Campeã de voto e ascensão meteórica: quem é a ministra ligada a miliciano – UOL Confere
Do UOL, no Rio
04/01/2023 14h55
Daniela Carneiro (União Brasil) surgiu na política em 2017. Cinco anos depois, Daniela do Waguinho, como é conhecida, é a deputada federal mais votada do Rio de Janeiro e chefe do Ministério do Turismo no governo Lula (PT).
Agora ela está nos holofotes por ligação com o ex-PM Juracy Alves Prudêncio, o Jura, condenado por homicídio e apontado como chefe de uma milícia na Baixada Fluminense.
Jura —que cumpre regime semiaberto— fez campanha para Daniela quando ela concorria ao seu primeiro mandato, em 2018, conforme informou a Folha de S.Paulo. Daniela também teve o apoio de Giane Prudêncio, esposa de Jura.
Jura também foi nomeado, em 2017, como assessor na Prefeitura de Belford Roxo, comandada pelo marido de Daniela.
Por meio de nota de sua assessoria de imprensa, a ministra disse que “apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito”.
Daniela Carneiro salienta que compete à Justiça julgar quem comete possíveis crimes.”
Nota da assessoria de Daniela Carneiro
Antes, em 2017, o Ministério Público do RJ alegou que a indicação à Assistência Social de Belford Roxo se tratava de nepotismo e o caso chegou ao STF. Mas Daniela foi exonerada do cargo antes da análise dos ministros.
Uma das assessoras parlamentares de Daniela recebeu pagamento público duplicado por cinco meses.
Além do salário na Câmara dos Deputados (cerca de R$ 3.000), Íris Campos Ramalho constava na folha secreta de funcionários da Ceperj (remuneração de R$ 2.500). Após o caso vir à tona, ela foi exonerada do gabinete de Daniela.
Série reportagens do UOL revelou o emprego de cabos eleitorais, aliados políticos e indícios de funcionários fantasmas na fundação. Com algumas exceções, como profissionais de saúde e professores, tanto o estatuto do servidor fluminense quanto a Constituição Federal proíbem o acúmulo de cargos ou funções.
Em 2018, Daniela foi eleita deputada federal com cerca de 135 mil votos. Na campanha, a candidata a deputada estadual pelo PT Tainá Sena disse ter sido agredida por seguranças da atual ministra enquanto falava com eleitores.
Ao jornal Extra, afirmou que tiros foram disparados para o alto. Na época, Daniela afirmou que a situação estava sendo usada para que a adversária “ganhasse notoriedade”.
Na campanha de 2022, uma mulher grávida se feriu e perdeu o bebê durante uma confusão. Os candidatos a deputado estadual Danielzinho (PSDB) e Sula do Carmo (Avante) atribuíram as agressões ao grupo de Daniela quando faziam uma caminhada no bairro Roseiral.
O patrimônio de Daniela declarado à Justiça Eleitoral aumentou 62% entre 2018 e 2022: de R$ 450.817,66 em 2018 para R$ 733.291,33 —sendo R$ 180 mil em dinheiro vivo.
Eleita com 213.706 votos no ano passado, Daniela conquistou 114.345 deles no município comandado por seu marido.
A força política de Waguinho fez com que Lula buscasse seu apoio para penetrar na Baixada Fluminense e “virar” no Rio, onde Bolsonaro (PL) teve mais votos no primeiro turno.
No fim das contas, Bolsonaro manteve a vantagem na região. Mas o apoio de Waguinho viabilizou a campanha petista no segundo turno. Belford Roxo, inclusive, recebeu um comício do presidente, com direito a Daniela dançando de mãos dadas junto à primeira-dama Janja.
A nomeação de Daniela ao Ministério do Turismo é resultado de uma articulação do PT com o União Brasil e com Waguinho.
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