Anitta: a política do "não sou política" – Tribuna da Imprensa

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É inquestionável que existem problemas no mundo e esperamos que pessoas de boa vontade busquem soluções cotidianas e eternas para ele. No entanto, o algoritmo das redes que aproximariam o povo das elites intelectuais, artísticas e políticas só abriu espaço para ganhar em cima do povo e impor uma cultura hipócrita ou genuinamente criada por artistas, intelectuais ou políticos que buscam hype.
E o povo, viu em Lula um projeto (não escrito) de país. E motivos sobram: discurso cativante que proporciona dignidade e acolhimento que nenhuma família, estado ou cultura daria, a denúncia de injustiças reais e a promessa de um futuro irreal por meio de frases de efeito. E o preço de seguir, comprar, internalizar e defender ideologias em troca da promessa desse mundo ideal é obedecer e ignorar as consequências de se eleger alguém como o candidato petista e justificá-las em face da incompetência de seu adversário. Diga o que é desejado e nada mais precisa ser feito: poucos são os artistas que realmente pensam politicamente no que falam. O que as assessorias de imprensa disserem, será dito.
E o povo, por cinismo, sofrimento e/ou falta de informação se fez obediente ao seu candidato simbólico (porque a realidade será impossível de cumprir), ignorando as contradições. E as classes políticas, intelectuais e artísticas constantemente atrás de relevância, deram vazão às ideias do agora presidente eleito por conta das projeções de alcance que possuem nas redes sociais. Utilizando discursos populistas (“eu amo o povo”, “sou da favela”, e outros) para tal finalidade.
O artista é relevante porque, com a população longe do poder e entregue à pobreza, o entretenimento e o escapismo generalizado são meios de sobrevivência; tanto para a sanidade do povo quanto para que artistas consigam apoio do Estado em seus projetos. Esse é um exemplo claro de como o Estatismo promove a prostituição intelectual por ocasião.
Em qualquer ônibus e trem lotado se diz: "política não se discute”. Apesar disso, o povo se atenta à posição política do artista que consome e tende a seguir essa posição. O voto da Anitta não surpreende: a imagem de mulher sexualizada que derrota o patriarcado já indica o voto. E ela é apenas um exemplo: uma quantidade relevante de influenciadores atrás de likes, seguidores ou para se protegerem de cancelamentos declararam voto a Lula ou Bolsonaro. O mais interessante disso tudo é o vídeo que ela "lava as mãos" para o caso de fracasso do governo e ainda diz que fãs "forçaram" o apoio. Claro, não é responsável, apenas influenciou milhões com sua voz, dança, comportamento e voto.
Muitos já fizeram isso durante a transição, alegando que picanha e cerveja sempre foram metáforas. Em tempos progressistas, com rígida moral nas palavras, ela, assim como muitos, serão precavidos: o povo iludido pode cobrar o sonho, mesmo da pessoa errada. E se o governo fracassar, os apoiadores se afastarão e ninguém será responsável por nada. Até lá, a roda vai girar, a influência digital de intelectuais e artistas crescerão, o dinheiro dos amigos do rei chegará… E para você, povão? Vai viver de metáfora? Vai viver dos comerciais com figurantes que representam grupos minoritários nas marcas de grandes empresas que monopolizam o mercado?
É sobre isso.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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