Nascidos no início do ano têm até o triplo de chance de chegar à elite do futebol – UOL

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Quantos meninos brasileiros não sonham ser um novo Neymar? Em Portugal, quantos não almejam repetir o sucesso de Cristiano Ronaldo? Ou, entre os garotos uruguaios, o de Luis Suárez?
Chegar ao futebol profissional é difícil, mas pode ser um desafio ainda maior para alguns. Jogadores nascidos nos primeiros meses do ano, como os craques citados, têm até o triplo de chances em relação aos que comemoram o aniversário nas páginas finais do calendário.
Análise da Folha com dados de quase 13 mil atletas mostra que esse padrão se repete no Brasil e em diversos países. Foi observado também na última Copa do Mundo, no Qatar.
De acordo com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), 851 jogadores participaram da primeira divisão do Campeonato Brasileiro no ano passado. Destes, 304 nasceram no primeiro trimestre, como o artilheiro Germán Cano, do Fluminense, e o meia Gustavo Scarpa, eleito o craque da competição antes de partir rumo ao futebol inglês.
Essa parcela representa mais de um terço do total (36%). Ou mais do que o dobro na comparação com os 135 atletas da elite nacional que sopram as velinhas no último trimestre (16%).
A escadinha é quase idêntica na Série B. Disputaram a segunda divisão 307 jogadores nascidos entre janeiro e março, 239 entre abril e junho, 196 entre julho e setembro e 126 entre outubro e dezembro.
Não é mera coincidência, mas o reflexo de uma realidade presente desde as categorias inferiores.
Na atual Copa São Paulo de juniores, 13% dos participantes nasceram em janeiro, e esse percentual cai gradativamente até chegar a 5% em cada um dos três últimos meses do ano.
Disputado até a próxima quarta-feira (25), o torneio é a maior vitrine da base no país, com 128 times e 3.742 atletas nesta edição.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) descartam a hipótese de uma concentração anormal dos partos em janeiro, fevereiro e março. O total de registros no país variou entre 8% e 9% em cada um dos meses de 2002 a 2007, anos de nascimento dos inscritos na Copinha.
Por que, então, isso acontece? Atletas dos signos de aquário e peixes teriam mais habilidade que os de escorpião ou sagitário?
A explicação não tem nada de esotérico. Trata-se de um fenômeno já conhecido e investigado pela ciência —não apenas no esporte—, denominado Efeito da Idade Relativa (EIR).
Nas escolinhas de futebol e nas equipes infantojuvenis, as atividades são quase sempre organizadas por ano de nascimento. Nos pontos extremos, os aniversariantes de janeiro acumulam até 12 meses de desenvolvimento físico a mais do que os de dezembro. Dessa forma, aumenta a probabilidade de eles se destacarem nos treinos e jogos.
Tal distorção provoca erros de avaliação e perda de talentos promissores, diz à Folha Júlio Garganta, professor da Universidade do Porto, consultor da Federação Portuguesa de Futebol e um dos principais pesquisadores do mundo na área.
“A tendência ou padrão que confere vantagem aos nascidos nos primeiros meses não é uma fatalidade cronológica. É, antes, um efeito perverso que nos leva a uma alta probabilidade de sermos iludidos pelo efeito da maturação”, afirma Garganta.

A diferença de idade relativa também acarreta estágios distintos de amadurecimento intelectual e emocional —estudos demonstram efeito semelhante quanto ao desempenho dos alunos no ambiente escolar.
“Ao dividirmos as crianças pela idade, acaba havendo sem querer uma peneira inicial em relação a equilíbrio, força, agilidade, coordenação motora e até mesmo à técnica adquirida com esses meses de vantagem”, diz a médica Karina Hatano, do Espaço Einstein de Esporte e Reabilitação.
O descompasso se estende até a adolescência, quando os aspirantes já enfrentam elevada disputa por espaço nos clubes —para comparação, o padrão não se repete no Campeonato Brasileiro feminino.
“Existem cinco fases de maturação sexual. Um menino com maturação 1 ou 2, na pré-puberdade, poderá concorrer com outro que já tem um desenvolvimento hormonal adiantado. Isso também pode levar a mais desistências ou a uma seleção indireta pela maior ocorrência de lesões”, acrescenta Hatano.
Douglas Gramani, observador técnico da base do Palmeiras, nega que os clubes estejam desperdiçando joias nascidas no fim do ano, mas admite que esses jovens precisam demonstrar mais capacidades.
“Costuma ser uma aposta de médio e longo prazo, que geralmente vai dar uma resposta melhor lá na frente, do sub-17 em diante. O clube vai apostar e potencializar esse atleta. Só que ele vai precisar se sustentar de alguma maneira, na parte técnica, na inteligência, no improviso, na dinâmica…”, diz Gramani.
O coordenador de captação do Corinthians, Alysson Marins, critica a “inversão de valores” causada pela demanda por desempenho na base. Afirma, porém, que os clubes estão mais atentos ao fenômeno e investindo em novas metodologias.
“Acredito que seja uma tendência a avaliação mais criteriosa e paciente, com protocolos para medir a performance e a evolução além do resultado esportivo. Traçar um plano com metas, critérios de avaliação e acompanhamento pode minimizar possíveis perdas no decorrer do processo”, afirma Marins.
O levantamento da Folha mostra que o padrão é internacional. No atual Campeonato Espanhol, 14% dos atletas nasceram em janeiro, e só 5%, em dezembro, tendência já observada pelo jornal El País. Os números são parecidos no Uruguai e na Argentina, mostrou o El Observador.
Nas principais ligas europeias, a única exceção é a Premier League, da Inglaterra. Artigo do Centro Internacional de Estudos do Esporte (CIES) explica que isso acontece porque o corte das categorias é feito em setembro, não em janeiro, como ocorre no calendário escolar no país.
O Campeonato Inglês é um dos que mais absorvem jogadores estrangeiros, mas os nativos são quase metade do total (47%). Essa mistura pode ajudar a explicar o padrão singular.
“São precisamente as várias exceções que desmistificam a aparente fatalidade cronológica. Como, aliás, acontece com muitos jogadores de excelência [nascidos no segundo semestre], como Pelé, Maradona, Garrincha, Ibrahimovich, Mbappé, Benzema… Qualquer mês pode ser bom para se nascer, e isso não impede que se chegue longe, desde que sejam criadas as devidas condições”, conclui Júlio Garganta.
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