As guayaberas de Lula e a recomposição das relações com a região – UOL

0
55

Acesse seus artigos salvos em
Minha Folha, sua área personalizada
Acesse os artigos do assunto seguido na
Minha Folha, sua área personalizada

Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Gostaria de receber as principais notícias
do Brasil e do mundo?
www.latinoamerica21.com é uma mídia pluralista comprometida com a disseminação de informações críticas e verdadeiras sobre a América Latina.
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Pesquisador-colaborador do Departamento de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em história. Especializado em temas sobre qualidade da democracia, política Internacional, direitos humanos, cidadania e violência.
A imagem que um líder projeta, incluindo suas vestimentas, é um recurso extremamente importante para os políticos. Seja o terno formal (ocidental) masculino, a túnica maoísta, a thobe árabe ou o kurta indiano, ao longo da história os líderes políticos têm usado certas vestes com o propósito implícito ou explícito de construir e transmitir uma imagem transcendente.
O mesmo acontece com a guayabera, como é conhecida um tipo de camisa muito popular usada na região do Caribe e proximidades, desde a Flórida nos Estados Unidos até o norte da Bolívia, e do Pacífico mexicano e equatoriano às Ilhas Canárias (Espanha).
A guayabera é usada em encontros políticos e sociais de alto nível, principalmente em regiões tropicais. Esta foi incorporada à estética de numerosos líderes latino-americanos e caribenhos das mais diversas orientações políticas e ideológicas, incluindo liberais, progressistas e conservadores. Da mesma forma, ao utilizá-la em eventos internacionais de alto nível, os líderes e diplomatas tentam transmitir uma identidade particular. Em termos acadêmicos, tudo o que foi dito acima está ligado ao conceito de soft power.
Embora a guayabera não seja uma peça de vestuário comumente usada no Brasil, não há dúvida de que faz parte do vestuário do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Acontece que, pelo menos desde a década de 1990 até a recente campanha eleitoral, o veterano político brasileiro utilizou de forma notória sua extensa coleção de guayaberas, inclusive no momento de exercer o sufrágio no segundo turno.
Em retrospectiva, as guayaberas de Lula projetam uma imagem de liderança consistente, confiável, cordial e diferenciada. Mas, além disso, o uso de um traje inconfundivelmente latino-americano transmite o compromisso pessoal, político-partidário e civilizatório do futuro governo de Lula com o conjunto de países do continente.
Ao contrário do que foi observado durante o governo de saída de Jair Bolsonaro, é bem provável que o futuro presidente brasileiro avance para uma revisão completa da política latino-americana do governo de Brasília. Isto parece ser mais do que necessário, em virtude da clara depreciação das relações do gigante sul-americano com a maioria de seus vizinhos, seja em termos bilaterais e multilaterais, ou em temas setoriais da agenda regional (especialmente em assuntos como democracia, direitos humanos, integração econômica, meio ambiente, cooperação internacional para o desenvolvimento, segurança internacional e questões estratégicas contemporâneas).
A retirada abrupta do Brasil da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em 2019 é um dos exemplos mais evidentes da política bolsonarista. A participação do governo de Brasília também foi escassa em outros fóruns político-diplomáticos, econômicos, ambientais e culturais, tais como a União das Nações Sul-Americanas, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o Mercado Comum do Sul, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica e a Comunidade Ibero-Americana.
Portanto, os principais cenários prospectivos disponíveis sugerem que, a partir de janeiro de 2023, Lula e seu governo trabalharão em favor de uma reinserção renovada do Brasil nas relações internacionais da América Latina. Não há dúvida de que tal recomposição das relações bilaterais, multilaterais ou setoriais do Brasil com seus vizinhos será positiva, construtiva e proativa.
Embora muito eficiente na defesa de seus interesses nacionais, há mais de quatro décadas o líder petista tem demonstrado uma profunda apreciação, conhecimento e interlocução com líderes políticos, sociais, econômicos e culturais de quase todos os países vizinhos. Esta é a parábola de “vestir a guayabera”, no sentido de formular e implementar uma política externa para a região latino-americana e caribenha muito mais pragmática, republicana e consistente, sem esquecer que este é um mandato constitucional para as autoridades brasileiras.
A julgar pelas primeiras reações dos líderes políticos dos países vizinhos à vitória de Lula, a interlocução com a maioria dos governos (incluindo os Estados Unidos e o Canadá) será fluida e coerente. Isto é ainda mais oportuno tendo em conta que a agenda hemisférica e global atual apresenta muitos assuntos que poderiam ser beneficiados pelo reposicionamento político-diplomático do Brasil. Estes vão desde aspectos climáticos e de segurança alimentar, passando pela difícil situação sociopolítica do Haiti, Venezuela, Cuba e Nicarágua, até os desdobramentos regionais devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Outros temas nos quais o papel do Brasil seria fundamental são aqueles relacionados com assuntos de segurança internacional, integração econômica (incluindo o acordo de associação entre o Mercosul e a União Europeia), as relações com atores extrarregionais (China, Índia, Turquia, África do Sul), fluxos migratórios e refugiados, assim como aspectos socioculturais e consulares.
Em suma, além do meramente estético, da identidade política ou da imagem que o futuro presidente brasileiro pretende continuar transmitindo através de sua coleção de guayaberas, parece inquestionável que Lula e seu governo procurarão avançar em direção a um reencontro com seus vizinhos latino-americanos. Neste sentido, “vestir a guayabera” não deixa de implicar um compromisso renovado orientado para construir um futuro comum e uma ordem internacional de povos livres.
*Tradução do espanhol por Giulia Gaspar.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Leia tudo sobre o tema e siga:
Você já conhece as vantagens de ser assinante da Folha? Além de ter acesso a reportagens e colunas, você conta com newsletters exclusivas (conheça aqui). Também pode baixar nosso aplicativo gratuito na Apple Store ou na Google Play para receber alertas das principais notícias do dia. A sua assinatura nos ajuda a fazer um jornalismo independente e de qualidade. Obrigado!
Mais de 180 reportagens e análises publicadas a cada dia. Um time com mais de 200 colunistas e blogueiros. Um jornalismo profissional que fiscaliza o poder público, veicula notícias proveitosas e inspiradoras, faz contraponto à intolerância das redes sociais e traça uma linha clara entre verdade e mentira. Quanto custa ajudar a produzir esse conteúdo?
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Carregando…
Carregando…
A multiplicidade de carreiras para o estudante de direito; escute no podcast
Imunocomprometidos são mais suscetíveis à infecção pela Covid-19
Cânhamo vira diferencial para marcas sustentáveis; veja o especial sobre Cannabis
Prevenção de crimes no mundo digital é tema de podcast
Conceito open traz profunda mudança para o setor financeiro
Produtos nutritivos e oportunidade de renda ao alcance de todos
Por que a Rede D’Or é referência internacional em qualidade técnica
Colgate-Palmolive busca certificação de resíduo zero em todas as operações
Saiba como dar destino correto para os eletrodomésticos sem uso
Educar para um novo olhar e instruir para um novo saber
Exame previne câncer colorretal e trata doença inicial sem cirurgia
Igreja Maranata mostra sinais que anunciam volta de Jesus
Fundo da TC Pandhora é lançado para o público geral
Cartão de crédito versátil revoluciona pagamentos corporativos
Vacinas são importantes em todas as fases da vida
Empresas devem saber acolher colaboradores com depressão
Havaianas celebra 60 anos como exemplo de inovação
Nova lavadora e secadora da LG alia tecnologia e sustentabilidade
Inteligência artificial e automação moldam o futuro das empresas
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Maiores partidos da Casa querem o comando da CCJ, enquanto deputado busca sua reeleição à presidência
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Argentina e Polônia aumentam grupo dos classificados ao mata-mata
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Finalista de 2018 avança e mantém Luka Modric vivo em sua despedida da Copa do Mundo

O jornal Folha de S.Paulo é publicado pela Empresa Folha da Manhã S.A.
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.
Cadastro realizado com sucesso!
Por favor, tente mais tarde!

source

Leave a reply