Assessor de Lula, Marcola deve cuidar de agenda no Planalto – Poder360
Auxiliar direto do petista há 7 anos nada tem a ver com o líder do PCC; deve assumir a chefia de gabinete do presidente eleito
Sem telefone celular, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recorre a assessores para atender às ligações que recebe ou para as que deseja fazer. Também depende deles para organizar sua agenda de trabalho e de viagens, receber documentos e estabelecer contatos com setores da sociedade.
Marcola é um dos mais requisitados. Assessor direto de Lula há quase 7 anos, Marco Aurélio Santana Ribeiro, 36 anos, conhece o político como poucos e tem sua total confiança. É, inclusive, o mais cotado para ser o chefe de gabinete do petista no Palácio do Planalto e ficar responsável pela organização da agenda do futuro presidente. O auxiliar é visto como o substituto natural do ex-chefe de gabinete de Lula e ex-ministro de Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho.
O apelido dado a Marco Aurélio é dos tempos em que ele fazia faculdade de ciências sociais, em São Carlos (SP), cidade a 232 km a noroeste da capital paulista. Durante a campanha eleitoral de 2022, circularam notícias inverídicas sobre uma suposta preferência pelo voto em Lula de um criminoso já condenado e que é conhecido pela mesma designação do assessor de Lula: Marcos Willians Herbas Camacho, o líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), também chamado de Marcola.
Desde que o petista retomou sua carreira política, depois de sair da cadeia e ficar elegível novamente, adversários tentam ligá-lo ao crime organizado. Vídeos em que Lula faz menção ao seu assessor foram distorcidos nas redes sociais.
Em julho, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, determinou a remoção de publicações que ligavam a facção criminosa ao PT. Decisão semelhante foi tomada em 2 de outubro, dia do 1º turno das eleições.
Em 9 de outubro, Lula pediu ao Tribunal que determinasse a remoção de publicação no Twitter do presidente Jair Bolsonaro (PL) que fazia associação entre o PCC e o seu partido. Bolsonaro chegou a usar o tema em debates, ao questionar por que Lula não havia transferido Marcola (o criminoso já condenado) para uma prisão de segurança máxima quando era presidente. O Marcola do crime organizado foi condenado a 342 anos de prisão e está na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia.
O Marcola de Lula é sociólogo e tem mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos. Nascido em Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo (a 173 km da capital paulista), iniciou sua trajetória profissional na prefeitura de São Carlos, nas gestões de Newton Lima (PT) e Oswaldo Barba (PT).
Pouco depois, se mudou para São Bernardo do Campo (SP), na região da Grande São Paulo, onde ainda mora e passou a trabalhar na escola de formação do Sindicato dos Metalúrgicos, em Diadema (SP), cidade vizinha.
Depois trabalhou nos gabinetes de 2 deputados estaduais: Edinho Silva (PT) e Simão Pedro (PT). O 2º o indicou para ser assessor direto de Lula, em 2016.
Marcola começou a auxiliar o então ex-presidente no Instituto Lula. Foi lá que conheceu sua mulher, Nicole. Ganhou o respeito e a confiança do petista ao organizar as caravanas “Lula pelo Brasil”. O presidente eleito gostou da capacidade operacional do assessor.
Marcola também torce para o Corinthians, mas não é fanático como Lula. Prefere os livros. Tem na leitura seus momentos de lazer.
Quando foi determinada a prisão do petista, em abril de 2018, ainda antes de saber se o seu chefe se entregaria para a Polícia Federal ou não, recebeu uma ordem: mudar-se para Curitiba (PR). Sem questionar, entendeu que o então ex-presidente seria preso.
Ele foi para a capital paranaense sem saber o que faria ou por quanto tempo permaneceria na cidade –onde começou a namorar a atual mulher. Ao chegar, ficou quase um mês sem contato com Lula. Apenas imaginava o que o chefe gostaria que ele estivesse fazendo.
Começou a ler e organizar as cartas que Lula recebia todos os dias. Também fazia um resumo do noticiário toda madrugada.
Quando teve acesso à Lula, levou para ele todos os dias pela manhã, bem cedo, as principais correspondências. Também resumia outras cartas e entregava o relatório das notícias. Saía com recados do petista para distribuir. Era um trabalho de domingo a domingo. Sua mulher ajudou a intermediar a relação de Lula com a mídia.
Marcola também ajudou a manter em segredo o início do relacionamento do petista com a socióloga Rosângela da Silva, conhecida como Janja. Hoje, ela e Lula estão casados.
A maratona de trabalho nos 580 dias em que o político ficou preso, de 7 de abril de 2018 a 8 de novembro de 2019, foi fundamental para fortalecer a confiança do agora presidente eleito com o assessor.
Na campanha deste ano, Marcola acompanhou o chefe nas viagens e ajudou a organizar encontros com aliados. Pela intimidade, é quem recebe as maiores broncas de Lula. Tem também um pacto com o petista, o de não falar com a imprensa. Prefere assim para não causar ruídos.
Apesar da ligação inverídica de Lula com o PCC, Marcola não quer que o chamem de outra forma. Diz que até sua mãe passou a usar o apelido. O agora presidente eleito também não gostava da alcunha, que achava depreciativa. Hoje, chama o ajudante de “Marcolinha”.
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