André Araújo Barbosa : Paz e tolerância no futebol e na vida – O POVO
Os fatos ocorridos na Arena Castelão (também no Recife no mesmo momento), no domingo (16/10), servem para uma reflexão e um questionamento. No clima de intolerância e falta de empatia pelo outro que se constatam na sociedade, o que pode ser feito para que o estádio de futebol e o seu entorno voltem a ser locais pacíficos, onde os torcedores e as famílias possam se confraternizar?
Pelo próprio contexto social já se tem noção do imenso desafio. O MP considera que algumas medidas devem ser tomadas já. No campo esportivo, as sanções devem ser exemplares. Hoje, pouco se vê arremessos de objetos nos gramados. Isso ocorre pela consciência do torcedor das sanções desportivas que o clube pode ter. Uma briga generalizada nas arquibancadas, uma invasão de campo que coloca em risco à integridade física das pessoas, devem ser algo que os que intencionam fazer se sintam inibidos diante da perspectiva de sanções drásticas aos clubes que torcem e a eles próprios.
Medidas devem ser tomadas contra cânticos que entoam palavras de violência, homofobia e racismo e potencializam o clima de animosidade. Urge a criação de uma equipe especializada da Polícia Civil para investigar e punir os criminosos e baderneiros, afastando-os do entorno e interior dos estádios.
O Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor, do Ministério Público, tenta há alguns anos implementar o reconhecimento facial na entrada dos estádios e assim impossibilitar que pessoas que se envolvem em tumultos e/ou violência ingressem no evento. Não podemos normalizar o medo de ir ao estádio. Uma amiga me disse que o seu filho, criança de uns 7 anos, alucinado pelo Ceará, foi ao jogo domingo na companhia de um casal amigo. Quando ela viu as cenas na TV ficou desesperada sem conseguir ter notícias do filho. Destacou que ele não vai mais ao estádio. Esse sentimento é uma derrota para o esporte e para a nossa própria comunidade.
Precisamos de um ponto de inflexão, “virar a chave”. Futebol pode ser paixão, nunca ódio. Só um esforço conjunto para mudar esse quadro atual. E a primeira mudança pode começar pelo nosso próprio comportamento. Precisamos de paz e tolerância.
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