RONALDO CARLETTO ASSUMIU A DIREÇÃO DO AVANTE EM 13/06/2023.
A bombada festa realizada ontem para a filiação do ex-deputado Ronaldo Carletto ao Avante mostrou que o governo Jerônimo Rodrigues (PT) tem planos auspiciosos para o ex-nanico partido, que só ontem, segundo os organizadores, teria recebido 40 prefeitos.
Aliás, a primeira parte do plano se consagrou ali mesmo na solenidade como resultado da entrega do comando da legenda ao ex-parlamentar, aproveitando-se do seu desligamento do PP do deputado federal João Leão, num movimento estimulado pelo próprio governo.
Desde o rompimento do PP com o PT, no ano passado, para apoiar a candidatura ao governo de ACM Neto (União Brasil), a articulação política do governo passara a discutir a necessidade de, encerradas as eleições, ‘construir’ um aliado que pudesse substituí-lo.
Pleito concluído, a maioria do PP voltou à base mas sem a mesma confiabilidade de antes. A insegurança em relação aos planos da sigla aumentou com o veto à eleição de Carletto como sucessor de Leão, que acabou substituído pelo deputado federal Mário Negromonte Jr.
Negromonte Jr. nunca pretendeu levar a agremiação de volta para a oposição, mas – é público e notório -, pelo perfil independente, não estava disposto a estabelecer uma relação simplesmente de submissão ao governo, projeto a que Carletto está dedicado.
Por isso, ele se tornou o aliado ideal para ajudar o governo na tarefa de fortalecer uma legenda que atue como força auxiliar do PT, um partido ao qual Jerônimo tem dificuldades de filiar candidatos a aliados, não importa de que direção eles surjam, e que ficou também mais engessado com a federação com PCdoB e PV.
A prova é que, na solenidade de ontem – e na ofensiva deflagrada já há algum tempo, para viabilizar o crescimento do Avante -, não estavam apenas os prefeitos historicamente ligados a Carletto da época em que esteve no PP.
A articulação política de Jerônimo, que se mistura com a do ministro da Casa Civil e ex-governador Rui Costa, se mexeu – e mexeu forte – para engrandecer a festa com a filiação de prefeitos e lideranças que não eram exclusivas de partidos oposicionistas.
O trabalho de atração de prefeitos para o Avante naturalmente não passou despercebido de outros partidos aliados, que viram, nos últimos dias, nomes com que já vinha namorando há tempos serem assediados pela secretaria estadual de Relações Institucionais para se filiar à nova legenda de Carletto.
Por trás de toda a movimentação, estão as eleições municipais do ano que vem, nas quais Jerônimo quer se fortalecer com o maior número de aliados eleitos a fim de chegar em 2026 com mais facilidade para se reeleger.
No evento de ontem mesmo, já se dizia que, apesar de ter mirado no PP, o governo tem outro parceiro sob alvo. Seria o PSD, do senador Otto Alencar, uma liderança tipicamente municipalista que não cansa de usar os instrumentos disponíveis, mas principalmente os disponibilizados pelo governo, para se fortalecer.
“Sempre sentimos que o governo não quer que o PSD passe de grande para enorme”, afirma um parlamentar do partido, resumindo o sentimento de cobiça que, segundo ele mesmo, a legenda de Alencar desperta não só no governo, mas em todo o mundo político.
FONTE: POLÍTICA LIVRE.