Jamil Chade – Lula promove guinada na diplomacia e marca fim de … – UOL Confere

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Jamil Chade é correspondente na Europa há duas décadas e tem seu escritório na sede da ONU em Genebra. Com passagens por mais de 70 países, o jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparência Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Vivendo na Suíça desde o ano 2000, Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti. Entre os prêmios recebidos, o jornalista foi eleito duas vezes como o melhor correspondente brasileiro no exterior pela entidade Comunique-se.
Colunista do UOL
07/01/2023 04h00
Em menos de uma semana, medidas de impacto adotadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva sinalizaram ao mundo uma guinada na política externa do país e uma nova inserção do Brasil no cenário internacional. ONU, OMS e entidades de direitos humanos comemoraram. Mas, nos bastidores, negociadores alertam que a retomada da credibilidade do país dependerá de ações concretas.
Ao longo dos últimos quatro anos, o governo de Jair Bolsonaro rompeu com uma postura tradicional da diplomacia brasileira em diversos temas, além de causar atritos com alguns dos principais aliados do país no exterior. Ao assumir o Itamaraty, o novo chanceler Mauro Vieira declarou na segunda-feira que ações seriam tomadas para reposicionar o país no mundo.

Mas, em apenas cinco dias, seu ministério e outros como o de Direitos Humanos, Saúde e Meio Ambiente anunciaram medidas que visavam dar uma sinalização clara à comunidade internacional de que Lula tem pressa em recuperar a credibilidade do país no exterior.

Eis algumas dessas iniciativas:
Fora do Itamaraty, as sinalizações também apontam para uma recuperação dos ativos do Brasil no exterior e na volta aos instrumentos internacionais.
Na Saúde, por exemplo, a nova ministra Nísia Trindade destacou que sua gestão será marcada pelo respeito aos direitos humanos e ciência. Segundo ela, tudo o que não estiver dentro desse marco será revogado.
Na pasta de Direitos Humanos, o novo ministro Silvio Almeida também sinalizou que irá atender aos apelos dos mecanismos internacionais, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e da ONU. O governo voltará a permitir o funcionamento dos órgãos colegiados, restabelecerá os mecanismos de prevenção da tortura e a comissão de mortos e desaparecidos. Além disso, Silvio Almeida deixou claro que irá focar seu trabalho no combate contra a violência do estado, principalmente contra afrobrasileiros, uma velha reivindicação da ONU e que ganhou força nos últimos anos.
A ofensiva brasileiro no exterior também teve como meta dar sinalizações de uma mudança profunda do governo em relação ao meio ambiente e assuntos ligados aos povos indígenas, uma cobrança da comunidade internacional.
Para isso, as seguintes medidas foram adotadas, buscando um reconhecimento também dos atores internacionais:

Reações
As medidas que modificam o posicionamento externo do Brasil foram aplaudidas por diferentes instituições. Na OMS, o diretor-geral Tedros Ghebreyesus afirmou que a escolha de Nísia Trindade para a Saúde era “excelente” e que quer trabalhar com o novo governo brasileiro para ampliar a pauta sobre o acesso à saúde no mundo.
Na ONU, o Alto Comissariado para Refugiados também aplaudiu a decisão do governo Lula de retornar ao Pacto para a Migração, enquanto ativistas de direitos humanos afirmaram que estavam aliados com as decisões da nova administração em retomar mecanismos previstos nos tratados internacionais.
Mas, para muitos dentro dessas entidades, o desafio do governo Lula será agora o de transformar em políticas públicas essas promessas e modificações de atitudes. Na ONU, por exemplo, não são poucos os especialistas que lembram que muitos desses desafios já existiam no Brasil durante as duas primeiras gestões de Lula. Se avanços importantes foram atingidos, os últimos anos revelaram que a mudança não foi estrutural e, portanto, os progressos atingidos foram desfeitos.
No que se refere ao meio ambiente, governos estrangeiros também indicaram que a prova será a queda das taxas de desmatamento. Mas admitem que tais números apenas começarão a surgir em alguns meses, quando os órgãos de estado voltarem a ser operacionais.
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