Aliviados, europeus, OMS e ONU aplaudem escolhas de ministros de Lula – UOL Confere

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Jamil Chade é correspondente na Europa há duas décadas e tem seu escritório na sede da ONU em Genebra. Com passagens por mais de 70 países, o jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparência Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Vivendo na Suíça desde o ano 2000, Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti. Entre os prêmios recebidos, o jornalista foi eleito duas vezes como o melhor correspondente brasileiro no exterior pela entidade Comunique-se.
Colunista do UOL
22/12/2022 19h06Atualizada em 22/12/2022 20h56

As nomeações de ministros nas áreas de saúde e direitos humanos pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, foram recebidas com uma mistura de aplausos e alívio por parte da comunidade internacional.
Tendo de lidar com negacionistas ou ministros que tinham como meta desmontar consensos internacionais, agências estrangeiras não disfarçaram a satisfação com escolhas que poderiam significar a volta do diálogo com o Brasil em temas como combate ao racismo, violência policial, transformação do setor da saúde, pandemia e desigualdade.

Assim que foi anunciada como ministra para a Igualdade Racial, Anielle Franco foi comemorada por uma das principais vozes do Parlamento Europeu, a deputada Anna Cavezzini. A alemã que atua como uma espécie de ponto focal do Mercosul no Legislativo Europeu qualificou a nomeação de Anielle como uma “notícia importante”.
“Anielle Franco, irmã da vereadora negra assassinada Marielle Franco e ativista, fará parte do governo Lula como ministra para a Igualdade Étnica. Há muito o que fazer após quatro anos de Bolsonaro”, escreveu em suas redes sociais.
Na ONU, a escolha de Anielle foi considerada como “simbólica” de uma mudança de postura do Brasil em relação às execuções sumárias no Brasil. Na entidade, a ex-ministra e hoje senadora eleita Damares Alves se recusou a reconhecer a importância do assassinato de Marielle Franco, enquanto o governo promoveu um boicote contra qualquer ato de homenagem à vereadora pela Europa.
Na ONU, relatores chegaram a dizer ao UOL que o governo Lula seria avaliado no exterior por sua capacidade de dar respostas à impunidade que reina no país. E o caso de Marielle Franco era central na busca por uma nova mensagem de que tais crimes não seriam mais tolerados.
“Hoje, todos nós sabemos que vamos ter com quem dialogar sobre esses temas que são centrais na situação de direitos humanos do Brasil”, afirmou um alto funcionário da ONU, em Nova York.
O mesmo sentimento de alívio marcou a escolha de Silvio Almeida para comandar a pasta de Direitos Humanos. A esperança é de que, junto com o reconhecimento dos desafios que o Brasil enfrenta, Almeida atue para permitir que o governo supere a violência contra afrobrasileiros.
Outra escolha aplaudida foi a de Nísia Trindade Lima para chefiar o Ministério da Saúde. Na condição de presidente da Fiocruz, ela participou de reuniões da OMS e era considerada como uma interlocutora de credibilidade no auge da pandemia.
Em 2020, enquanto o mundo buscava soluções para a covid-19, o governo brasileiro de Jair Bolsonaro foi qualificado como “louco” pela mais alta cúpula da OMS. A agência, atacada pelo Palácio do Planalto, foi buscar em personalidades como Nísia um contato para permitir que cooperação com o Brasil pudesse ser mantida.
Segundo fontes da OMS, a futura ministra era considerada como um dos caminhos de diálogo com o Brasil, no momento em que Eduardo Pazuello e outros ministros se recusavam a ouvir as recomendações de cientistas ou embarcar na compra de vacinas.
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