“Política anti-indígena foi encorajada na Funai pelo governo … – Hora do Povo

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Por Publicado em 27 de janeiro de 2023
A deputada federal e futura presidente da Funai, Joenia Wapichana (Rede-RR), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cumpriu a promessa de 2018 de dar uma “foiçada” na Funai e promoveu uma política anti-indígena.
“Essa foiçada é um sucateamento, é um desmonte. A política anti-indígena foi bastante encorajada dentro da Funai, hoje a Funai se encontra totalmente sucateada”, disse Joenia.
Segundo a futura presidente da Funai, os servidores e lideranças indígenas não conseguiram entrar na sala da presidência por quatro anos e houve “todo um encorajamento para reverter a obrigação da Funai, encorajar invasões e flexibilizar regras”.
Joenia destacou que o governo Bolsonaro colocou “militares para gerir e facilitar invasões, entrada de pessoas para explorar e, por outro lado, perseguiu indígenas quando denunciaram em tribunais internacionais”.
Com relação à situação dos yanomamis, a deputada ressalta que era possível ter salvo a vida dos indígenas pela quantidade de alertas feitos. “Essa tragédia que estamos vendo já tinha sido avisada e alertada. Todas as autoridades já tinham conhecimento e não foi por falta de denúncia dos povos indígenas, yanonamis, das próprias organizações e da própria comissão externa que apurou a responsabilidade naquele momento. Muitas denúncias foram encaminhadas por ações judiciais”.
Corroborando com as declarações da futura presidente da Funai, dois relatórios preliminares de inteligência do órgão produzidos desde 2019, no início do governo Bolsonaro, mostram que militares foram comprados por garimpeiros para fornecer informações sobre operações em Terras Yanomamis, que hoje está em estado de emergência em decorrência do avanço do garimpo ilegal.  
Os relatos foram tomados no âmbito da 5ª fase da Operação Ágata e dão conta que muitos desses garimpeiros possuíam grau de parentesco com militares que atuavam no Sétimo Batalhão de Infantaria da Selva (BIS), em Roraima.

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e renegaram a tradição do Marechal Rondon, de respeito aos povos indigenas.
Apesar de todas as provas colhidas, não se tem notícia de nada que foi feito para conter os criminosos, de acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta quinta-feira (26). 
Os depoimentos contidos nos documentos mostram que a relação entre garimpeiros e militares que desonram a sua farda e toda a sua tradição que tem início no respeito aos povos indígenas garantido desde os tempos do Marechal Rondon, consistia na troca de informações sobre a realização de operações de combate ao garimpo. O vazamento de informações era feito com base no pagamento de propina em dinheiro vivo ou em ouro. 
Em muitos casos, as informações sobre as operações eram antecipadas por meio de um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp, onde os garimpeiros recebiam imagens da saída das tropas e os trajetos que seriam feitos. Assim, os criminosos esvaziavam os locais antes da chegada da fiscalização.
“[Meu chefe] possui diversos militares comprados que trabalham como informantes”, relatou uma das fontes em depoimento à Funai. Outro relato apontou que um garimpeiro paga pelo menos 10 gramas de ouro mensalmente a militares em troca das informações. 
De acordo com a Folha, há no documento nomes, patentes e até os contatos dos militares envolvidos no esquema, que permitiu que o ouro ilegal, drogas e armamentos circulassem livremente nas terras Yanomamis.
Toda a operação aconteceu entre julho e agosto de 2019, para a criação de uma barreira de controle no baixo rio Mucajaí, que fica no oeste da capital Boa Vista. À época quem estava à frente da Funai era o policial Marcelo Xavier.
O jornal questionou quais providências foram tomadas pela Funai sobre o caso durante a gestão bolsonarista, no entanto, não obteve resposta. O Ministério da Defesa e o Exército também foram procurados, mas não falaram nada.

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