Antes da posse, Lula preside sua primeira crise – UOL Confere
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na “Folha de S.Paulo” (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro “A História Real” (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de “Os Papéis Secretos do Exército”.
Colunista do UOL
24/11/2022 11h15
Lula já percebeu que não terá os cem dias de tolerância a que todo novo governo tem direito, segundo uma lei não escrita, mas geralmente respeitada na política. A deferência lhe foi sonegada por duas razões: 1) Bolsonaro se autoconverteu num caso raro de ex-presidente ainda no exercício da Presidência. 2) Sem governo, Lula teve que entrar em campo mais cedo. A 37 dias da posse, preside sua primeira crise. As circunstâncias o intimam a encostar a barriga no balcão do fisiologismo.
Lula e o seu time de transição conseguirão aprovar no Congresso uma PEC da Transição para pagar em 2023 o Bolsa Família de R$ 600, com mais R$ 150 por criança de até 6 anos matriculada na escola. Qualquer concessão acima disso vai depender do preço que Lula se disponha a pagar para obter a marca mágica de três quintos dos votos, em dois turnos de votação. No momento, o balcão está emperrado.
Lula confiou a chefia da transição ao vice Geraldo Alckmin. E incumbiu o senador petista Wellington Dias, recém-eleito, de carregar o piano da articulação legislativa. Não funcionou. Os donos do Congresso se queixam de que Dias não passava a segurança de que o futuro governo pagaria os cheques que ele se dispunha a assinar. Entrou em cena outro senador petista, Jaques Wagner. É mais jeitoso. Mas em política, um presidente que tem dois ou três negociadores não tem nenhuma articulação. Como não se dispõe a dar mão forte a um preposto, convertendo-o imediatamente em ministro, Lula terá que levar o estômago ao balcão para assinar pessoalmente as faturas.
Para obter obter os 41 votos de que precisa no Senado e os 308 na Câmara, Lula terá que reduzir sua ambição. A licença para gastar quase R$ 200 bilhões terá que cair para perto dos R$ 100 bilhões. Prazo indeterminado? Nem pensar. Quatro anos de Bolsa Família fora do teto? Dificilmente. Os oligarcas do Congresso preferem manter Lula no cabresto, arrastando-o para negociações anuais. Se for generoso na recompensa, Lula pode obter dois anos de prazo
As cartas do centrão —orçamento secreto e recondução de Arthur Lira à presidência da Câmara— estão no baralho. Lula ainda nem retornou ao trono e sua gestão já começa a envelhecer.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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Josias de Souza
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