, o presidente não conseguiu alcançar do ponto de vista cognitivo os motivos que o haviam levado ao Planalto. Achou que foi mérito próprio, quando na realidade ele foi só um veículo para o eleitor desaguar suas mágoas e ressentimentos.
Em dezembro, a última pesquisa PoderData com avaliação do governo mostrou que a gestão de Bolsonaro chegou ao fim aprovada por 41% dos eleitores brasileiros e desaprovada por 50%, na pesquisa realizada de 11 a 13 de dezembro de 2022. Outros 9% não souberam como responder.

Outra pesquisa, feita no mesmo período pelo PoderData, mostra um país dividido: 51% acreditam que Lula fará uma gestão melhor que a de Bolsonaro. Outros 43% discordam: 34% acham que o governo petista será pior, enquanto 9% consideram que será igual.

É neste contexto que entra o papel de Bolsonaro, como principal opositor ao governo Lula. O PL, partido do presidente, elegeu a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 99 deputados. Ao todo, o presidente deve ter uma parte da Casa Baixa mais simpática as suas pautas e também parte dos governadores simpáticos às suas pautas.

O clã Bolsonaro ainda terá 3 mandatos políticos nas cadeiras dos filhos do chefe do Executivo: até 2026, com Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na Câmara; e Carlos Bolsonaro (Republicanos) até 2024 na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
No Congresso, a 1ª batalha será na disputa pelo Senado, que já tem 2 candidatos: um apoiado por Bolsonaro e outro por Lula. Rodrigo Pacheco (PSD) vai tentar a reeleição para o comando da Casa Alta com o apoio do Planalto, enquanto Rogério Marinho (PL) vai disputar o cargo com o apoio de Bolsonaro e seu entorno. 
O clima de polarização no país deve vigorar durante os próximos 4 anos, contribuindo para que o chefe do Executivo se mantenha como nome forte na política. 
Bolsonaro entrega o cargo aos 67 anos em 2023. E deve tentar voltar ao Palácio do Planalto em 2026. Capitão reformado do Exército, em 2018, foi o 1º militar eleito por voto direto para o Planalto em mais de 7 décadas
Nos 4 primeiros anos de governo, manteve o perfil duro, direto, adepto de palavrões, porém piadista e leal com pessoas próximas. Foi visto como autêntico pelos eleitores.
Criou no Palácio da Alvorada o chamado “cercadinho” de apoiadores, com quem conversa uma ou duas vezes diariamente. É com os apoiadores e durante as lives no Palácio da Alvorada que Bolsonaro mais revela traços de sua personalidade e se permite digredir. A temática religiosa, com passagens bíblicas decoradas, é explorada quase diariamente.
Bolsonaro conduziu os primeiros quase 4 anos de governo com falas incisivas, polêmicas e marcantes
Ao longo da pandemia, o chefe do Executivo declarou diversas vezes não ter se vacinado. Passeava em comunidades sem máscara enquanto parte expressiva da população praticava o isolamento social, medida recomendada por especialistas da área de saúde pública.
Travou conflitos públicos com ex-ministros e governadores. Realizou diversas trocas na equipe ministerial, em especial nos ministérios da Saúde e da Educação.
Crítico da atuação de ministros do STF, Bolsonaro já afirmou que a Corte promove “clara” judicialização contra o governo. 
Além de queixas ao Judiciário, Bolsonaro é crítico da mídia brasileira. Faz ataques contínuos a emissoras de televisão e a jornais específicos. No 1º mandato como presidente, atacou jornalistas e ameaçou dar uma porrada em um repórter.
Nascido em 21 de março de 1955 em Glicério, no interior de São Paulo, Bolsonaro foi registrado na cidade de Campinas (SP). Foi, em 2018, o 1º paulista eleito presidente desde Rodrigues Alves, em 1902 e depois em 1918 (mas nessa 2ª vez Alves não assumiu o país, pois contraiu gripe espanhola e morreu antes da posse).
É filho de Perci Geraldo Bolsonaro e de Olinda Bonturi Bolsonaro. Graduou-se em 1977 no curso de formação de oficiais da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), em Resende (RJ), e no curso de paraquedismo militar da Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro.
Atuou como capitão do Exército no Mato Grosso do Sul de 1979 a 1981. Em 1983, formou-se na Escola de Educação Física do Exército, também no Rio de Janeiro.
Em 1986, quando servia como capitão no 8º Grupo de Artilharia de Campanha, ganhou projeção nacional ao escrever o artigo “O salário está baixo”, publicado na revista VejaO capitão foi preso por infringir o regime disciplinar.

Depois da fama advinda do artigo, Bolsonaro se reelegeu consecutivamente para o cargo de deputado federal nas eleições de 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014.
Bolsonaro foi casado com Rogéria Nantes Nunes Braga Bolsonaro de 1993 a 2001. Com ela, teve 3 filhos: Flávio, Carlos e Eduardo. Seu 2º casamento foi Ana Cristina Vale, com quem teve seu 4º filho, Jair Renan. Em 2007, casou-se com Michelle de Paula Firmo Reinaldo, sua atual mulher, com que teve sua 1ª filha, Laura.
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