Delegado cotado pelo PT para a SSP-DF fez doação para … – Correio Braziliense
O Delegado da Polícia Federal, Cláudio Bandel Tusco, cotado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para assumir a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), fez uma doação de R$ 1 para a campanha de reeleição do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). Como adiantou o Correio em reportagem publicada nesta quarta-feira (18/1), Tusco é ligado ao PT e tem a confiança do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Depois dos seguidos erros na segurança pública do DF que abriram as portas para o vandalismo nos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro, o então secretário da pasta, Anderson Torres, foi exonerado e o governo Lula decretou intervenção federal na segurança da capital, sob comando do interventor Ricardo Cappelli. Desde então, o nome de Cláudio Tusco passou a ser garimpado pelo Ministério da Justiça para assumir a SSP/DF.
Apesar da aproximação com a esquerda e alinhamento com o PT, o Correio apurou que Cláudio doou uma quantia simbólica para a campanha de reeleição do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). De acordo com dados disponibilizados no site de divulgação de candidaturas e contas eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o delegado fez uma doação de R$ 1, em 13 de de setembro de 2022, via PIX, para o então candidato Jair Bolsonaro.
O Correio tentou entrar em contato com Cláudio Tusco, por meio de ligação telefônica e mensagem no WhatsApp, para explicar a doação feita para a campanha de Bolsonaro, mas, até o momento da publicação desta matéria, o delegado não retornou. O espaço segue aberto para manifestações.
A data em que Cláudio Tusco fez a transferência via PIX coincide com o início de uma campanha, encabeçada pelos apoiadores do ex-presidente por meio das redes sociais, para arrecadar doações para a reeleição de Bolsonaro à Presidência.
No mesmo dia em que Tusco fez a doação, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente e coordenador da campanha de reeleição, publicou no Twitter o pedido de doações de microquantias para a candidatura do pai. Na publicação, Flávio foi enfático em dizer que qualquer quantia era bem-vinda, não apenas R$ 1.
Surgiu espontaneamente uma campanha de doação de R$ 1,00 para a campanha do Presidente Bolsonaro (assim como há outra de R$ 1.022,00 de produtores rurais).
Informo que doação de qualquer valor é bem-vinda, desde que seja do seu coração.
E, sim, estamos precisando.Seguem os dados: pic.twitter.com/ddWQqbH6RE
O pedido viralizou e os bolsonaristas logo embarcaram na campanha. Além de ajudar financeiramente a candidatura do ex-presidente, a ideia da ação dos apoiadores era a de que todos os que fossem votar em Bolsonaro doassem valores baixos para a campanha, que é obrigada a emitir comprovantes de doação.
Com os comprovantes, os bolsonaristas teriam então um parâmetro para comparar com a quantidade de votos recebidos por Bolsonaro de acordo com a apuração das urnas eletrônicas. “Só R$ 1 para declarar o voto em apoio à reeleição do Bolsonaro, o que servirá de parâmetro antifraude. Já fiz a minha parte”, afirmou um apoiador do ex-presidente nas redes sociais.
Em 13 de setembro, de acordo com matéria publicada pelo Estado de Minas, cerca de 300 mil doações de valor médio de R$ 2 já haviam sido feitas para a campanha de Bolsonaro. Até 17 de setembro, R$ 4,9 milhões foram transferidos via PIX para o ex-chefe do Executivo.
Delegado da Polícia Federal desde 2007, Cláudio Tusco já foi escrivão da Polícia Civil do Distrito Federal por cinco anos, entre 2002 e 2007, e técnico judiciário no Superior Tribunal de Justiça de 1996 a 2002.
Ele é graduado em Direito e em Ciências Contábeis e possui especialização em Direito Penal e Controle Social e Direito, Estado e República. Além disso, já foi professor de cursinho preparatório para concurso e hoje está lotado na Academia Nacional de Polícia.
Nascido em Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, Tusco faz parte da Maçonaria, mora em Brasília desde 1988 e tem amplo conhecimento da segurança pública da capital. Ele também já atuou na Secretaria de Segurança Pública do DF como assessor, durante o governo Agnelo Queiroz, e participou da formulação da política de segurança pública do distrito. Em 2013, sob o governo Agnelo, recebeu a Medalha Mérito Integração Segurança Pública do Distrito Federal.
Não é a primeira vez que Tusco é cotado para um cargo durante o governo Lula. Ele estava no páreo para assumir o comando da Polícia Federal, mas quem ficou com a nomeação foi Andrei Rodrigues.
Sua ligação com o PT é de longa data. Ele participou de diversos fóruns de discussão promovidos pelo partido, que são abertos ao público. Em 2010 e 2014 ele fez doações para candidatos do partido de Lula e do PMDB. Em 2014, por exemplo, há registro de uma doação de R$ 8 mil para Roberto Policarpo Fagundes, então candidato do PT a Deputado Federal pelo DF. Neste ano, de acordo com dados do TSE, Tusco doou um total de R$ 11.400,00 para candidatos dos dois partidos.
Nas eleições de 2018, Tusco fez outra doação para o PT. Na época, o delegado transferiu R$ 500 para a campanha de Lula. Em 2022 a única doação que consta no TSE, feita por Tusco, é para Bolsonaro.
No Twitter, entre as curtidas de Tusco estão publicações do presidente Lula e outras com memes e manifestações pró-Lula.
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