O presentão que Jair Bolsonaro deu a Lula – Metrópoles

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10/01/2023 2:00, atualizado 10/01/2023 9:09
O americano Ian Bremmer, fundador da empresa de consultoria Eurasia, especializada em avaliar riscos políticos, disse ao jornal italiano Corriere della Sera que, depois dos atos terroristas dos extremistas bolsonaristas, o índice de aprovação de Lula poderá chegar a 70%. Se a previsão se concretizar, o petista terá a mais alta popularidade desde o fim do seu segundo mandato, em dezembro de 2010, quando de 83% a 87% dos brasileiros o aprovavam, de acordo com pesquisas divulgadas na época.
Que Lula sai mais fortalecido desse episódio de barbárie, não há dúvida. Recebeu um presentão da extrema-direita. Se manterá uma alta taxa de aprovação, passado o trauma geral da nação, é outra história. Como disse o mesmo Ian Bremmer, o petista “deverá enfrentar uma situação econômica muito difícil. Se não conseguir melhorar as perspectivas, ressurgirão, no longo prazo, os riscos de desestabilização num país profundamente polarizado e com uma oposição da qual já vimos as franjas violentas, prontas a tudo”.
Fiquemos no curto prazo, até porque os brasileiros não são muito bons nesse negócio de horizontes mais vastos. Na economia, conforme apurou a repórter Bianca Alvarenga, do Metrópoles, o receio de analistas é que, para manter a popularidade alta, Lula fique ainda mais reticente na adoção de medidas impopulares, mas necessárias para o equilíbrio fiscal, como o fim da desoneração dos combustíveis — o que significará o aumento do preço nas bombas. Existe, ainda, o medo de que pautas esquerdistas ganhem impulso, como a do torpedeamento da reforma trabalhista, esse nada obscuro objeto do desejo sindicalista.
Não é só na economia que a grande popularidade de Lula poderá ter efeito negativo. Jair Bolsonaro, o chefão dos atos terroristas perpetrados em Brasília, deu também um enorme empurrão às pulsões liberticidas que estão no DNA do PT e nunca estiveram tão fortes no país, para além dos limites do partido. Como a da “regulação da mídia”, esse eufemismo feio utilizado para designar censura. O ambiente é propício para que a tão sonhada “regulação” petista saia do papel, sob o argumento de combater a desinformação e o discurso do ódio — que precisam, sim, ser enfrentados, mas sem ferir a Constituição, coitadinha dela. (Aliás, por falar em desinformação, Lula disse que a esquerda nunca invadiu o Congresso. Falso. Em junho de 2006, quando ele era presidente, uma facção ligada ao MST botou para quebrar na Câmara.)
Ao fim e ao cabo, mas sem soldado, a turba bolsonarista queria golpe, mas só deu pretexto. Acrescente-se a essa façanha o aumento da popularidade de Lula. É uma gente tão criminosa quanto cretina politicamente. E que ainda verá o seu chefão ficar inelegível e, possivelmente, preso. De alto a baixo, são todos otários.
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