O que dizem aliados de Lula sobre insatisfação de partidos no Congresso – VEJA

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Em meio às dificuldades do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para consolidar uma base aliada no Congresso às vésperas da posse dos novos parlamentares, como mostra reportagem de VEJA desta semana, aliados trabalham para reduzir a resistência de partidos com representantes no ministério do petista, a exemplo de União Brasil e PSD, que somam seis pastas.
Somados os deputados de todos os partidos que têm ministérios e de outros que o apoiaram formalmente na campanha, Lula teria 282 votos, insuficientes até para aprovar uma emenda à Constituição, que demanda 308 apoios. Mas o cálculo não é tão simples, e o saldo é ainda pior, porque partidos importantes que aceitaram posições na máquina federal não estão fechados com o governo. Enquanto correm negociações de cargos no segundo escalão, um dos principais trunfos na tarefa de aglutinar mais apoios nas bancadas, aliados de Lula buscam transparecer naturalidade pelo fato de não estarem garantidos 100% dos votos dos partidos que têm ministros.
“Não se monta governo e base sem conviver com esses problemas, é natural que os partidos aliados e aqueles que vão dar sustentação política ao governo façam seus pleitos”, diz o futuro líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). “É claro que nem tudo que é colocado na mesa o governo tem condição de atender”, pondera Guimarães, que atua ao lado do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, na articulação com o Legislativo.
Dos inquilinos da Esplanada de Lula, o União Brasil é o que mais tem deputados descontentes com as costuras. Membros da bancada de 59 deputados eleitos estimam que um terço, no máximo, seja considerado governista e uma declaração de independência deve ocorrer em breve. Os parlamentares reclamam que as tratativas passaram sobretudo pelo líder do partido no Senado, Davi Alcolumbre (AP), sem que ele falasse pela sigla, dizem que os ministros-deputados Juscelino Filho (Comunicações) e Daniela Carneiro (Turismo) não têm estofo junto à bancada e criticam o fato de o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), ter sido barrado pelo PT no Ministério da Integração Nacional. Alcolumbre acabou indicando o ex-governador do Amapá Waldez Góes, do PDT, para a pasta.
As frustrações também atingem parte da bancada do PSD, que viu o deputado André de Paula (PE) ser nomeado à pasta da Pesca. “Esse ministério só atende as regiões Norte e Sul do país”, reclama um deputado do Sudeste, que faz questão de comparar o porte do ministério oferecido aos deputados pessedistas ao das pastas ocupadas pelo PSD do Senado, Agricultura e Minas e Energia.
Entre os partidos nanicos que apoiaram a candidatura de Lula desde o primeiro turno, a queixa é pelo desprezo por parte do governo. O maior deles, o Avante (sete deputados), é quem mais ajudou o petista, por meio do deputado André Janones (MG) nas redes sociais. O partido queria um ministério (Turismo, Pesca ou Secretaria de Comunicação), mas saiu de mãos abanando.
Outro aliado de primeira hora descontente é o Solidariedade, cujo principal líder, Paulinho da Força, ficou sem mandato e sem cargo e pode ter como prêmio de consolação um cargo no Sebrae ou na Ceagesp. No PV, nem a ida de Leandro Grass para o Iphan acalmou a bancada. “A negociação não passou por nós, foi feita diretamente pelo Leandro. Agora o que vier será a sobra da sobra, de terceiro ou quarto escalão”, diz um insatisfeito. Ele lembra que o PCdoB também elegeu seis deputados, mas recebeu um ministério (Ciência e Tecnologia) e uma secretaria na pasta da Saúde.
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