Aloizio Mercadante: conheça o presidente do BNDES indicado por Lula – InfoMoney

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Coordenador técnico da equipe de transição, Aloizio Mercadante acumula passagens por ministérios no governo Dilma Rousseff
Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Aloizio Mercadante foi confirmado para assumir a chefia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Protagonista de alguns atritos com o partido, o ex-ministro chegou a ser cotado também para a presidência da Petrobras do próximo governo.
Há quem diga que coordenar a equipe de transição de Lula foi uma espécie de teste, para eliminar arestas em seu relacionamento com alguns membros do partido. Nesse sentido, chegou a ser atribuída a Mercadante corresponsabilidade pelo impeachment da ex-presidente Dilma, devido a sua articulação sem sucesso contra o MDB (ex-PMDB) no Congresso Nacional. 
Por sua vez, Mercadante também foi bastante crítico em relação ao PT em diversas ocasiões. Na época do escândalo do mensalão, chegou a dizer que “não se reconhecia dentro do PT”, por conta das revelações do processo.
Desde então, sua postura vinha sendo considerada “de poucos amigos” por muitos petistas. Porém, em 2020, assumiu a presidência da Fundação Perseu Abramo, entidade criada pelo PT para desenvolver projetos político-culturais. Segundo membros do partido, a indicação do ex-ministro para o posto foi um pedido feito diretamente a Lula por Fernando Haddad, Ministro da Fazenda do próximo governo.
Conhecido por sua capacidade de trabalho, Mercadante liderou importantes projetos na coordenação da Fundação. Entre eles, um dos destaques foi a ampliação do Bolsa Família, em virtude dos prejuízos causados pela pandemia.
Depois de coordenar a campanha de Lula nas últimas eleições, Mercadante passou a gerir grupos responsáveis pelo levantamento de informações sobre o governo atual.
Durante os mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016), Aloizio Mercadante foi responsável por três ministérios: Casa Civil, Ciência,Tecnologia e Informação e Educação. Desse último, foi líder duas vezes.
Nascido em Santos, litoral de São Paulo, Aloizio Mercadante Oliva é filho de Oswaldo Muniz Oliva (general do exército) e Iara Mercadante Oliva. Em 1973, começou a cursar a faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP), na qual se graduou em 1976. O mestrado em Ciência Econômica veio em 1989, na Unicamp, com a dissertação “Estado autoritário e desobediência operária: a experiência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo”. 
Na mesma instituição, defendeu sua tese de doutorado em 2010, intitulada “As bases do novo desenvolvimentismo do Brasil: análise do governo Lula”. Com o trabalho, conquistou o título de doutor em Teoria Econômica.
Aloizio Mercadante é professor aposentado de Economia pela Unicamp e professor licenciado pela PUC-SP. É casado com a professora Maria Regina Barros, com quem tem dois filhos: Mariana e Pedro. 
A vida acadêmica e a militância de Mercadante iniciam praticamente juntas. Em 1974, quando cursava Economia, foi eleito presidente do Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC), tendo ajudado a organizar protestos contra a ditadura militar. 
Em 1978, começa a lecionar Economia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SC). Em 1979, elege-se presidente da Associação de Professores da PUC-SP (APROPUC), cargo no qual ficou até 1984. Foi também vice-presidente da ANDES (Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior), entre 1982 e 1983. 
Mercadante foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, em 1980, e também ajudou na fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1985. No partido, chegou a ocupar a vice-presidência de relações internacionais e foi vice-presidente nacional da legenda, de 1991 a 1998. Também foi integrante da executiva e do diretório nacional do PT.
A primeira campanha política de Mercadante foi em 1990, na qual se elegeu deputado federal com quase 120 mil votos, a maior votação do partido até então .Em 1994, concorreu como vice na chapa de Lula, que se candidatou pela segunda vez à presidência da República.
Em 1996, Mercadante novamente participa de uma eleição para o Executivo. Dessa vez, como vice-prefeito de São Paulo, na chapa de Luiza Erundina, derrotada por Celso Pitta.
Em 1998, voltou ao Legislativo como o terceiro deputado federal mais votado no Brasil (241,5 mil votos). Em 2002, Mercadante obteve novo recorde de votos – 11,5 milhões – ao concorrer ao Senado pelo estado de São Paulo, para o mandato de 2003 a 2011.
No Senado, além de líder da bancada do PT, Mercadante foi líder do governo e presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), líder da bancada do PT. Em junho de 2006, afastou-se da liderança da Casa para concorrer pelo PT ao governo de São Paulo, eleição que perdeu para José Serra. Em 2010, voltou a se candidatar a governador, dessa vez derrotado por Geraldo Alckmin.
Em janeiro de 2011, já no governo Dilma, Mercadante assume o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Doze meses depois, deixa a pasta para ser Ministro da Educação, cargo que ocupa até fevereiro de 2014, quando assume a chefia da Casa Civil até outubro de 2015. Nesta data, retorna ao Ministério da Educação, onde permanece até o afastamento da ex-presidente, em 2016.
O futuro presidente do BNDES é tido como um economista heterodoxo, com ideias e projetos voltados ao crescimento econômico por meio de investimentos públicos. Isso justifica a sua confirmação para o cargo, pois, de acordo com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, há necessidade de que se pense hoje em desenvolvimento com reindustrialização.
“É preciso pensar em inovação tecnológica e geração de financiamento ao pequeno, médio e grande empresário, para que se possa gerar empregos”, disse Lula em coletiva ao anunciar a escolha de Mercadante para liderar o banco.
No mesmo evento, Mercadante falou sobre a qualidade das informações reunidas pela equipe de transição. Segundo ele, os relatórios são o melhor ponto de partida que um ministério pode ter para iniciar a gestão. 
Em relação ao atual governo, o novo presidente do BNDES teceu críticas sobre a falta de recursos para a educação, saúde, segurança, entre outros.
“Na primeira coletiva que fizemos, não tinha nem dinheiro para a Polícia Federal fazer as suas operações de fronteira e combater o tráfico de drogas, ou mesmo para rodar os passaportes. As chuvas estão chegando, e não tem dinheiro para a Defesa Civil atuar contra os desastres naturais. Também não tem dinheiro para cestas básicas, nem para os 1.600 caminhões-pipa que transportam água, ou para obras hídricas estruturantes… Quem está pagando pelo apagão-fiscal são os pobres, os que mais precisam de políticas públicas de qualidade”, observa Mercadante na coletiva com Lula. Segundo ele, para 2023, também não existe previsão para o salário mínimo e para o Bolsa Família.
“Nós conseguimos um diagnóstico muito preciso, porque vai em cada programa, vê o que está faltando, quais são as urgências, contratos que precisam ser renovados, estimativa de orçamento … foi esse trabalho que organizou a PEC do Bolsa Família, com os valores mínimos para manter os serviços públicos essenciais e os investimentos para a retomada do crescimento.”
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