O fator Sunak na política – Jornal de Notícias

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Não deixa de ser irónico que o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, tenha demitido o presidente do Partido Conservador, Nadhim Zahawi, devido ao que considerou ser uma “violação grave” do código ministerial no que respeita a declarações fiscais.
Recuemos nove meses, o suficiente para demonstrar que o tempo corre tão depressa que até nos esquecemos de que o próprio Sunak enfrentou problemas muito semelhantes.
A 10 de abril de 2022, o “The New York Times” parecia querer assinar-lhe um epitáfio político. “Há apenas dois meses, Rishi Sunak, um popular político britânico em rápida ascensão que atua como ministro das Finanças, parecia uma boa aposta para substituir o primeiro-ministro do país, Boris Johnson, marcado por escândalos. Agora, o futuro do sr. Sunak é repentinamente nublado por um turbilhão de revelações sobre a situação fiscal da sua mulher rica, bem como pelo facto de ele possuir um “green card”, permitindo-lhe viver e trabalhar nos Estados Unidos, por 19 meses, depois de se ter tornado ministro das Finanças”. As vantagens fiscais do casal, moralmente repreensíveis, foram explicadas por vários especialistas. Nove meses depois, já renascido, Sunak não só é primeiro-ministro – pese embora não tenha passado pelo crivo dos eleitores -, como também já demite membros do seu Governo envolvidos em escândalos fiscais. A vida dá muitas voltas.
Como um escândalo nunca vem só, nas redes sociais discute-se, de novo, a participação de Sunak num fundo de investimento que tem ações da farmacêutica Moderna. Ele não confirma nem desmente. A pandemia e as vacinas vendidas por aquela multinacional enriqueceram muito os seus acionistas. Por outro lado, as ajudas do Governo britânico à Moderna são públicas.
A honorabilidade duvidosa dos políticos não tem, de facto, nacionalidade. O fenómeno é global.
*Editor-executivo-adjunto
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