Imprensa europeia repercute posse de Lula – DW – 02/01/2023 – DW (Brasil)

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Jornais destacam compromisso do novo presidente com combate à fome e ao desmatamento, reconstrução do país e retomada de relações com outros governos.
Esquerdista promete proteção ambiental e progresso social ao tomar posse como presidente
Um lacrimejante Luiz Inácio Lula da Silva prometeu tirar o Brasil da era de “devastação” de Jair Bolsonaro e iniciar uma nova fase de reconciliação, preservação ambiental e justiça social após ser empossado como presidente. Lutando contra as lágrimas ao se dirigir a dezenas de milhares de apoiadores que lotaram a praça em frente ao palácio presidencial em Brasília, Lula declarou o fim de “um dos piores períodos da história brasileira” sob o ex-presidente de extrema direita.
“[Foi] uma era de sombras, de incertezas e de muito sofrimento. Mas esse pesadelo chegou ao fim”, disse Lula, prometendo reunir o país sul-americano amargamente dividido e governar não apenas para aqueles que o elegeram nas eleições históricas de outubro, mas para todos os 215 milhões de brasileiros.
“A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra”, afirmou Lula, apelando para que os cidadãos reconstruam amizades destruídas por anos de discurso de ódio e mentiras. “Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo.”
O esquerdista veterano, ex-operário que foi presidente de 2003 a 2010, se emocionou ao falar em seus planos de combate à fome, que chamou de “o mais grave crime cometido contra o povo brasileiro”.
“(Há) mães garimpando o lixo em busca de alimento para seus filhos, famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo”, disse.
O novo presidente do Brasil não mencionou nominalmente seu antecessor de direita. Mas criticou os danos causados pelos quatro anos do governo Bolsonaro, durante o qual quase 700 mil brasileiros morreram devido a uma mal administrada pandemia de covid, milhões mergulharam na pobreza e o desmatamento na Amazônia disparou.
O mandatário assina decretos para combater fome e o desmatamento e restringir as armas após tomar posse diante de uma maré humana reunida em Brasília
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Lula prometeu lutar sem trégua contra a desigualdade que pesa sobre o país que já presidiu entre 2003 e 2010. Ele lembrou que os 5% mais ricos do Brasil acumulam a mesma renda dos 95% restantes. O Brasil viveu um momento político neste Ano Novo que seria inimaginável até pouco tempo atrás. Como os brasileiros gostam de lembrar, a política aqui é daquelas que delicia qualquer roteirista.
Tanto em palavras quanto em gestos, o novo presidente do Brasil insistiu em várias ideias: um, ele governará para todos os brasileiros, os que votaram nele e os que não votaram; dois, dará atenção especial aos que têm menos, aos que precisam do Estado para garantir a mera sobrevivência (a distribuição de renda foi a marca de seus dois mandatos anteriores); e três, a vitória nesta ocasião não é uma conquista pessoal nem do Partido dos Trabalhadores (PT), mas da frente ampla que conseguiu forjar com ex-adversários. Só assim conseguiu derrotar Jair Messias Bolsonaro, de 67 anos, e foi por pouco: apenas 1,8 ponto percentual.
O mandatário lembrou aos parlamentares que há 20 anos, após sua primeira vitória, afirmou em seu discurso que a missão de sua vida era que todo brasileiro fizesse três refeições ao dia. “Ter de repetir este compromisso no dia de hoje – diante do avanço da miséria e do regresso da fome, que havíamos superado – é o mais grave sintoma da devastação que se impôs ao país nos anos recentes”. Sua prioridade agora, disse, será resgatar 33 milhões de brasileiros da fome e 100 milhões da pobreza.
Lula tomou posse como 39º presidente do Brasil, regressando ao cargo mais de uma década depois. Cerimônia em Brasília marcada por um forte dispositivo de segurança, mas sem incidentes.
Assim que subiu a famosa rampa do Palácio do Planalto e recebeu a faixa presidencial, Lula da Silva não conseguiu esconder as lágrimas. Quase como se fosse a primeira vez. Mas não era. Pela terceira vez na sua vida, Luiz Inácio Lula da Silva, antigo operário metalúrgico com o ensino primário, tomou posse como presidente da república. Apelou à união entre os brasileiros e prometeu cuidar do país depois de anos de “barbárie”, embora sem nunca citar diretamente o grande ausente da cerimônia: Jair Bolsonaro.
Se a situação econômica era precária quando o esquerdista Partido dos Trabalhadores assumiu o poder há 20 anos, agora é catastrófica em comparação. A pandemia afetou duramente o Brasil, o país está fortemente endividado, e a inflação consumiu principalmente as economias da classe média baixa. Lula já havia dito que o combate à fome e à pobreza será o foco principal de seu novo governo.
No entanto, o espaço de manobra é pequeno. A receita com a venda de matérias-primas está aumentando, mas não se pode falar em um boom como nos anos 2000. Lula da Silva precisa, portanto, do apoio do empresariado, assim como tem que se acertar com os partidos conservadores, que conquistaram enorme número de cadeiras no Parlamento nas eleições. E assim sua política econômica nos próximos anos será uma coisa acima de tudo: uma caminhada na corda bamba. Ele deve ser um pai para os pobres e, ao mesmo tempo, amigo dos empresários.
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Mas com Lula da Silva, o Brasil provavelmente voltará a ganhar peso no exterior. Seu antecessor de direita, Jair Bolsonaro, isolou o país com suas desastrosas políticas ambientais e ataques verbais. O novo governo de esquerda vai agora querer reavivar as outrora boas relações com a Europa, também no que diz respeito ao tratado entre a União Europeia e os países do Mercosul, que também inclui o Brasil.
Recomeço no maior país da América Latina: o ex-engraxate, líder sindical e chefe de Estado Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse como novo presidente do Brasil após um hiato político de vários anos. “Vou governar para 215 milhões de brasileiros e não apenas para quem votou em mim”, disse ele em seu discurso de posse no Congresso no domingo. “A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra.”
O político de esquerda derrotou no segundo turno seu antecessor de direita, Jair Bolsonaro, no final de outubro. O ex-militar, cujo governo dividiu profundamente o país e lhe rendeu o apelido de “Donald Trump dos trópicos”, nunca reconheceu explicitamente sua derrota. Durante semanas após a eleição, seus partidários bloquearam estradas e convocaram os militares para dar um golpe.
Lula rebateu o comportamento de seu antecessor, também criticado pelo governo alemão, com uma mensagem conciliatória ao povo: “Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz”, disse o ex-presidente de 77 anos.
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Lula está agora diante de grandes desafios. Depois de Bolsonaro polarizae a política doméstica e isolar o Brasil no cenário mundial, o novo presidente quer unir seu país e levá-lo de volta ao cenário internacional. Lula anunciou uma política resoluta de proteção ambiental e climática, bem como medidas contra o aumento da fome. No entanto, ele está lidando com um Parlamento no qual os apoiadores de Bolsonaro compõem o maior grupo.
Desde domingo Luiz Inácio Lula da Silva é presidente do Brasil novamente. No final da tarde, sob os olhares da nação, ele subiu a rampa do Palácio do Planalto, onde recebeu a faixa presidencial pela terceira vez, depois de 2003 e 2007.
A despeito da tradição, ela não lhe foi passada por seu antecessor. O ex-presidente Jair Bolsonaro nunca cogitou participar da cerimônia e viajou para o exterior. Em vez disso, um grupo de brasileiros comuns, incluindo um indígena, um menino negro, um trabalhador, uma catadora de lixo e um deficiente físico, entregou a faixa ao presidente “em nome do povo brasileiro”.
Em seu discurso, Lula da Silva clamou, entre lágrimas, pela unidade brasileira. Ele disse que governará para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para aqueles que votaram nele.
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Não só a população estava presente em grande número. Chefes de Estado e de governo de 24 países, incluindo o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e representantes de mais de 30 outros países participaram da cerimônia de posse. Steinmeier, que se encontrou pessoalmente com Lula no sábado, expressou sua satisfação pelo Brasil estar “de volta ao cenário internacional“.
A cerimônia de posse encerra a mais disputada eleição presidencial brasileira dos últimos 30 anos. Lula, que derrotou Bolsonaro por menos de dois pontos no segundo turno, venceu acom a promessa de reunificar um país dividido. Suas prioridades, conforme anunciou durante a campanha eleitoral, são o combate à pobreza e os investimentos em educação e saúde, além de frear o desmatamento da Floresta Amazônica. Foi fundamental para ele o apoio de algumas formações moderadas, que depois incluiu no seu governo (gerando alguma polêmica, dada a elevada percentagem de homens brancos que compõem a lista).
Aliás, fecha-se também o ciclo de infortúnios para o novo presidente. Lula, de fato, volta à Presidência após longos percalços judiciais: já foi condenado duas vezes por corrupção e passou 580 dias na prisão. As sentenças foram posteriormente anuladas pelo STF por vícios processuais e porque os julgamentos foram conduzidos com objetivos políticos, depois de tudo isso ter impedido que Lula voltasse a concorrer às eleições presidenciais de 2018, vencidas por Bolsonaro.
md/lf (ots)

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