Após declaração de Zema, aliados não esperam retaliação de Lula – O Tempo

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Após novos desgastes entre o governo de Minas Gerais e a União, aliados tanto do presidente Lula (PT) quanto do governador Romeu Zema (Novo) não esperam uma retaliação da administração federal contra o chefe do Executivo mineiro. Os dois devem se encontrar, ao lado de outros governadores, nesta sexta-feira (27/1), em reunião em Brasília. 
Ao menos, essa é a aposta de aliados de lado a lado. Apesar de adotarem ideologias diferentes, deputados próximos a Zema e a Lula ouvidos pela reportagem confessam que o governador “passou do ponto” ao, sem provas, acusar o governo federal de fazer “vista grossa” para os ataques dos bolsonaristas radicais em Brasília, no último dia 8. 
Segundo Romeu Zema, a administração federal teria feito isso para sair “como vítima” da situação. As declarações foram dadas à rádio Gaúcha.
Atual líder do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes crê no poder de conciliação de Lula, mas critica Zema por agir de maneira diferente nas reuniões internas e quando fala publicamente à imprensa e aos eleitores. “O presidente Lula tem estabelecido uma relação de respeito federativo, republicana. Agora, é óbvio que a postura do governador Zema na reunião (de 9 de janeiro, quando o presidente conversou com os governadores sobre os ataques em Brasília) foi uma e por trás foi outra. Isso não é transparente. Espero que ele tenha refletido sobre as inverdades que falou e possa mudar de postura, porque a nossa vontade é colaborativa”, diz Lopes. 
Outro parlamentar, esse ligado a Zema, também conversou com a reportagem. Em anonimato, ele acredita que o governador atacou a gestão Lula para se colocar como principal oposição ao petista nos próximos quatro anos. “Ele está apostando na inelegibilidade do Bolsonaro no longo prazo. Quer ocupar esse vácuo que a direita tem no momento, mas de maneira mais moderada. É uma versão ‘classe A’ do Bolsonaro, ponderada, com menos ‘barulho’. O Zema já está pensando lá na frente politicamente”, afirma o deputado. 
O mesmo parlamentar acompanha a versão de Reginaldo Lopes sobre o poder de conciliação de Lula. “Não acredito em retaliação. Esse não é o perfil do Lula. Até porque, ele e seu governo precisam mostrar serviço. Os ministros precisam mostrar serviço, senão perdem apoio popular. As obras em Minas Gerais são parte deste programa”, diz o petista. 
Mais ligado ao governador, o deputado federal Newton Cardoso Júnior (MDB) não acredita que haverá prejuízo político para Zema. “Eu entendo que política é a capacidade de discutir ideias de forma madura e sincera. As manifestações do governador foram nesse sentido, de expressar opinião, uma visão mais particular, que não se constitui em ataque ao presidente. Então, a reunião neste momento é para buscar unidade de pensamento na condução dos temas prioritários do Brasil”, diz. 
Uma das prioridades do governador Romeu Zema (Novo) na reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a área da logística.
E, apesar de aliados não esperarem retaliação de Lula ou de seu governo, um dia após a declaração do governador sobre a atuação do Planalto para conter os atos de vandalismo em Brasília de bolsonaristas radicais, o ministro da Infraestrutura, Renan Filho, anunciou investimentos e retomadas de obras no Estado. No entanto, ele nem citou Zema ou qualquer tipo de parceria com o governo estadual.
“Estamos duplicando um trecho desta rodovia (BR–381). Ela também está no pipeline de concessão. Deve ir a leilão em breve. Hoje (última quarta-feira), vou estar com o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) conversando sobre isso. Já tratei também com o TCU (Tribunal de Contas da União), porque a concessão da BR–381 está com o ministro (Antonio) Anastasia, ex-governador e ex-senador pelo Estado de Minas Gerais. Ele está, segundo informações, na avaliação final para liberar a possibilidade de concessão”, disse Renan Filho, em coletiva, sem citar diretamente Zema.
Outro ministro que reagiu à fala de Zema foi Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública). Na última semana, ele afirmou que o governador de Minas Gerais “se alinha à extrema direita” ao questionar a postura do Planalto nos atos do dia 8 de janeiro, que vandalizaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
“Me espanta que o governador Zema tente vestir a roupa do Bolsonaro. Não cabe nele. É preciso que ele tenha algum amigo sincero que diga ‘Não é possível que um governador de modo vil se alinhe à extrema direita’”, disse, em entrevista ao site da revista “Fórum”.
Dino também criticou a postura diferente de Zema na reunião que teve com o governo em 9 de janeiro. “Por que ele não perguntou a mim, que estava lá? Por que não perguntou ao presidente da República, que estava lá? Seria mais decente, não é? Imagine se alguém tivesse dito no dia seguinte à tragédia de Brumadinho que ele sabia e deixou acontecer para poder ganhar dinheiro? Como ele se sentiria?”, disse o ministro da Justiça e da Segurança Pública
“Eleição tem em 2026, Não acho que seja adequado o candidato (Zema) querer se colocar na agenda sendo uma espécie de ‘sub-Bolsonaro’. Acho que é deplorável esse tipo de coisa acontecer”, disse.
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