José Roberto de Toledo – Minuta é Bolsonaro promovendo militares … – UOL Confere

0
101

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
José Roberto de Toledo é jornalista, co-apresentador do podcast Foro de Teresina e, desde 1987, faz jornalismo guiado por dados e análise de pesquisas de opinião.
Colunista do UOL
13/01/2023 14h35
O decreto presidencial com o nome mas sem a assinatura de Bolsonaro encontrado na casa de um seu assecla determina intervenção militar na Justiça eleitoral. O documento prevê uma absurda Comissão de Regularidade Eleitoral composta por oito nomes indicados pelo Ministério da Defesa (então nas mãos exclusivamente de militares), e mais quatro representantes do governo. O Executivo teria maioria absoluta de votos na comissão: 12 de 17.
Representantes do Legislativo e do Ministério Público, em minoria, serviriam apenas para dar aparência de legalidade à comissão:

Pra quê? A tal comissão faria uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (e tribunais estaduais), poderia prender juízes e ministros das cortes, violar sua comunicação, controlar o acesso aos tribunais e, em última instância, determinar o resultado da eleição presidencial.
E daí? Para além da arbitrariedade e ilegalidade do decreto, a minuta encontrada com Anderson Torres é mais uma evidência da campanha de sedução bolsonarista para generais participarem de um golpe de estado.
Parênteses. Torres, então ministro da Justiça de Bolsonaro, mesmo que não tenha redigido o decreto, guardou-o e não denunciou o autor. Prevaricou, portanto.
Por anos, Bolsonaro vem cultivando generais dispostos a embarcarem em seu projeto autoritário sem questionar. Aliou-se a alguns comandantes de escrivaninhas:
E logo se livrou do general que não se submeteu: Santos Cruz.
No Exército, só manda quem tem tropas. O resto dos oficiais superiores tem voz em redes de vôlei em Copacabana e em discussão de rede social.
Bolsonaro esmerou-se ao incensar ambos. Elogiou, homenageou, promoveu. Fez o que pode para tê-los a seu lado. Nomeou Braga Netto ministro e depois vice no lugar de Mourão (substituído por não se conter como poeta do silêncio).
Villas Bôas, sem comando de nada, retribuiu tuitando sem parar e enviando a esposa para prestigiar acampamento golpista na porta de quartel.
Braga Netto, já candidato e sem uniforme, fez mistério em tuítes que, à luz da minuta do decreto estapafúrdio, ganham o significado que lhes faltou à época: “Vem coisa boa por aí”.
Não veio. Faltaram tropas e a conivência de outros generais. Pressionada por Bolsonaro para contestar a votação via urnas eletrônicas, uma comissão militar ficou em cima do muro. Não concluiu que houve fraude, nem que não houve, muito pelo contrário. Torturou a lógica, mas não teve coragem de falsificar os resultados. Faltou ao presidente a desculpa para assinar o decreto. Restou esquecida a minuta comprometedora no armário do ministro.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}

Por favor, tente novamente mais tarde.

Não é possivel enviar novos comentários.
Apenas assinantes podem ler e comentar
Ainda não é assinante? .
Se você já é assinante do UOL, .
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia os termos de uso

source

Leave a reply