Os dois desafios que Lula terá pela frente nos próximos quatro anos – Metrópoles

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Blog com notícias, comentários, charges e enquetes sobre o que acontece na política brasileira. Por Ricardo Noblat e equipe
24/01/2023 6:00, atualizado 24/01/2023 3:25
A pedido do presidente Jair Bolsonaro, o general Júlio Cesar Arruda, comandante do Exército, nomeou no final de dezembro último o tenente-coronel Mauro Cid para a chefia do 1º Batalhão de Ações de Comando (BAC), tropa especial sediada em Goiânia.
Então, por que a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o novo comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, não pode desnomeá-lo? Mauro Cid não chegou a tomar posse porque viajou com Bolsonaro à Flórida. Era ajudante de ordens dele.
A oposição militar a Lula argumenta que a desnomeação seria vista como uma clara intervenção do novo governo em questões internas das Forças Armadas; e que uma vez consumada, abriria um grave precedente capaz de estimular novas intervenções.
Ora, e como tratar o gesto de Bolsonaro que resultou na indicação do tenente-coronel para um dos postos mais estratégicos do Exército? Não foi uma intervenção em questões internas das Forças Armadas? Bolsonaro pode intervir, mas Lula, não?
Mauro Cid é investigado no caso da rachadinha do Palácio do Planalto. Ele sacava dinheiro vivo com o cartão corporativo da presidência da República para pagar despesas da família Bolsonaro; era uma espécie de Fabrício Queiroz 2.0.
Dos antigos comandantes das três Armas, o da Marinha tinha a fama de ser o mais bolsonarista, e o da Força Aérea não ficava muito atrás. Mas o general Arruda também era bolsonarista. Pouco custou-lhe promover Mauro Cid, bolsonarista de berço e fanático.
Arruda foi demitido por Lula ao recusar-se a revogar o ato de nomeação de Mauro Cid, mas não só. No dia da tentativa fracassada de golpe, ele impediu que a Polícia Militar do Distrito Federal prendesse os acampados à porta do QG do Exército.
Ali se refugiaram muitos dos que haviam invadido o Palácio do Planalto e os prédios do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, destruindo o que encontraram. Arruda ameaçou usar seu poder de fogo se a Polícia Militar insistisse em prendê-los naquele dia.
Oficiais da ativa e da reserva comentam que Arruda sacrificou sua carreira para salvar a imagem do Exército. Havia parentes de generais entre os acampados, até mulheres, que ganharam tempo para escapar do acampamento sem serem identificados.
Bolsonaro referia-se ao Exército como “o meu Exército”. Certa vez, demitiu o general ministro da Defesa e os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, trocando-os por militares afinados com suas ideias. Pareceu exorbitância, mas não foi.
O Comandante Supremo das Forças Armadas é o presidente da República, não importa quem ele seja. Foi Bolsonaro nos últimos 4 anos, será Lula pelos próximos. Bolsonaro bolsonarizou as Forças Armadas e militarizou seu governo. O plano de Lula é outro.
Lula quer profissionalizar as Forças Armadas e desmilitarizar o governo, uma tarefa árdua. Está disposto a enfrentá-la para fortalecer a democracia que quase foi a pique. Se conseguir e tirar pela segunda vez o Brasil do mapa da fome, se dará por satisfeito.
“Não tenho nenhuma dúvida técnica de que há indícios fortíssimos de materialidade do crime de genocídio. Genocídio não é só matar. Violar a integridade física e mental também é uma forma de genocídio.” (Flávio Dino, ministro da Justiça, sobre como Bolsonaro tratou os Yanomamis)
Lula está só começando a guerra contra desmandos e destruição dos últimos anos
Luís Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández descongelam relação entre Brasil e Argentina
Ronaldo Dias é empresário e gravou mensagens em frente ao QG do Exército defendendo intervenção militar
O susto pode ter-lhe ensinado muitas coisas, a ver
Flávio Dino
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